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Diretor da AI na Turquia é acusado de ligação com terrorismo

10 de junho de 2017

Justiça acusa Taner Kiliç de ser membro de organização terrorista e decreta prisão preventiva para o ativista, enquanto aguarda julgamento. Anistia Internacional rechaça decisão e alega não haver provas contra diretor.

Anistia Internacional faz campanha pela liberação de Kiliç
Anistia Internacional faz campanha pela liberação de KiliçFoto: Twitter/@amnesty

O diretor da Anistia Internacional (AI) na Turquia, Taner Kiliç, foi acusado pela Justiça de seu país de ser membro de uma organização terrorista, segundo informou a ONG nesta sexta-feira (09/06). O tribunal decretou prisão preventiva para o ativista enquanto ele aguarda o julgamento.

Kiliç havia sido detido na terça-feira passada na cidade de Esmirna, no leste da Turquia, junto a 22 advogados. Eles são suspeitos de ligação com o movimento do clérigo muçulmano Fethullah Gülen, acusado pelo governo de estar por trás do golpe fracassado de julho do ano passado.

Segundo a AI, entre os advogados, oito tiveram prisão preventiva decretada e um foi liberado após pagamento de fiança. Outros sete foram levados à corte junto com Kiliç, mas ainda aguardam uma decisão sobre seus casos. Os seis restantes permanecem sob custódia da polícia.

A Justiça da Turquia acusa o diretor da AI de ter usado um aplicativo de celular chamado Bylock. O serviço criptografado de troca de mensagens, segundo Ancara, é utilizado por membros do movimento de Gülen, considerado uma organização terrorista pelo governo turco.

As autoridades afirmaram que o aplicativo estava instalado no celular de Kiliç em agosto de 2014. Segundo a AI, esse foi o único pretexto apresentado pelo tribunal para conectar o ativista com o movimento do clérigo muçulmano. A ONG afirmou que nenhuma evidência foi apresentada para fundamentar essa acusação, e Kiliç, em seu depoimento, negou ter instalado o Bylock.

Em comunicado, a Anistia Internacional clamou pela liberação de seu diretor turco, classificando a acusação contra ele como "um deboche da Justiça". "A decisão destaca o impacto devastador da repressão das autoridades turcas após a tentativa fracassada de golpe", afirmou a ONG.

Salil Shetty, secretário-geral da AI, também saiu em defesa do colega. "Taner Kiliç é um defensor dos direitos humanos apaixonado e com princípios. As acusações contra ele são completamente sem mérito", declarou ele em nota.

No âmbito do estado de emergência na Turquia, decretado após o golpe frustrado em 15 de julho de 2016, dezenas de milhares de pessoas foram detidas ou afastadas de seus cargos em diversas áreas, entre soldados, policiais, professores, jornalistas e funcionários públicos, todos acusados de ligações com Güllen.

EK/ap/dpa/lusa/rtr/ots

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