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Diminui esperança de localizar mais sobreviventes em Bangladesh

29 de abril de 2013

Autoridades dizem não crer que ainda haja alguém vivo sob as ruínas do prédio, que abrigava cinco fábricas têxteis. Oito homens foram presos por envolvimento na tragédia. Número de mortos vai a 385.

Foto: Reuters

Cinco dias após a queda de um edifício de oito andares em Bangladesh, matando ao menos 385 pessoas, segundo o último balanço oficial das autoridades, diminuíram nesta segunda-feira (29/04) as esperanças de se encontrar mais sobreviventes. "A não ser que aconteça um milagre, não acho que haja mais alguém vivo sob os escombros", comentou Abdus Salam, do corpo de bombeiros da localidade de Savar, situada nos arredores da capital do país, Daca.

No domingo, uma mulher havia sido encontrada viva, mas o início de um incêndio, provocado pela faísca de uma máquina de corte da equipe de resgate, impediu seu salvamento. Quando o fogo foi controlado, a mulher estava morta. Bombeiros creem que o fogo e a fumaça que se espalhou pelos escombros possam ter matado possíveis sobreviventes.

Equipes de resgate descobriram nesta segunda-feira (29/04) mais corpos no prédio em ruínas. Nele eram produzidas roupas para marcas ocidentais.

Os entulhos começaram a ser removidos com máquinas pesadas, como guindastes, embora de forma cuidadosa, para não colocar em perigo possíveis sobreviventes ainda soterrados.

Segundo as autoridades, ainda há cerca de 600 pessoas desaparecidas. Em torno de 2.500 pessoas ficaram feridas no desabamento, ocorrido na quarta-feira passada no subúrbio comercial de Savar, a cerca de 30 quilômetros de Daca. "Estamos dando a maior prioridade para o salvamento de pessoas, mas há pouca esperança de se encontrar alguém vivo", admitiu o porta-voz do Exército, Shahinul Islam.

Trabalhos de resgate continuam nas ruínas de edifícioFoto: MUNIR UZ ZAMAN/AFP/Getty Images

Oito presos

O proprietário do edifício, Mohammed Sohel Rana, foi preso no domingo, quando aparentemente tentativa fugir para a vizinha Índia. Ele é suspeito de ter usado material de qualidade inferior na construção do prédio. Além disso, segundo as autoridades, teria acrescentado ilegalmente três andares aos cinco previstos originalmente.

Nesta segunda-feira, ele compareceu diante da Justiça pela primeira vez depois da prisão. Chegou ao tribunal em Daca algemado e foi recebido pela população aos gritos de "Prendam-no!" e apelos à pena de morte. Rana ficará sob prisão preventiva durante 15 dias para ser interrogado. Ele poderá ser processado por homicídio e construção defeituosa.

O pai do proprietário, Abdul Khalek, também foi detido em Daca nesta segunda-feira, segundo o governo. Seu nome constaria em documentos como dono legal do imóvel.

Oito pessoas já foram presas devido ao desastre. Entre eles, quatro membros da diretoria das fábricas e dois engenheiros. A polícia está procurando um quinto diretor de fábrica, David Mayor, que afirmam ser um cidadão espanhol.

O desabamento foi o terceiro incidente industrial grave nos últimos cinco meses em Bangladesh, segundo maior exportador de vestuário do mundo, atrás da China. Em novembro, um incêndio em uma fábrica têxtil num subúrbio de Daca matou 112 pessoas. A queda do edifício Rada Plaza, no entanto, teria sido o pior acidente da história do país.

Clima de revolta

Tais incidentes têm levantado questionamentos sobre as condições de trabalho, de segurança e os baixos salários no país sul-asiático, onde 80% das exportações são de peças de vestuário. Essa indústria emprega cerca de 3,6 milhões de pessoas – em sua maioria mulheres.

Desabamento provocou revolta na população e causou confrontos nas ruas de SavarFoto: STRDEL/AFP/Getty Images

A revolta em torno do desastre provocou dias de protestos e confrontos. Tropas paramilitares foram enviadas ao centro industrial de Gazipur, quando trabalhadores de fábricas têxteis foram às ruas novamente nesta segunda-feira, destruindo carros e incendiando uma ambulância.

A agitação obrigou as autoridades a fechar muitas fábricas, que tinham sido reabertas nesta segunda-feira, após dois dias fechadas. A polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. A oposição chamou para uma greve geral nesta quinta-feira, em protesto pelo acidente.

MD/rtr/dpa/afp

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