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Greves na Alemanha e França

15 de novembro de 2007

Ferroviários da Alemanha e da França entram em greve. Enquanto alemães exigem aumento salarial e contrato exclusivo, franceses vão às ruas contra reformas nos regimes de aposentadoria. Para ambos, cai o apoio popular.

Greve de metroviários e ferroviários franceses e alemães prejudicam passageirosFoto: AP

A greve dos transportes ferroviários alemães estendeu-se, nesta quinta-feira (15/11), também para o setor de passageiros. A paralisação iniciada no setor de cargas no dia anterior, é a maior na história da companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn e afetará o transporte de cargas e de milhões de passageiros até a madrugada do próximo sábado.

Também na França, ferroviários e metroviários paralisaram suas atividades desde a quarta-feira. Segundo a Confederação Geral do Trabalho (CGT) francesa, uma "grande maioria" dos afiliados se pronunciou a favor da prorrogação da greve para sexta-feira. Nesta manhã, a paralisação provocou centenas de quilômetros de engarrafamentos na região metropolitana de Paris.

Os maquinistas alemães recusaram a nova proposta da Deutsche Bahn e insistem em aumento salarial de 31% e na exigência de acordo exclusivo para a categoria. Ferroviários franceses, por sua vez, vão às ruas contra as reformas nos regimes de pensão, que prevêem o fim da aposentadoria antecipada.

Diferentemente das reações às greves dos ferroviários alemães e franceses das últimas semanas, pesquisas de opinião pública na Alemanha e na França assinalam uma queda do apoio popular às reivindicações dos grevistas.

Greve por tempo ilimitado

Estação Central de Berlim paralisadaFoto: AP

Cerca de cinco milhões passageiros alemães utilizam diariamente os trens da malha regional e de longa distância. Sobre os 34 mil quilômetros de extensão da malha ferroviária, circulam também 4.800 trens da subsidiária de cargas Railion (antes DB Cargo).

A paralisação no setor afeta, sobretudo, as indústrias siderúrgica e automobilística, usinas termelétricas e portos marítimos.

Depois de ter cancelado seu turno da manhã de quinta-feira por falta de fornecimento de peças provenientes da Alemanha e da República Tcheca, a fábrica de automóveis da Audi, em Bruxelas, comunicou através de sua porta-voz, o fechamento das instalações por toda quinta e sexta-feira.

Leste e Oeste

Nesta manhã, metade dos trens de passageiros da malha regional no Oeste alemão e 85% no Leste do país foram paralisados com a greve dos cerca de 3 mil maquinistas afiliados ao Sindicato dos Maquinistas Alemães (GDL).

A Deutsche Bahn comunicou, no entanto, o funcionamento de dois terços dos trens de longa distância. A paralisação no setor de cargas chega a 40%, informou a companhia ferroviária.

O GDL recusou a nova oferta da DB de aumento salarial de 10% e pagamento extra de 2 mil euros. Caso a Deutsche Bahn não faça uma nova oferta até a próxima segunda-feira, o GDL cogita a convocação de greve por tempo ilimitado, informou o presidente do sindicato, Manfred Schell.

Regimes especiais de aposentadoria

Parisienses esperam pelos poucos trens que circularamFoto: AP

Na França, os funcionários da Sociedade Nacional de Estradas de Ferro Francesas (SNCF) e da Administração Autônoma de Transportes Parisienses (RATP) protestam contra as reformas dos assim chamados regimes especiais de aposentadoria, que prevêem o aumento gradativo do tempo de contribuição de 37,5 para 41 anos, até 2012, para a obtenção da aposentadoria plena.

Além dos ferroviários e metroviários, os salários de parlamentares, marinheiros, mineradores, funcionários das companhias Eletricidade da França (EDF) e Gaz de France, entre outros, se beneficiam dos regimes especiais de aposentadoria, que englobam cerca de 1,1 milhão de pessoas aposentadas e 500 mil pessoas da ativa. Elas representam 6,4% da massa de pensões francesas.

Segundo o Ministério do Interior francês, a greve atual levou somente 50 mil manifestantes às ruas. Um número bem menor do que os 150 mil que protestaram durante a greve de 18 de outubro. A SCNF e a RATP informaram que estenderão a paralisação até a sexta-feira, de forma que governo e sindicatos tentam renovar o diálogo com vistas a negociações empresa por empresa.

Mudança de opinião

A maioria dos alemães e franceses, que antes apoiavam as respectivas reivindicações de ferroviários e metroviários, mudou de opinião. Na Alemanha 55% desaprovam a paralisação dos maquinistas, segundo pesquisa do instituto Forsa.

Na semana passada, a aprovação ainda era de 55%. Hoje, este número caiu para 43% e 66% dos entrevistados estão de acordo que o GDL deve aceitar a nova proposta da Deutsche Bahn.

Na França, a situação não é diferente. Segundo sondagem encomendada pelo jornal Libération, 59% dos franceses são a favor das reformas dos regimes especiais de aposentadoria. Em contrapartida, apenas 35% dos entrevistados apóiam as atuais greves. (ca)

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