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Arqueologia

29 de julho de 2010

Ötzi, o "homem do gelo" descoberto nos Alpes em 1991, está sendo estudado detalhadamente. Pesquisadores afirmam ser capazes de entender a conexão entre doenças de há 5 mil anos e enfermidades atuais.

Descoberta nos Alpes, a múmia tem 5,3 mil anosFoto: dpa

Cientistas da Alemanha e da Itália anunciaram esta semana que finalmente sequenciaram o DNA de Ötzi, o "homem do gelo". A múmia foi encontrada congelada nos Alpes em 1991 e é um notável espécime humano de 5,3 mil anos de idade. Os resultados das análises deverão ser apresentados no próximo ano.

Com eles, os pesquisadores esperam responder a questões biológicas básicas sobre os seres humanos daquela época. Uma delas diz respeito à saúde: que conexão pode haver entre os males daquele tempo e os enfrentados pelos homens atualmente?

"A pesquisa nos diz muito sobre a múmia em si, sobre o seu sistema imunológico, sobre como seus dados genéticos são compostos", disse Albert Zink, da Academia Europeia de Bolzano, no norte da Itália, e presidente do Instituto de Múmias e do Homem do Gelo.

"Ela talvez possa nos dizer algo sobre as doenças de que sofria, como problemas de fertilidade, e nos ajuda a resolver problemas modernos", afirmou Zink em entrevista à Deutsche Welle. "Poderíamos, por exemplo, saber se ainda há descendentes vivos dele, ou se há alguma alteração entre o genoma de uma pessoa que viveu há 5,3 mil anos e a população de hoje."

Sequenciamento do DNA foi tentado há 15 anos

Com o sequenciamento do DNA, os cientistas têm à disposição um modelo da estrutura genética de Ötzi. Eles sabem a disposição dos pares de bases de DNA, mas ainda têm que decifrar exatamente a que traços genéticos eles correspondem, e estes variam entre a cor dos olhos até as doenças que ele pode ter tido.

"Nós definitivamente queremos mostrar como era o homem do gelo. Se ele tinha alguns genes que poderiam levar a alguma doença. Queremos saber se ele podia digerir leite, por exemplo. São coisas importantes para a evolução".

Os cientistas tentaram pela primeira vez sequenciar o DNA de Ötzi em meados da década de 1990, mas o computador e a tecnologia de processamento disponíveis naquela época eram muito primitivos para analisar adequadamente amostras de DNA danificadas.

Anne Stone, agora professora de Antropologia na Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, fazia parte da equipe que trabalhou sobre o homem do gelo naquela época, quando ainda era estudante de graduação. Embora ela esteja feliz que a tarefa finalmente tenha sido concluída, ela adverte sobre as conclusões a respeito de seres humanos da Idade do Cobre.

Cientistas esperam resultados conclusivos até o final do anoFoto: AP

"É a amostra de somente um indivíduo", lembrou em entrevista à Deutsche Welle. "Para nós podermos realmente dizer alguma coisa sobre aquele período, são necessárias amostras de 25 a 50 indivíduos."

DNA da múmia pode ajudar a entender doenças

Mas além de fatos simples sobre a fisiologia de Ötzi, Zink disse ainda que a múmia pode ajudar a esclarecer como evoluíram doenças humanas como diabetes, o que pode levar a melhores tratamentos no futuro. Além disso, os cientistas se perguntam se é possível que elementos do seu DNA tenham ainda persistido na região dos Alpes.

"Seria muito interessante comparar esses dados do homem do gelo com a população da região, para podermos dizer se existe uma ligação estreita ou talvez ele até seja bem diferente dessas pessoas", disse Zink.

Os cientistas ainda têm muito material para avaliar e analisar. Apesar disso, os resultados provavelmente chegarão mais rápido do que quando eles tentaram mapear pela primeira vez a composição genética Ötzi, de acordo com Andreas Keller, especialista em bioinformática na Febit, uma empresa alemã de Heidelberg que ajudou a sequenciar o DNA da múmia.

"Temos 3 bilhões de pares de bases a serem analisadas e estamos no meio desse processo", explicou. "Podemos aprender sobre a história dos últimos 5 mil anos. Espero que tenhamos os resultados finais em cerca de quatro meses."

Autor: Cyrus Farivar (md)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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