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Dilma diz que Obama prometeu explicar espionagem até quarta-feira

6 de setembro de 2013

Ao deixar a Rússia, presidente afirma que americano assumiu responsabilidade direta por investigar as denúncias relacionadas à NSA e que viagem a Washington dependerá das "condições políticas" criadas pela Casa Branca.

Foto: REUTERS/Jonas Ekstromer/Scanpix Sweden

A presidente Dilma Rousseff deixou nesta sexta-feira (06/09) a Rússia, onde estava para a cúpula do G20, com a promessa por parte do presidente americano, Barack Obama, de que até a próxima quarta-feira receberá um esclarecimento sobre as últimas denúncias de espionagem.

Em declarações reproduzidas no Twitter do Planalto, Dilma disse que Obama assumiu responsabilidade direta pela investigação das denúncias e que firmou um compromisso com o governo brasileiro. A presidente indicou também que a viagem a Washington, marcada para outubro, ainda está sendo avaliada.

"Obama se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira o que ocorreu. Ele assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem", afirmou Dilma. "E a minha viagem a Washington depende das condições políticas a serem criadas pelo presidente Obama."

A presidente brasileira afirmou ainda que irá à ONU "propor uma nova governança contra invasão de privacidade", porém não entrou em detalhes.

O mal-estar entre Brasil e EUA foi gerado no domingo passado, com a revelação, com base nos documentos vazados por Edward Snowden, de que a NSA teria monitorado até as mensagens de celular e o email de Dilma. O Planalto pediu, então, explicações dos americanos até o final desta semana.

Na quinta-feira, a equipe que embarcaria aos EUA para preparar a ida de Dilma a Washington teve a viagem cancelada.

Dilma ao lado dos líderes dos BricsFoto: Reuters

Em conversas bilaterais à margem da cúpula do G20, realizadas com Dilma e o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, Obama prometeu "continuar a cooperar" com os dois governos, segundo informou nesta sexta-feira Ben Rhodes, vice-assessor de segurança para comunicações estratégicas da Casa Branca.

Novas denúncias

As declarações chegam depois de terem sido revelados novos detalhes do sistema de espionagem de EUA e Reino Unido, dando conta de que agentes teriam sistematicamente corrompido padrões de segurança na internet, para acessar dados privados dos usuários fora e dentro dos Estados Unidos.

Serviços de informação americanos e britânicos podem ter corrompido padrões correntes de segurança na internet, sistemas criados para dar maior segurança à comunicação em rede, como em emails e chats e também a operações bancárias na internet.

A NSA (Agência de Segurança Nacional americana) e sua equivalente britânica, a GCHQ, conseguiram, com ajuda de supercomputadores, entre outros métodos, quebrar diversos tipos de tecnologias para codificar informações confidenciais veiculadas na rede internacional de computadores e, além disso, teriam corrompido esses códigos, tornando-os mais vulneráveis, para facilitar posterior espionagem a alvos nos EUA e no exterior.

As novas revelações foram publicadas na quinta-feira pelos sites dos jornais New York Times, Guardian e pelo portal dedicado ao jornalismo investigativo ProPublica. Elas foram extraídas dos documentos vazados pelo ex-colaborador da NSA Edward Snowden, que atualmente está asilado na Rússia.

A teoria que a NSA manipulou para seu benefício uma norma relacionada com a encriptação adotada pela Organização Internacional para Padronização (ISO) já circulava entre os especialistas em criptografia há tempos, algo que parece ser confirmado agora pelo The New York Times.

A ISO estabelece os parâmetros comuns para os intercâmbios entre 163 países, entre eles, Estados Unidos e quase toda a América Latina.

Espiões dos EUA teriam inserido vias de acesso ocultas em hardware vendido ao exteriorFoto: Fotolia/kubais

Cooperação com NSA

Em seu site, o jornal nova-iorquino indicou que a NSA investe mais de 250 milhões de dólares por ano em um programa chamado Sigint Enabling Project, destinado a influenciar no design de produtos comerciais para torná-los "exploráveis".

Em parte, as agências de inteligência teriam também contado com ajuda ativa de grandes empresas de tecnologia e internet para chegar aos dados encriptados.

O New York Times cita um caso em que um fabricante de hardware teria, a pedido do serviço de inteligência, instalado pontos fracos em computadores, abrindo uma via de acesso oculta para que os espiões americanos pudessem entrar sem ser detectados nos novos equipamentos que venderia a um governo de outro país. A indústria da internet sempre alegou que só coopera com os serviços de espionagem mediante ordem judicial.

Neste ano, a NSA teria planejado ter acesso total a um grande serviço de comunicações de internet cujo nome não foi divulgado, assim como a um serviço de internet no Oriente Médio e à comunicação de três governos estrangeiros, acusou o New York Times, acrescentando que já em 2006, a NSA invadiu os sistemas de comunicação de três companhias aéreas estrangeiras, um sistema de reservas de viagens, assim como a rede de uma autoridade nuclear de um país.

MD/afp/efe/dpa

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