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Diretor da CIA teme influência russa em eleições de 2018

30 de janeiro de 2018

Chefe da inteligência dos EUA diz que Moscou deve tentar interferir em pleito legislativo nos EUA. Com espiões infiltrados em diversos setores da sociedade americana, China também representa uma ameaça, alerta.

"Vamos fazer o máximo para roubar segredos, em nome do povo americano", enfatizou Mike Pompeo, diretor da CIA
"Vamos fazer o máximo para roubar segredos, em nome do povo americano", enfatizou Mike Pompeo, diretor da CIAFoto: picture-alliance/AP Photo/M. B. Ceneta

O diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, Mike Pompeo, afirmou estar certo de que a Rússia tentará interferir nas eleições legislativas americanas em 2018, como parte da política do Kremlin de influenciar políticas domésticas no Ocidente.

Em entrevista à emissora BBC divulgada nesta segunda-feira (29/01), Pompeo disse que a Rússia possui um longo histórico de "campanhas de informação" e diz não acreditar que essa ameaça vá deixar de existir. 

Os indícios de que o Kremlin teria interferido nas eleições presidenciais de 2016 e um possível vínculo de Moscou com a campanha que levou Donald Trump à Casa Branca resultaram na abertura de uma investigação liderada pelo procurador especial Robert Mueller. Várias pessoas ligadas a Trump já foram interrogadas. O governo russo nega as acusações. 

Ao ser questionado se a Rússia deverá tentar interferir nas eleições legislativas de novembro deste ano, Pompeo respondeu: "Claro que sim. Tenho todas as expectativas de que eles continuarão tentando."

O diretor da CIA disse não ter visto uma diminuição significativa nesse tipo de atividade por parte de Moscou. "Mas estou confiante de que os Estados Unidos serão capazes de ter uma eleição livre e justa. Faremos de tudo para minimizar isso de um modo que seja suficientemente robusto para que o impacto que eles tenham em nossas eleições não seja grande."

O chefe da inteligência americana alertou ainda para outra ameaça que considera tão preocupante quanto à questão da Rússia: a China. "Falamos muito sobre a influência russa nos dias atuais, mas os chineses também estão bastante ativos".

"Podemos observar esforços bastante direcionados para roubar informações americanas, infiltrar espiões nos EUA, pessoas que trabalharão em nome do governo chinês contra a América", afirmou. "Vemos isso em nossas escolas, hospitais, nos sistemas médicos, nas corporações americanas. Temos que fazer mais para frustrar os esforços chineses de influenciar secretamente o mundo."

"Faremos o máximo para roubar segredos"

Pompeo defendeu Trump das acusações de que o presidente americano estaria despreparado para o cargo que ocupa, afirmado que tais acusações são "absurdas". Ao ser questionado se as declarações do líder da Casa Branca no Twitter geram preocupações de segurança, ele disse que "ainda nãos nos causou nenhum problema".

"Somos o melhor serviço de espionagem do mundo, tenho muito orgulho disso", exaltou o diretor da CIA. "Vamos fazer o máximo para roubar segredos, em nome do povo americano", enfatizou, dizendo que o foco da agência está voltado para a contrainteligência.

A entrevista de Pompeo foi divulgada em meio à renúncia de Andrew McCabe, vice-diretor do FBI. Ele vinha sendo alvo de duras críticas por parte de Trump e outros políticos republicanos, que o apontavam como um opositor da Casa Branca dentro do órgão. 

McCabe era visto como o braço direito do ex-diretor James Comey, demitido por Trump em maio do ano passado em meio à escalada de tensão entre o FBI e a Casa Branca. O presidente criticou diversas vezes o papel de McCabe nas investigações do FBI envolvendo a democrata Hillary Clinton, sua rival nas eleições, e o uso de um servidor privado de e-mails enquanto ela exercia o cargo de secretária de Estado. Hillary foi absolvida, e o vice-diretor do FBI foi acusado de ser parcial.

RC/afp/rtr

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