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Dilma e Marina polarizam segundo debate entre presidenciáveis

Marina Estarque, de São Paulo2 de setembro de 2014

Líderes nas pesquisas, candidatas trocam farpas em quase todos os temas discutidos. Presidente questiona viabilidade das promessas da ex-senadora, que retruca dizendo que atual governo não reconhece próprios erros.

Foto: Reuters

As duas candidatas que lideram as pesquisas de intenção de voto, a presidente Dilma Rousseff (PT) e a ex-senadora Marina Silva (PSB), se enfrentaram e trocaram farpas no debate desta segunda-feira (01/09), o segundo na TV da campanha eleitoral.

Logo na primeira pergunta, Dilma se dirigiu a Marina, questionando como ela iria garantir recursos para cumprir suas promessas eleitorais.

"Você diz que vai antecipar 10% do PIB para a educação, 10% da receita bruta da União para a saúde, vai dar passe livre para estudantes de escola pública. No total, são despesas de R$ 140 bilhões", disse a atual presidente.

A candidata pelo PSB respondeu que não se tratavam de promessas, mas de "compromissos" e defendeu uma maior eficiência no gasto público e na cobrança dos tributos.

"Quando é para subsidiar os juros dos bancos, não pensam de onde sairá o dinheiro. Mas quando se trata de saúde, educação e passe livre, aí vêm essas perguntas. O que nós vamos fazer são escolhas corretas", argumentou Marina.

Dilma criticou a concorrente, dizendo que ela havia sido vaga na réplica: "A senhora falou, falou, mas não respondeu de onde vai tirar o dinheiro."

Pré-sal

Um dos principais pontos de confronto entre Dilma e Marina durante o debate foi o pré-sal. A presidente acusou a ex-senadora de "abandonar" os recursos do petróleo.

"A senhora pretende reduzir a importância do pré-sal. Por que esse desprezo por uma riqueza tão importante para a saúde e a educação do povo brasileiro?", afirmou Dilma.

Marina disse que o seu governo não deixaria de explorar o combustível fóssil, mas o combinaria com outras fontes de energia. "O dinheiro do pré-sal já está assegurado e nós vamos fazer bom uso dele. A forma cartesiana de governo só consegue olhar para uma alternativa, nós vamos pensar em vários meios."

A ex-senadora declarou ainda que há uma corrida mundial pelas energias renováveis – setor que, segundo ela, teria sido negligenciado pela administração de Dilma.

"O maior perigo para o pré-sal é o que foi feito no seu governo com a Petrobras, que perdeu o seu valor e foi usada politicamente para dar conta do crescimento e reduzir os índices de inflação", completou Marina.

Dilma respondeu que o petróleo não deve ser "demonizado" e que o pré-sal é o "passaporte para o futuro".

Economia

As duas candidatas também debateram intensamente os problemas na economia. Nesse tema, Marina tomou a dianteira no ataque.

"Quando foi eleita em 2010, havia um compromisso seu de que o Brasil iria continuar crescendo, de que os juros ficariam baixos e de que a inflação ficaria controlada. O que deu errado no seu governo?", perguntou a ex-senadora.

Para Dilma, o governo "deu certo". Ela argumentou que havia retirado 36 milhões de pessoas da pobreza e elevado 40 milhões de brasileiros à classe média.

A atual presidente retrucou que as propostas de Marina para a economia são incompatíveis com o desenvolvimento social:

"Há uma contradição de uma política macroeconômica que arrocha salários, aumenta tarifas, gerando desemprego e austeridade, e manter os programas sociais. O cobertor é curto."

Apoio político

Dilma também destacou uma das fragilidades apontadas por especialistas em um futuro governo de Marina: a falta de uma base aliada.

"Sem apoio político, sem discussão e sem negociação, a senhora não consegue aprovar os grandes programas do Brasil. Sem apoio do Congresso Nacional, é impossível governar", disse.

Em diversos momentos, Marina acusou Dilma de não saber "reconhecer os seus erros", o que geraria uma "desconfiança" em relação ao governo.

Marina defendeu uma vez mais a autonomia do Banco Central, como uma alternativa à conduta econômica de Dilma.

A petista afirmou que Marina não explicava suas propostas: "Frases de efeito e genéricas. O maior risco que uma pessoa pode ter é não se comprometer com nada. Quando você é presidente, precisa explicar como vai ser feito."

Considerações finais

Em suas considerações finais, ambas as candidatas rebateram as criticas de suas concorrentes, ainda que de forma mais indireta.

"Não sou otimista nem pessimista: sou persistente. Quero ser presidente do Brasil, para que você volte a acreditar na política", disse Marina, se referindo ao bordão de Dilma sobre os "pessimistas" que criticam a política econômica do governo.

Já Dilma admitiu que é preciso "fazer mais". "Quando eu defendo com ênfase as realizações do meu governo, pode parecer que eu estou satisfeita, mas não estou. Preparamos o Brasil para um novo ciclo de crescimento", afirmou.

O debate desta segunda-feira foi organizado pelo canal SBT, o jornal Folha de S. Paulo, o portal UOL e a Rádio Jovem Pan.

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