A presidente Dilma Rousseff elogiou neste sábado (11/04) o início do processo de reaproximação entre Cuba e Estados Unidos. Em seu discurso na sessão plenária da 7ª Cúpula das Américas, no Panamá, Dilma pediu o fim do embargo ao país latino-americano e defendeu o diálogo para acabar com o impasse entre EUA e Venezuela.
"Celebramos aqui a iniciativa corajosa dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama de restabelecer relações entre Cuba e Estados Unidos, de pôr fim a esse último vestígio da Guerra Fria na região", destacou Dilma. Ela lembrou que o próximo passo é o fim do embargo que "vitima o povo cubano e enfraquece o sistema interamericano".
No Panamá, durante a abertura do evento nesta sexta-feira, num gesto histórico, Castro e Obama se cumprimentaram. Foi o primeiro encontro dos dois desde que anunciaram, em dezembro, a reaproximação entre os países.
Avanços e desafios
Dilma aproveitou seu discurso para falar também sobre a situação da Venezuela, que vem enfrentando sanções dos americanos. Ela afirmou que a aproximação entre Cuba e EUA é a "prova de como se pode avançar" quando os antagonismos são deixados de lado.
"Esse bom momento das relações hemisféricas já não admite medidas unilaterais de isolamento", ressaltou Dilma, acrescentando que, por isso, "rejeitamos as sanções contra a Venezuela".
Durante o discurso, Dilma destacou também os avanços políticos e econômicos dos países latino-americanos desde 1994, quando foi realizada a primeira Cúpula das Américas. "Em 1994, enfrentávamos problemas crônicos como a fome, a miséria, o desemprego, causados em grande medida por visões e políticas que agravavam a exclusão social", disse.
"Hoje estamos reunidos em um contexto diferente com a consolidação da democracia e novos paradigmas políticos", disse a presidente, acrescentando que, mesmo com os avanços, ainda há muito a fazer para acabar com a pobreza e desigualdades em todo continente.
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Líderes do continente americano discutem, nos dias 10 e 11 de abril, na Cidade do Panamá, temas como economia e desigualdade social nos países. Em edição histórica, Cuba marca presença pela primeira vez.
Foto: DW/S. CzimmekA Cidade do Panamá sedia a 7ª Cúpula das Américas nos dias 10 e 11 de abril. A capital do Panamá tem cerca de 1,5 milhão de habitantes, com arranha-céus e hotéis que dominam a paisagem. Era desta cidade que saíam as riquezas incas para a Europa nos séculos 15 e 16. Hoje, o país é considerado modelo econômico na América Latina, principalmente devido às receitas do Canal do Panamá.
Foto: DW/M. SoricOs encontros ocorrem no Centro de Convenções Atlapa, localizado no centro da cidade. Trinta e cinco chefes de governo e de Estado foram convidados. A Cúpula das Américas ocorre a cada três anos e é preparada pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Foto: DW/M. SoricPela primeira vez, Cuba irá participar da cúpula, algo que até então os Estados Unidos e o Canadá costumavam barrar. Nesta quinta-feira (10/04), o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, tiveram um encontro na primeira reunião de alto nível entre os dois países desde 1958.
Foto: picture-alliance/dpa/US Department of State/G. JohnsonA Embaixada de Cuba na Cidade do Panamá é rigorosamente vigiada, inclusive o trânsito foi desviado. Os delegados de Havana ficaram incomodados que tantos dissidentes tenham viajado até o Panamá. Foram registrados confrontos entre apoiadores e opositores do governo cubano.
Foto: DW/M. SoricNão apenas políticos estão presentes no encontro. Representantes da sociedade civil também foram convidados. Lilian Tintori estará presente para reforçar a luta do marido, Leopoldo López, conhecido opositor do governo na Venezuela, preso por razões políticas há 14 meses, em Caracas.
Foto: DW/M. SoricA desigualdade social é o principal tema do encontro. Chefes de Estado e de governo discutirão o que precisa ser feito para melhorar as condições de vida dos habitantes das Américas. Questão importante no Panamá: os 10% mais ricos da população detêm 40% da renda nacional; os 10% mais pobres ficam com apenas 1,1%. O Banco Mundial queixa-se há anos da desigualdade no Panamá.
Foto: DW/S. CzimmekConforme o Unicef, o trabalho infantil é um grave problema a ser combatido no Panamá. A entidade calcula que 50 mil crianças são exploradas nas fazendas de cana-de-açúcar, café e banana do país. Muitos menores ainda trabalham em fábricas e também na indústria da pesca.
Foto: DW/S. CzimmekMetade das crianças abaixo dos cinco anos vive na pobreza no Panamá. Muitas delas são oriundas de tribos indígenas. Durante a Cúpula das Américas, o trabalho infantil também será abordado. Para os observadores, porém, pouco tende a mudar.
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