Avalanche de vídeos e documentos com acusações dos executivos da JBS implica nomes dos principais partidos, menciona centenas de milhões de reais em repasses ilegais e é recebida como uma bomba no meio político.
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O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta sexta-feira (19/05) o conteúdo dos depoimentos de executivos da JBS, incluindo os irmãos Joesley e Wesley Batista, no âmbito da Operação Lava Jato. As delações foram homologadas pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
A divulgação da íntegra das delações – que somam cerca de 2 mil páginas, além de horas de depoimentos gravados em vídeo – elevou o caos político no país, com menções a repasses milionários ilegais a membros de diversos partidos. Entre os citados nos depoimentos estão o presidente Michel Temer e seus antecessores Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), Joesley Batista descreveu como funcionava o esquema de pagamento de propina a políticos que agiam em benefício da empresa, delatando que muitos repasses eram feitos por meio de doação oficial.
O empresário disse que cerca de 500 milhões de reais foram entregues recentemente a agentes políticos. Desse valor, 400 milhões de reais foram pagos por meio de doação, e outros 100 milhões, através de dinheiro em espécie e notas fiscais falsas. Segundo Joesley, a maioria das doações políticas realizadas de forma legal pela JBS eram propina disfarçada.
"Acontece o seguinte: combina-se o ilícito, o fato de corrupção com o político, com o dirigente do Poder Público, e daí para frente se procede o pagamento", contou ele. "Os pagamentos são feitos das mais diversas maneiras: nota fiscal fria, dinheiro, caixa dois ou até mesmo doação política oficial."
O ex-diretor da JBS Ricardo Saud, que também assinou acordo de delação, relatou que repasses da empresa por meio de "pagamentos dissimulados" alimentaram as campanhas de 1.829 candidatos de 28 partidos nas eleições de 2014. Segundo Saud, os valores ajudaram a eleger 179 deputados estaduais, 167 deputados federais, 28 senadores e 16 governadores.
Temer e Cunha
O presidente aparece como uma das figuras centrais nos depoimentos de Joesley, que chegou a gravar uma conversa com o mandatário no Palácio do Jaburu. No diálogo, Temer supostamente dá aval a repasses ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em troca de seu silêncio na prisão.
Na delação, o dono da JBS revelou ter dito ao presidente que pagava uma espécie de mesada ao doleiro Lúcio Funaro, um dos operadores presos na Lava Jato, e que repassou 5 milhões de reais a Cunha depois que ele foi preso, em outubro de 2016.
Joesley disse ter ouvido de Temer que era "importante manter" pagamentos mensais de 400 mil reais a Funaro para "garantir o silêncio". "Eu ouvi do presidente Michel Temer que era importante manter isso. A primeira missão era essa. [Procurei] saber dele se o compromisso era necessário, ele me disse de pronto que sim", afirmou ele num trecho do depoimento.
Segundo o empresário, o presidente atuou também em nome de outras figuras de seu partido. Em 2012, quando ainda era vice, Temer teria solicitado a Joesley um pagamento de 3 milhões de reais a Gabriel Chalita, então filiado ao PMDB. Na ocasião, Chalita concorria à prefeitura de São Paulo pelo partido. Os valores foram pagos por meio de caixa dois, de acordo com o executivo.
Joesley mencionou ainda um pagamento, em 2014, de aproximadamente 15 milhões de reais a Temer "em troca da atuação favorável aos interesses do grupo J&F". Mais recentemente, em 2017, Temer teria pedido "vantagem indevida" para resolver assuntos de interesse do grupo. O empresário acrescentou que o presidente receberia 5% dos valores em questão.
Por fim, o delator disse ter ouvido de Temer uma promessa de interferir junto ao STF e ao BNDES em favor dos interesses da JBS. Segundo Joesley, a tentativa de ingerência no banco, no entanto, foi "infrutífera", uma vez que a presidente Maria Silvia Bastos não levou a conversa adiante.
Dilma e Lula
Em depoimento à PGR, Joesley e Saud relataram pagamentos no exterior em favor dos ex-presidentes petistas. A título de "vantagens indevidas", a empresa teria transferido 50 milhões de dólares para uma conta fora do Brasil destinada a Lula e mais 30 milhões em outra conta, também no exterior, com destino a Dilma.
Segundo os delatores, em 2014, o saldo dessas contas, somadas, teria chegado a 150 milhões de dólares. Os repasses, de acordo com Joesley, eram feitos por intermédio do ex-ministro Guido Mantega.
Em 2010, o empresário disse ter repassado ainda 30 milhões de reais ao ex-ministro Antonio Palocci, que seriam usados na campanha eleitoral de Dilma.
Aécio
Os executivos da JBS acusaram nas delações o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) de ter feito sucessivos pedidos por dinheiro. Em 2014, o tucano teria recebido pelo menos 60 milhões de reais em propina. Os delatores afirmaram que, em troca desse repasse, Aécio "beneficiou diretamente interesses do grupo" durante seu mandato.
"Conheci ele na campanha de 2014. Nós fomos o maior doador da campanha dele. Em 2015, ele continuou precisando de dinheiro. Através da compra de um 'predinho' em Belo Horizonte, esse dinheiro chegou na mão dele. Foram 17 milhões", revelou Joesley à PGR, mencionando mais um repasse ao político.
No ano passado, Aécio pediu a Joesley 5 milhões de reais para pagar uma dívida com advogados, segundo o empresário. O repasse, porém, não teria acontecido.
O último pedido de dinheiro foi neste ano, quando Aécio se reuniu pessoalmente com Joesley para solicitar uma quantia de 2 milhões de reais, afirmou o delator. Em troca, o político teria oferecido ao executivo que indicasse um nome para a diretoria da Vale. Dessa vez, o dinheiro teria sido entregue em espécie a um primo de Aécio, identificado como Fred.
Por conta das recentes revelações, o STF decidiu afastar Aécio de seu mandato na quinta-feira. No mesmo dia, o senador afastado anunciou que estava se licenciando também da presidência do PSDB para se concentrar apenas em "provar inocência".
Kassab e Serra
Em seu depoimento, o irmão de Joesley e também executivo da JBS Wesley Batista mencionou que a empresa pagou 29,4 milhões de reais em propina para o ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. Segundo o delator, o político recebeu esse valor em parcelas mensais de 350 mil reais, pagas de janeiro de 2010 a dezembro de 2016.
Wesley explicou que os contatos com Kassab se iniciaram depois que a JBS comprou o setor de frigoríficos do grupo Bertin, em 2009. Segundo o empresário, o proprietário dessa empresa, Natalino Bertin, mantinha um contrato com o político envolvendo uma frota de caminhões.
"[O Kassab] era uma pessoa que considerávamos de alguma influência. Concordamos em pagar esse overprice [sobrepreço], na expectativa de um dia usar a influência dele", relatou Wesley.
Já o senador tucano José Serra, ex-ministro das Relações Exteriores do governo Temer, teria recebido pagamentos que somaram 20 milhões de reais para sua campanha presidencial em 2010. Joesley afirmou que parte dos repasses foi realizado por meio de caixa dois.
"O senador José Serra, a gente participou da campanha dele em 2010 à presidência da República. Ele esteve pessoalmente no nosso escritório. Nos pediu que participasse. Eu autorizei fazer 20 milhões de reais. Fomos os principais financiadores de campanha dele", delatou o dono da JBS.
EK/abr/ots
Capítulos do desgaste político do governo
Ações do governo e de parlamentares aprofundam desgaste da população com políticos. Rejeição a governo Temer cresce, e acusações de suposto "acordão" para barrar Lava Jato alimentam crise política.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Queda do ministro do Trabalho
05/07: uma decisão do Supremo afastou o ministro do Trabalho, Helton Yomura de suas funções. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes na concessão de registros para sindicatos. Yomura entregou o cargo no mesmo dia. Caio Vieira de Mello assumiu a pasta.
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Greve dos caminhoneiros
21/05: uma greve nacional de caminhoneiros paralisou o Brasil por dez dias. O governo inicialmente não abordou o problema, deixando que a greve ganhasse força. No final, Temer cedeu a todas as exigências dos grevistas e abandonou a política de preços da Petrobras para segurar o preço do diesel. A medida derrubou as ações da Petrobras e levou à saída do presidente da empresa, Pedro Parente.
Foto: DW/N. Pontes
Prisão de amigos de Temer
29/03: uma operação da Polícia Federal prendeu dez pessoas, entre eles dois amigos do presidente Temer: o ex-assessor da Presidência José Yunes e o ex-coronel da PM João Baptista Lima Filho. Ambos foram apontados como operadores de propinas pagas a Temer. Na mesma operação foi preso o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB).
Foto: Reuters/U. Marcelino
Governo desiste da reforma da Previdência
16/02: uma das principais pautas de Temer, a PEC da reforma da Previdência foi definitivamente abandonada pelo Planalto após o decreto de intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. A previsão é que a intervenção dure até o final do ano. Até lá, pelas regras constitucionais, nenhuma PEC pode ser aprovada. Antes mesmo do anúncio, o governo já enfrentava dificuldades para aprovar a reforma.
Foto: Agência Brasil/Antonio Cruz
Nomeação de ministra é suspensa
08/01: Após a saída de Ronaldo Nogueira do Ministério do Trabalho, o governo indicou para o seu lugar a deputada Cristiane Brasil. A posse, no entanto, foi suspensa por um juiz, que entendeu que a nomeação ofendia a “moralidade administrativa”. Brasil era acusada de empregar funcionários sem carteira assinada. Em fevereiro, diante do impasse, o partido de Brasil desistiu de insistir na indicação.
Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados
Câmara rejeita denúncia
25/10: Apesar da tentativa da oposição de esvaziar o plenário e adiar a votação, a Câmara dos Deputados rejeitou a segunda denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente da República, Michel Temer, pelo placar de 251 contra 233. A decisão livra novamente o presidente de uma investigação por parte do STF.
Foto: Reuters/A. Machado
Brasileiros veem aumento da corrupção
09/10: Para 78% dos brasileiros, o nível de corrupção aumentou no país nos últimos anos, segundo relatório da organização Transparência Internacional publicado em Berlim. Entre os 20 países analisados, o Brasil é o quarto da lista, atrás de Peru (79%), Chile (80%) e Venezuela (87%). Além disso, 56% dos brasileiros acham que o governo não combate a corrupção no setor público de forma satisfatória.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Popularidade despenca
28/09: Uma pesquisa do Ibope mostrou que a aprovação do governo Temer caiu para apenas 3%. Trata-se do menor índice obtido por um presidente desde o início da série histórica do instituto, em 1986. Antes de Temer, o pior havia sido José Sarney, que em junho/julho de 1989 ficou com 7%. A reprovação do governo Temer chegou a 77%.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Segunda denúncia contra Temer
14/09: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Temer por obstrução de Justiça e organização criminosa. A segunda denúncia envolvendo o presidente, enviada ao STF, se baseia na delação de executivos da JBS, bem como do operador Lúcio Funaro. Segundo Janot, Temer teria poder de decisão no chamado "quadrilhão do PMDB da Câmara", além de ter atuado para comprar o silêncio de Funaro.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
STF autoriza inquérito contra Temer
12/09: O ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou a abertura de inquérito para investigar Temer, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures e dois empresários por acusações de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro, em caso que envolve o chamado Decreto dos Portos. A defesa de Temer rechaçou as acusações e afirmou que as investigações têm o objetivo de enfraquecer o governo.
Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
PF vê indícios de crimes por Temer e ministros
11/09: Em inquérito que apura a suspeita de crimes praticados pelo PMDB da Câmara Federal, a Polícia Federal concluiu que "ficaram comprovados indícios da prática do crime de organização criminosa". Segundo a PF, integrantes da cúpula do partido "mantinham estrutura organizacional com o objetivo de obter vantagens indevidas em órgãos da administração pública direta e indireta".
Foto: Getty Images/AFP/E.Sa
Temer se salva, mas com Congresso dividido
02/08: Após uma ofensiva intensa para reagrupar forças junto aos parlamentares, Temer conseguiu se livrar do processo por corrupção passiva. A Câmara dos Deputados rejeitou a denúncia contra o presidente, com 263 votos contra o envio da matéria ao STF, e 227 a favor. Após a votação, Temer descreveu o resultado no plenário como "claro e incontestável".
Foto: picture-alliance/Photoshot
Líder do governo na Câmara condenado
01/08: A Justiça de Sergipe condenou o líder do governo Temer na Câmara, o deputado federal André Moura (PSC-SE), por improbidade administrativa, com a perda de seus direitos políticos por oito anos. A sentença menciona convênios fraudulentos e prejuízo de 1,4 milhão de reais ao patrimônio público.
Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
Temer vence na CCJ, mas com manobras
13/07: A Comissão de Cidadania e Justiça (CCJ) da Câmara rejeitou o parecer que recomendava o avanço da acusação de corrupção passiva contra ele. Mas a vitória foi tática e impulsionada por uma série de manobras, com a distribuição de verbas e a substituição de membros da CCJ não considerados suficientemente leais ao Planalto.
Foto: Agência Brasil/Wilson Dias
Janot denuncia Temer
26/06: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente Michel Temer ao STF pelo crime de corrupção passiva. É a primeira vez que um presidente da República é denunciado à Corte no exercício do mandato. A acusação tem como base uma investigação contra o peemedebista decorrente da delação de executivos da JBS. Ex-assessor Rodrigo Rocha Loures também foi denunciado.
Foto: Reuters/U. Marcelino
STF confirma delações
22/06: a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou a favor da manutenção da homologação do acordo de delação premiada dos executivos da empresa JBS. Os magistrados decidiram ainda que o relator Edson Fachin deve permanecer no caso. As delações causaram um terremoto político e colocaram Michel Temer no centro de um escândalo de corrupção.
Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Primeira derrota
20/06: no mesmo dia em que Temer assistiu a uma apresentação de balé em Moscou, a bandeira reformista do governo sofreu uma derrota significativa. O projeto que prevê mudanças na legislação trabalhista foi rejeitado por uma comissão do Senado, graças a uma combinação de indiferença e abandono de alguns membros da base aliada.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/A. Dusek
Viagem à Rússia e Noruega
20/06: numa conturbada semana, para passar uma imagem de "normalidade", Temer viaja à Rússia e Noruega, onde destaca melhora na economia do Brasil. Em Moscou, o presidente se reuniu com Putin para estreitar os laços entre os países. Em Oslo, foi alvo de críticas. A premiê norueguesa expressou preocupação com a Lava Jato e o desmatamento no Brasil.
Foto: Picture alliance/dpa/A. Nikolsky/TASS
Presidente acusado por corrupção
19/06: em relatório preliminar entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a investigação envolvendo Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, a Polícia Federal (PF) acusa o presidente pelo crime de corrupção passiva, mas pede um prazo maior para concluir o inquérito referente aos delitos de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Processo no TSE
09/06: A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de absolver a chapa Dilma-Temer deu sobrevida ao governo, mas não lhe ajudou muito a melhorar a imagem perante a opinião pública: a vitória por 4 votos a 3 só se deu porque os depoimentos da Odebrecht e dos marqueteiros do PT não foram levados em conta no processo.
03/06: o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer, foi preso pela Polícia Federal em Brasília. A detenção
abriu mais uma frente para o governo: Loures foi apelidado de "homem da mala" pela imprensa após ter sido filmado carregando 500 mil reais entregues por um emissário da empresa JBS.
Foto: Wikipedia/R. Theodorovy
Presidente acusado de obstrução à Justiça
17/05: Revelação de conteúdo de diálogo entre o presidente Temer e o empresário Joesley Barbosa, da JBS, mergulha país no caos e ameaça governo. Presidente, segundo reportagem do jornal "O Globo", teria consentido com pagamento de mesada para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em outubro de 2016.
Foto: imago/Agencia EFE
O preço alto das reformas
05/05: Diante da obsessão do governo em aprovar com celeridade a aprovação das reformas da previdência e trabalhista, Palácio do Planalto teria dado aval à aprovação de medidas para negociar dividas fiscais de empresas com a Receita Federal e também cede a interesses da bancada ruralista.
Foto: Luis Macedo /ABr
Cúpula arrastada para o caos
11/04: O relator da Lava Jato no Supremo, ministro Luiz Edson Fachin, pede abertura de inquérito contra 76 políticos, entre os quais oito ministros do governo Temer, entre eles Eliseu Padilha (PMDB, Casa Civil, na foto com Temer), Moreira Franco (PMDB, Secretaria-Geral da Presidência); Helder Barbalho (PMDB, Integração Nacional); e Aloysio Nunes (PSDB, Relações Exteriores).
Foto: Getty Images/AFP/E.Sa
Machismo no Planalto?
08/03: Declarações do presidente na ocasião do Dia Internacional da Mulher provocam perplexidade na sociedade brasileira e no exterior, e indignação de movimentos feministas. Presidente citou a mulher, Marcela Temer, ao analisar a importância da figura feminina na educação dos filhos e no controle do orçamento familiar, nas compras de supermercado, relegando a mulher a atividades domésticas.
Foto: Getty Images/AFP/M. Sharma
A blindagem sob o comando de Romero Jucá
15/02: O senador Romero Jucá (PMDB-RR), braço-direito de Temer no Congresso, protocola emenda constitucional para blindar presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Pela regra, eles só poderiam ser responsabilizados por atos cometidos no exercício de seus mandatos. Ou seja, seriam blindados de investigações da Lava Jato. Diante do constrangimento, Jucá recuou.
Foto: Geraldo Magela/Agencia Senado
A aula de fisiologismo de Eliseu Padilha
14/02: O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, diz em palestra flagrada pelo jornal "Estado de S.Paulo" que os ministérios de Temer foram montados para garantir votos no Congresso. Ele diz que havia intenção de nomear "notáveis" e citou como exemplo a Saúde. O PP indicou o deputado Ricardo Barros. "Vocês garantem todos os nomes do partido em todas as votações? Então o Ricardo será o notável."
Foto: Wilson Dias/Agencia Brasil
Caso Marcela: a censura de Temer à imprensa
10/02: A pedido da Presidência, Justiça proíbe o jornal "Folha de S.Paulo" de divulgar dados sobre a chantagem de um hacker contra Marcela Temer, a primeira-dama. O hacker, condenado a 5 anos e 10 meses de prisão, clonou o celular de Marcela e disse ter acesso a um áudio que comprometeria o presidente. A investigação foi coordenada por Alexandre de Moraes, depois nomeado ministro da Justiça.
Foto: Imago
Nomeação de Moraes para o Supremo
06/02: O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes (PSDB), é indicado para a vaga de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal. Havia a expectativa de que Temer indicaria um nome técnico, do meio jurídico, não ligado à política. A enorme proximidade de Moraes com Temer tornou a indicação bastante polêmica, já que ele será o revisor da Lava Jato no Supremo, e Temer foi citado 44 vezes em delações.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Foro privilegiado para Moreira Franco
03/02: Temer dá status de ministro a Moreira Franco, que era secretário-executivo do Programa de Parceria de Investimentos. Ele virou ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Citado 34 vezes em delações da Lava Jato, com o codinome "Angorá", Franco passa a ter foro privilegiado, ou seja, só pode ser julgado pelo Supremo. Pela demora dos julgamentos, o foro é visto como benefício a políticos.
Foto: Reuters/A. Machado
Novos ministérios: a contradição
03/02: No dia em que nomeou Moreira Franco ministro, Temer anunciou a criação de outro ministério, o de Direitos Humanos, entrando em rota de colisão com o discurso antes da posse. Tanto o presidente quanto seu partido, o PMDB, defenderam o enxugamento da máquina e a redução das pastas e criticavam o número de ministérios sob Dilma Rousseff. O governo tem hoje 28 pastas. Sob Dilma, tinha 32.
Foto: Wilson Dias/ABr/CC BY 3.0 BR
Senado e Câmara X Lava Jato
01/02: O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) é eleito sem dificuldades para a presidência do Senado, com os votos de 61 dos 81 senadores. Na Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) derrota grupo ligado a Eduardo Cunha (PMDB), preso na Lava Jato, e permanece na presidência da Casa. Os dois foram eleitos em sintonia com o Palácio do Planalto. Ambos tiveram os nomes citados em delações da Lava Jato.