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Dilma rebate críticas e repreende política econômica de países ricos na ONU

25 de setembro de 2012

Além da economia, a violência na Síria foi o principal tema dos discursos da presidente brasileira, Dilma Rousseff, e de seu colega norte-americano, Barack Obama, na abertura da 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

Foto: Reuters

O protecionismo e a violência na Síria foram os principais temas tratados pela presidente brasileira, Dilma Rousseff, em discurso que abriu os debates anuais da Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (25/09), em Nova York.

Dilma criticou duramente as políticas econômicas dos países ricos, dizendo que elas não estariam conseguindo superar a crise global e estariam prejudicando mercados emergentes, como o Brasil.

A presidente também rebateu críticas de que as medidas tomadas por países emergentes e em desenvolvimento para proteger sua economias seriam protecionismo. "Não podemos aceitar que iniciativas legítimas de defesa comercial por parte dos países em desenvolvimento sejam injustamente classificadas como protecionismo." A declaração foi uma resposta às acusações do governo norte-americano de que o Brasil adotou medidas protecionistas para garantir mercado para seus produtos.

O Brasil e os Estados Unidos discutiram publicamente, na semana passada, devido à decisão brasileira de elevar as tarifas de importação de cerca de cem produtos. Dilma apontou que todas as medidas adotadas pelo Brasil estão respaldadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e condenou a desvalorização artificial da moeda norte-americana que estaria afetando países em desenvolvimento, principalmente o Brasil.

Dilma Rousseff disse que milhões de descendentes de sírios vivem no BrasilFoto: Reuters

Críticas a países ricos

"O protecionismo deve ser combatido, pois confere maior competitividade de maneira espúria", disse Dilma, acrescendo que as medidas tomadas pelo governo brasileiro "foram injustamente classificadas como protecionismo."

Em seu discurso de abertura, Dilma disse ser fundamental que órgãos internacionais como o G20 (grupo que reúne as maiores economias do planeta), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) passem a atuar no controle da guerra cambial e no estímulo ao crescimento econômico.

Numa crítica aos países europeus e aos Estados Unidos, Dilma falou que "as principais lideranças" ainda não teriam encontrado o caminho para articular alternativas com vista a uma economia associada à inclusão social. Segundo Dilma, tal falta de alternativas "afeta as camadas mais vulneráveis da população", causando fome, desemprego e desilusão.Segundo a presidente, "a história revela que a austeridade, quando exagerada e isolada, derrota a si mesma."

Ban Ki-moon apelou ao Conselho de Segurança e países árabes para pôr um fim à violência na SíriaFoto: Getty Images

Fim da violência na Síria

A violência também foi outro importante tema tratado pela presidente em seu discurso. Dilma defendeu a busca por uma solução pacífica para o fim da crise na Síria e condenou as propostas de intervenção militar no país. No entanto, ela ressaltou que a responsabilidade pelos 18 meses do conflito, que já causou mais de 25 mil mortes, recairia principalmente sobre o presidente sírio, Bashar al-Assad, mas também sobre a oposição armada.

Dilma disse que milhões de descendentes de imigrantes sírios vivem no Brasil, fato que a levou a falar seriamente em prol do fim do conflito por esforços diplomáticos. "Não há solução militar para a crise. A diplomacia e o diálogo são a alternativa."

Antes de Dilma, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou com palavras drásticas para um fim da violência na Síria. O conflito estaria se desenvolvendo para uma "catástrofe regional com consequências globais", disse Ban na abertura da sessão.

Ban instou principalmente os países-membros do Conselho de Segurança e os países árabes a apoiarem, de forma "sólida e concreta", os esforços do enviado internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi. "Temos que parar com a violência e com o fornecimento de armas para ambos os lados e iniciar o mais rápido possível uma transição sob liderança síria", disse Ban.

Discurso de Obama foi importante para campanha eleitoralFoto: Reuters

Discurso pré-eleitoral

Depois de Dilma Rousseff, foi a vez do presidente norte-americano, Barack Obama, dar prosseguimento à cerimônia. Face à brutal guerra civil na Síria, Obama defendeu na Assembleia Geral da ONU uma atitude dura frente às lideranças sírias. O presidente Assad deve sentir isso através de "sanções e consequências", disse Obama. "O futuro não deve pertencer a um ditador que mata o seu próprio povo."

O presidente norte-americano aproveitou seu discurso na ONU para advertir o Irã na briga em torno de seu programa nuclear. Segundo Obama, os EUA farão "tudo o que for preciso" para impedir que o Irã desenvolva uma bomba atômica.

Em seu discurso, Obama também condenou o ataque ao consulado dos EUA em Benghazi, que provocou a morte do embaixador norte-americano, Chris Stevens, e de três de seus funcionários. "O ataque aos nossos civis em Benghazi foi um ataque aos Estados Unidos", disse Obama, acrescendo que os EUA iriam caçar os responsáveis "incessantemente" e fazer justiça.

O ataque foi o início de uma onda de manifestações em todo o mundo muçulmano contra o vídeo divulgado no YouTube Innocence of Muslims, que ridiculariza o profeta Maomé. Obama chamou o vídeo de "tosco e nojento". "Nós entendemos por que as pessoas se sentiram ofendidas com esse vídeo, porque milhões de nossos cidadãos estão entre eles", disse ele. Entretanto, Obama disse que nenhum vídeo justifica a violência impensada.

Seis semanas antes das eleições presidenciais nos EUA, o discurso de Obama na ONU foi também de grande importância em termos de política interna. Seu rival republicano, Mitt Romney, havia lhe acusado de fraqueza em lidar com os protestos no mundo muçulmano. Além disso, ele alega que Obama teria abandonado o estreito parceiro Israel com uma atitude negligente em torno da disputa nuclear com o Irã.

CA/afp/dpa/rtr/abr
Revisão: Francis França

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