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Dilma encerra defesa com apelo a senadores

30 de agosto de 2016

Interrogada no Senado, presidente afastada fala em "morte da democracia", volta a denunciar "golpe" e apela à consciência dos parlamentares, mas placar do impeachment se mantém desfavorável. Sessão durou 14 horas.

Foto: Getty Images/AFP/E. Sa

Em sessão histórica, Dilma faz apelo aos senadores

01:23

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Após uma sessão que durou mais de 14 horas, a presidente afastada Dilma Rousseff encerrou na madrugada desta terça-feira (30/08) sua defesa no Senado, com apelo à consciência dos parlamentares que decidirão sobre sua destituição definitiva do cargo.

Mas, segundo analistas políticos e estimativas dos jornais brasileiros, a intervenção de Dilma não servirá para mudar a situação de ampla desvantagem, apesar do tom emotivo e do forte teor político do discurso e de suas respostas.

Durante o interrogatório que se seguiu a um discurso de 40 minutos, a presidente afastada denunciou que o país está "perto de um golpe de Estado" e manifestou temor pela "morte da democracia" e que não haja continuidade das melhorias sociais que se alcançaram durante os governos do PT.

Em sessão histórica, Dilma faz apelo aos senadores

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Ela também disse que "ainda que minimamente" provou que não havia intenção de sua parte de assinar os decretos que alteraram o Orçamento e que não há razão para acusá-la de ter cometido um "crime de responsabilidade", que a Constituição estabelece como uma razão para o impeachment de um chefe de Estado.

Em seu argumento final, ela pediu aos senadores que tenham "consciência" na hora de votar e advertiu que é "muito grave afastar um presidente da República sem crime de responsabilidade", o que será uma "ferida muito difícil de ser curada".

"Por isso eu peço aos senhores senadores e às senhoras senadoras que tenham consciência na hora de avaliar este processo", disse ao final, já com a voz um pouco rouca e falhando. "É muito grave afastar uma presidente da República sem crime de responsabilidade, mesmo que o impeachment esteja previsto na nossa Constituição."

Enquanto Dilma era sabatinada pelos senadores, houve atos contra o impeachment em várias cidades. Em São Paulo, manifestantes favoráveis à petista entraram em confronto com a polícia, que usou bombas de efeito moral para dispersar a manifestação. No Rio, o protesto foi no centro da cidade, porém sem episódios de violência.

O depoimento de Dilma encerrou a fase de instrução do processo de impeachment. Agora, o julgamento passa à etapa final – com declarações dos senadores; e a votação, marcada para esta terça-feira.

A última votação no plenário do Senado, em 10 de agosto, terminou com 59 votos favoráveis ao impedimento de Dilma e 21 contrários, levando a presidente a julgamento. São necessários 54 votos entre os 81 senadores para que a petista seja afastada definitivamente, e as estimativas da imprensa local são de que a oposição tem apoio mais do que suficiente.

Dilma discursa para o Senado: fala durou 40 minutos, numa sessão de mais de 14 horasFoto: Getty Images/AFP/E. Sa

"Estamos a um passo do golpe"

As respostas de Dilma aos senadores tiveram o mesmo tom do discurso, que antecedeu a sabatina e durou cerca de 40 minutos. Nele, a presidente afastada denunciou o governo do interino Michel Temer como "usurpador", atacou adversários como o deputado Eduardo Cunha e fez uma espécie de compilação de argumentos da narrativa do “golpe”, que já vinham sendo usados em plateias de apoiadores nos últimos meses.

Para especialistas, apesar da presença dos senadores, a fala de Dilma foi voltada mais uma vez para a militância e não deve ter algum efeito prático na votação do processo de impeachment, cujo placar já sinaliza uma derrota da petista.

Dilma usou a palavra golpe em cinco oportunidades para descrever o processo de impeachment contra ela e ainda fez paralelos entre a sua situação política e a de ex-presidentes brasileiros que foram derrubados ou sofreram com conspirações, como Getúlio Vargas, João Goulart e Juscelino Kubitschek.

“Estamos a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional, a um passo da consumação de um golpe de Estado”, disse Dilma.

RPR/ots/efe/rtr

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