1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Dilma diz que errou ao escolher Temer como vice

18 de agosto de 2016

Em entrevista à imprensa estrangeira, presidente afastada acusa vice de traição e reitera proposta de antecipar eleições e realizar reforma política caso seja inocentada no processo de impeachment.

Presidente afastada Dilma Rousseff
Foto: picture-alliance/dpa/C. Gomes

A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (18/08) que errou ao escolher Michel Temer como vice-presidente e reiterou que o país precisa de novas eleições e de uma reforma política para superar o desgaste do processo de impeachment.

Em entrevista à imprensa estrangeira, Dilma disse que esperava mais lealdade de Temer e do PMBD. Ela acusou o vice de querer ser presidente e de traição. "Foi um erro escolher como vice-presidente quem tem uma atitude de conspiração e usurpação", afirmou.

Dilma comentou ainda a carta que divulgou aos brasileiros nesta terça-feira e voltou a defender eleições antecipadas.

"Não é possível tapar o sol com a peneira e não perceber o desgaste constitucional provocado por um julgamento sem crime", afirmou sobre o processo de impeachment. Dilma argumentou que a solução para essa crise seria antecipar as eleições e, ao mesmo tempo, respeitar o mandato que recebeu das urnas.

A presidente voltou a afirmar sua inocência diante das acusações de crime de responsabilidade fiscal e insistiu que se trata de um golpe. "Só espero justiça, e não posso esperar outra coisa, seria uma aberração condenar uma pessoa inocente."

Dilma defendeu ainda uma reforma política que vise, entre outros pontos, reduzir o número de partidos. "Não importa a competência que tenha ou não um governante, pois é impossível negociar com 30 partidos para que uma lei seja aprovada no Congresso", ressaltou a presidente afastada, que indiretamente atribuiu parte da perda de sua base política a essa proliferação partidária.

A presidente acusou ainda setores centro-progressistas de apoiar a direita para promover o impeachment e, dessa maneira, impor um programa de governo que "jamais seria aprovado nas urnas" e que teria entre seus objetivos desmantelar os progressos sociais realizados durante sua gestão.

Erro na economia

Na entrevista, Dilma reconheceu que foi um erro a redução de impostos que beneficiaram setores empresariais. Em sua opinião, a medida não resultou em ganhos para o conjunto da economia, como na ampliação de investimentos ou da demanda, e acabou piorando a crise econômica. Apesar dos erros, a presidente ressaltou que seu governo teve grandes certos, principalmente, em setores sociais.

A presidente negou ainda que não tenha apoio do PT e afirmou esperar que os senadores sejam justos no julgamento do impeachment. "Sempre que olho para o futuro, em quaisquer das hipóteses, me preocupo para que nós não vivamos neste país um baita retrocesso", acrescentou.

Dilma revelou também que recebeu uma carta do papa Francisco, mas não quis dar detalhes sobre seu conteúdo.

CN/lusa/efe

Pular a seção Mais sobre este assunto