O governo dinamarquês anunciou que planeja estabelecer uma proibição nacional ao uso da burca e do niqab, duas vestimentas que cobrem o rosto e que são usadas por algumas mulheres muçulmanas.
A proibição é apoiada pela coalizão governista de partidos de centro-direita e também pela oposição social-democrata. A questão deve ser submetida a um voto no Parlamento, embora uma data ainda não tenha sido definida.
Um porta-voz do Partido Liberal-Democrata, sigla que lidera o governo, afirmou que a proibição não tem motivações religiosas. Já o Ministro das Relações Exteriores do país, Jacob Ellemann-Jensen, classificou a medida como uma "proibição de máscaras”.
O assunto vem gerando controvérsia na Dinamarca. Críticos afirmaram que a medida restringe a liberdade religiosa e mira de maneira injusta mulheres que escolhem voluntariamente cobrir seus rostos.
Já os apoiadores da proibição apontam que os véus que cobrem o rosto são um símbolo de opressão contra as mulheres e são uma barreira de comunicação e socialização e até mesmo um risco para a segurança.
Apesar de apoiar a proibição, o Partido Social-Democrata ainda tem dúvidas sobre como ela será aplicada. "Nós estamos prontos a apoiar o banimento da burca custe o que custar, mas há alguns dilemas. Especialmente sobre a aplicação”, disse o líder do partido, Mette Fredriksen.
De acordo com a agência Reuters, pesquisadores estimaram que 200 mulheres na Dinamarca usam a burca, que cobre totalmente o rosto e é comum no Afeganistão, ou o niqab, que deixa apenas os olhos à mostra.
Se o parlamento aprovar a medida, a Dinamarca vai se juntar a um grupo de sete países europeus que já impõem uma proibição total ou parcial de vestes muçulmanas que cobrem o rosto. Itália, Bélgica, Holanda, França, Espanha e Bulgária aprovaram nos últimos anos legislações nesse sentido. O último país a se juntar ao grupo foi a Áustria, que colocou uma lei em prática no último domingo (01/10).
Na Alemanha, não há uma ampla proibição nacional. Apenas o Estado da Baviera aprovou legislação nesse sentido. Já em todo território nacional, a burca e o niqab só não são permitidos se a pessoa estiver dirigindo.
Conheça os diferentes tipos de véus utilizados no mundo muçulmano.
Foto: picture-alliance/AP PhotoApesar de a palavra "hijab" se referir à ação de cobrir-se, hoje em dia ela é usada principalmente para designar o véu muçulmano ocidental, que cobre a cabeça e o colo das mulheres, mas deixa o rosto descoberto. A cor e o estilo do hijab variam segundo as tradições e costumes do país ou da comunidade religiosa.
Foto: (c) picture-alliance/dpa/H&MA burca é o mais conservador entre os véus muçulmanos. Trata-se de uma túnica larga de uma só peça que cobre completamente o rosto e o corpo das mulheres. Na altura dos olhos, há uma espécie de rede através da qual ela pode enxergar. A burca é usada sobretudo no Afeganistão, onde geralmente é azul, e no Paquistão.
Foto: picture-alliance/dpaO niqab também cobre completamente o rosto da mulher, mas, diferentemente da burca, deixa os olhos descobertos. Esse tipo de véu muçulmano é muito popular entre os países árabes do Golfo Pérsico. O preto é sua cor mais comum. Ele é usado com um vestido longo, chamado abaya.
Foto: picture-alliance/dpa/P. EndigO chador é uma variante da burca que se usa principalmente no Irã. Ele cobre as mulheres dos pés à cabeça, com exceção do rosto e das mãos. Geralmente é preto e disfarça as curvas femininas. O khimar é parecido com o chador: cobre o cabelo, o colo e os ombros, mas vai só até a cintura. Este véu em forma de capa também deixa o rosto descoberto.
Foto: picture-alliance/dpa/A. TaherkenarehA shayla é um véu retangular que cobre a cabeça e se fixa nos ombros , deixando descoberto o rosto da mulher. É muito usado nos países do golfo Pérsico. Em geral se usam tecidos leves de cores alegres. Na foto se vê a blogueira e jornalista turco-alemã Kübra Gümüsay.
Foto: picture-alliance/dpa/K. SchindlerA al-amira é composta de duas peças: um véu mais apertado que cobre os cabelos, parecido com um gorro, e outro que se coloca sobre o primeiro, de forma mais folgada. Pode ser complementado com broches ou diademas. Devido à sua praticidade, muitas atletas muçulmanas preferem esse modelo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/P. D. JosekEm 2003, a australiana Aheda Zanetti desenhou o primeiro traje de banho para mulheres muçulmanas: o burquíni. Este modelo cobre todo o corpo, com exceção do rosto, mãos e pés. O burquíni causou polêmica no verão europeu e foi proibido em diversas cidades da França.
Foto: picture-alliance/abaca JPS/rt/afp