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Peter Zadek

30 de julho de 2009

Amado por uns, odiado por outros, ele foi um dos mais importantes representantes do teatro alemão contemporâneo. Apelidado "grande mágico" e "anarquista", Zadek tinha em Shakespeare, Tchekov e Ibsen seu "triunvirato".

Zadek ao receber o Prêmio Nestroy, em 2001Foto: picture alliance / dpa

O diretor teatral alemão Peter Zadek faleceu na madrugada desta quinta-feira (30/07) numa clínica de Hamburgo, aos 83 anos de idade, após longa enfermidade. Ele foi um dos mais importantes diretores do idioma alemão. Sua última montagem, Major Barbara, de George Bernhard Shaw, estreara em fevereiro em Zurique.

'A noite do iguana', com Angela Winkler (e) e Eva Mattes, em Viena, 2002Foto: AP

Nascido em 19 de maio de 1926 em Berlim, sua família judaica emigrou para a Inglaterra em 1933, quando os nazistas ascenderam ao poder. Ele estudou em Oxford e se formou em Londres como diretor de teatro.

Em 1958 retornou à Alemanha. Entre numerosas outras atividades, foi diretor geral da Deutsches Schauspielhaus de Hamburgo de 1985 a 1989. Além disso, entre 1993 e 1995, codirigiu o Berliner Ensemble, teatro fundado por Bertolt Brecht em Berlim.

Zadek triunfou no Burgtheater de Viena com peças do russo Anton Tchekov, assim como com uma montagem de O mercador de Veneza de William Shakespeare. Amado por uns, odiado por outros, ele dizia identificar-se plenamente com a personagem de Shylock, "como judeu, como outsider e, é claro, sobretudo na Alemanha".

Seu triunvirato

Zadek ensaia 'Peer Gynt' de IbsenFoto: dffb

Tchekov, Henrik Ibsen e o dramaturgo elisabetano representavam o triunvirato de Zadek. Em 1999, ele surpreendeu a plateia do festival Wiener Festwochen como uma encenação de Hamlet na qual a atriz Angela Winkler desempenhava o papel-título.

O "grande mágico" e "anarquista", como alguns o chamaram, trabalhou com os mais importantes atores da Alemanha, Áustria e Suíça, entre os quais Gert Voss, Eva Mattes, Ulrich Tukur, Uwe Bohm e Ulrich Wildgruber. Em 1976, este último fez o papel de Otelo numa montagem da obra homônima de Shakespeare considerada pelo próprio Zadek "uma virada absoluta para o teatro alemão".

O homem de teatro trabalhou também no cinema e na televisão. No clímax da revolta estudantil na Europa, em 1968, rodou Ich bin ein Elefant, Madame (Sou um elefante, madame) e 14 anos mais tarde Die wilden Fünfziger (Os selvagens anos 50).

Cheio de planos

'Vestir os nus', de Pirandello, no Sankt Pauli Theater de Hamburgo, 2008Foto: AP

Mesmo octogenário, o diretor tinha numerosos planos, como a montagem de uma ópera em Viena. Dieter Dom, diretor do Teatro Nacional da Baviera, em Munique, lembra que apenas algumas semanas atrás ambos conversavam sobre um novo projeto comum. Quanto aos trabalhos de Zadek, Dom comentou: "Eles sempre me instigavam a uma postura crítica e ao mesmo tempo me fascinavam".

Ao fundar uma companhia independente com o colega Tom Stromberg, Como quiserem teria sido sua 20ª montagem de Shakespeare. Ser forçado a renunciar ao projeto em 2007, devido à doença, foi uma catástrofe para o velho criador. Stromberg recorda-se de ouvi-lo comentar: "Se não puder mais encenar, então prefiro morrer".

Segundo o superintendente do Wiener Festwochen e também diretor teatral Luc Bondy, Zadek considerava o teatro atual muito barulhento e, em parte, grosseiro demais. E comenta sobre o colega: "Ele era brutal e vulnerável. Na qualidade de judeu alemão, se desesperava com os alemães. Mas o idioma e a Alemanha eram a sua cultura".

AV/afp/dpa
Revisão: Simone Lopes

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