Dinamarqueses aprovam integrar política de segurança da UE
2 de junho de 2022
Em referendo histórico motivado pela guerra na Ucrânia, cerca de 67% dos dinamarqueses votaram a favor de o país participar de possíveis missões militares da UE e do desenvolvimento conjunto de sistemas de armas.
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Em um referendo histórico, a maioria dos dinamarqueses votou nesta quarta-feira (1º/06) a favor da adesão do país à Política Comum de Segurança e Defesa da União Europeia (UE). Com 97% dos votos apurados, os resultados preliminares indicavam 66,9% a favor do fim do opt-out e 33,1% contra.
"A Dinamarca enviou esta noite um sinal importante aos nossos aliados na Europa e na Otan, e também a Putin. Estamos mostrando que, quando Putin invade um país livre e ameaça a estabilidade na Europa, o restante se une", disse a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.
O principal efeito do fim do opt-out, que desde 1993 mantém a Dinamarca fora do domínio das políticas comuns, é que Copenhague passa a poder participar em áreas relacionadas com a defesa e segurança do bloco europeu em possíveis operações militares. Até agora, o regulamento especial da Dinamarca, único na União Europeia (UE), significava que o país podia participar em missões civis, mas não em missões militares da UE ou no desenvolvimento conjunto de sistemas de armas, por exemplo.
"Havia uma Europa antes de 24 de fevereiro, antes da invasão russa, e há uma Europa depois", destacou Frederiksen.
O líder da oposição, Jakob Ellemann-Jensen, saudou a vitória do "sim" após serem conhecidos os resultados parciais do referendo.
"Esta é uma vitória para a união, para a liberdade", assegurou o líder liberal, cujo pai, Uffe Ellemann-Jensen, enquanto ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, teve que negociar com Bruxelas, há três décadas, a adoção de um status especial para o seu país.
Já o líder do Partido Popular Dinamarquês, Morten Messerschmidt, um dos principais opositores ao fim da exceção, salientou que o "sim" venceu devido à guerra na Ucrânia.
Elogios da UE
Os líderes da União Europeia, Ursula von der Leyen e Charles Michel, saudaram a votação "histórica" para aderir à política comum de defesa.
"Saúdo a forte mensagem de compromisso com a nossa segurança comum enviada pelo povo dinamarquês", apontou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, através do Twitter, ressaltando estar "convencida de que a Dinamarca e a UE sairão beneficiadas com a decisão".
Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, frisou que "o povo da Dinamarca fez uma escolha histórica".
Duas semanas após a invasão da Ucrânia pela Rússia, Frederiksen anunciou um acordo com a maioria dos partidos no Parlamento para submeter o fim da exceção dinamarquesa a um referendo. A maioria das forças políticas com representação parlamentar apoiaram o sim, com exceção dos partidos de extrema-direita, o Partido Popular Dinamarquês e a Nova Direita, e do partido de esquerda Aliança Vermelha-Verde.
A Dinamarca adotou em 1993, logo após a assinatura do Tratado de Maastricht - que lançou as bases para a UE moderna -, exceções à política comunitária em quatro domínios: união monetária e econômica, defesa, cooperação policial e jurídica e cidadania. Assim, o país manteve sua própria moeda, por exemplo.
Esta é a primeira vez que um dos quatro opt-out dinamarqueses é descartado pelos cidadãos. Em duas consultas anteriores, os dinamarqueses recusaram aderir ao euro, em 2000, e a abolir a exceção na área jurídica, em 2015.
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Mudança na política europeia
O referendo na Dinamarca é o exemplo mais recente de um país europeu que procura uma estratégia de defesa comum, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Suécia e Finlândia, por exemplo, abandonaram recentemente a sua histórica posição de não alinhamento militar para formalizarem o pedido de adesão à Otan.
Membro da Aliança Atlântica, a Dinamarca é um dos fortes defensores da adesão dos seus vizinhos nórdicos e tem sido também ativa na ajuda militar à Ucrânia.
le (Lusa, ots)
A desigualdade econômica na União Europeia
As diferenças nos padrões de vida entre países da União Europeia são extremas. Mas, dependendo de como a riqueza é medida, há algumas surpresas – até quando se trata das nações em crise do bloco.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Bulgária: salários baixíssimos
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Foto: BGNES
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Foto: picture alliance/prisma/K. Katja
Itália: sem crescimento e altas dívidas
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Foto: AFP/P. Cruciatti
Espanha: o pavor de uma segunda onda
Após um forte aumento nas infecções por covid-19, as autoridades da Catalunha reimpuseram limitações de circulação em julho. O país é extremamente dependente do turismo, que representa cerca de 15% do PIB. Com uma produção econômica per capita de 26.440 euros (2018), a Espanha fica abaixo da média da UE, de pouco menos de 31.000 euros.
Foto: Reuters/N. Doce
Suécia: muita prosperidade, altos impostos e sem confinamento
A Suécia resolveu enfrentar a crise do coronavírus sem lockdown, o que, em comparação com seus vizinhos, acabou provocando muitas mortes. Com um PIB de 46.180 euros per capita, a Suécia fica em quinto lugar na Europa, atrás de Luxemburgo, Irlanda, Dinamarca e Holanda. Apesar dos altos impostos, os suecos ficaram à frente dos franceses em 2018, com um patrimônio líquido de 27.511 euros.
Foto: imago images/TT/J. Nilsson
Países Baixos: riqueza e produção econômica elevadas
Ao lado da Suécia, Dinamarca e Áustria, os holandeses estão entre os países que rejeitam transferências bilionárias sem contrapartida de reformas para países como a Itália. Com um PIB de 46.800 euros per capita (2019) e um patrimônio líquido de mais de 60.000 euros per capita (2018), eles estão no topo do ranking da UE.
Foto: picture-alliance/robertharding/F. Hall
Alemanha: uma nação rica, mas os cidadãos nem tanto
Até agora, o país tem contornado a pandemia com sucesso. Os custos econômicos, no entanto, são enormes: as exportações caíram, e muitas empresas lutam para sobreviver. Detentora da maior economia da UE, a Alemanha teve um PIB de 41.340 euros (2019) per capita. Em 2018, porém, os alemães possuíam um patrimônio líquido de apenas 16.800 euros per capita - metade do observado na Itália.