"Cinema Novo", dirigido por Eryk Rocha, garante primeira premiação ao Brasil no festival. Documentário conta história do movimento cinematográfico dos anos 60 que teve como um dos expoentes o diretor Glauber Rocha.
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O filme brasileiro Cinema Novo foi o vencedor neste sábado (21/05) da premiação paralela de melhor documentário no Festival de Cannes, o Olho de Ouro.
O documentário de Eryk Rocha conta a história do movimento cinematográfico brasileiro dos anos 1960, que teve como expoentes os diretores Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos. Ele usou imagens de arquivo e trechos de mais de 100 filmes, como Terra em Transe e Rio, 40 Graus.
Durante a premiação, Rocha, que é filho de Glauber Rocha, disse que o objetivo do documentário é levar à reflexão sobre os questionamentos levantados pelo movimento acerca da política e do cinema. "Era um movimento de futuro", disse.
O prêmio criado em 2015 teve entre os jurados o diretor do festival de documentários É Tudo Verdade, Amir Labaki. O filme foi exibido na mostra Cannes Classic.
Cinema Novo garantiu a primeira premiação ao Brasil em Cannes. O longa Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, e o curta A Moça que Dançou com o Diabo, de João Paulo Miranda Maria, disputam a Palma de Ouro 2016, cada um em sua categoria. A mostra termina neste domingo.
KG/afp/ots
10 filmes na reta final de Cannes 2016
No festival de cinema de Cannes, os dados já foram, em parte, lançados. Entre os bem recebidos pela crítica e com chances de conquistar a Palma de Ouro estão produções do Brasil, França, Irã, Romênia, EUA, Alemanha.
Foto: Komplizen Film/NFP marketing & distribution
Aquarius (Brasil)
A equipe de "Aquarius" aproveitou a projeção internacional de Cannes para um manifesto político contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff. O filme dirigido por Kleber Mendonça Filho tem um caráter existencialista: isolada em seu apartamento, a viúva Clara (Sônia Braga) se confronta com fantasmas do passado e surdas ameaças do presente.
Foto: 2016 Victor Jucá/CinemaScópi
Elle (França)
Na coprodução franco-alemã "Elle", Isabelle Huppert é a diretora de uma firma de games, tão inescrupulosa nos negócios quanto no amor. Sua vida dá uma guinada depois de um agressor mascarado atacá-la em casa: um jogo de gato e rato tem início. O holandês Paul Verhoeven, mesmo diretor de "Instinto selvagem", está de volta à Europa após uma carreira hollywoodiana de altos e baixos.
Foto: Festival de Cannes
La fille inconnue (Bélgica)
Uma noite, após já ter fechado seu consultório, uma jovem médica ouve tocar a campainha – e não atende. No dia seguinte, fica sabendo que uma mulher foi encontrada morta nas vizinhanças. "A moça desconhecida" desencadeia uma espiral de culpa. Especialistas em abordar temas humanos complexos com sutil franqueza, os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne já ganharam a Palma de Ouro em 1999 e 2005.
Foto: Festival de Cannes
Forushande (Irã)
Forçados a deixar o apartamento onde viviam por obras perigosas na vizinhança, Emad e Rana se mudam para o centro de Teerã. Um incidente relacionado ao antigo morador da nova casa altera dramaticamente a vida do casal. Vencedor do Oscar e da Berlinale com "A separação", o cineasta Asghar Farhadi concluiu "Forushande" pouco antes do início do 69º Festival de Cannes.
Foto: Festival de Cannes
I, Daniel Blake (Reino Unido)
Após um ataque cardíaco aos 59 anos, o personagem-título, Daniel Blake, é forçado pela primeira vez a requerer ajuda do Estado. Seu caminho, na luta contra o arame farpado da burocracia, cruza o de Katie, mãe solteira de duas crianças. Às vésperas de completar 80 anos, o diretor inglês Ken Loach ostenta mais de cinco décadas de uma carreira dedicada em especial aos párias da sociedade britânica.
Foto: Festival de Cannes
Juste la fin du monde (Canadá-França)
Para muitos, o canadense Xavier Dolan é um gênio: 27 anos, roteirista e diretor de seis filmes, dos quais quatro estreados em Cannes. Em "Só o fim do mundo", um autor retorna à cidade natal depois de 12 anos para anunciar à família a própria morte iminente. Mas o ressentimento dita o curso da reunião, rixas eclodem e tentativas de empatia esbarram na incapacidade de escutar e amar.
Foto: Festival de Cannes
The last face (EUA)
O quinto trabalho de direção do ator americano Sean Penn desperta expectativas altas. O elenco de "O último rosto" é encabeçado por Charlize Theron e Javier Bardém, como a chefe de uma organização humanitária e um médico. Ambos iniciam uma história de amor diante do pano de fundo da desesperadora situação no Sudão e Libéria, países africanos devastados por guerras e catástrofes naturais.
Foto: Festival de Cannes
Paterson (EUA)
O dia a dia de um motorista de ônibus: ver a cidade passando pelas janelas, fragmentos de conversas, escrever poesia num caderninho, tomar uma cerveja, voltar para casa e ver a mulher. Bem recebida em Cannes, "Paterson" é uma típica obra de Jim Jarmusch: discretamente poética, lacônica, atuada com sensibilidade. O título é tanto o nome do protagonista quando o da cidade onde mora em Nova Jersey.
Foto: Festival de Cannes
Sieranevada (Romênia)
"Sieranevada", de Cristi Puiu, é um dos concorrentes romenos na reta final de Cannes (o outro é "Bacalaureat", de Cristian Mungiu). A fim de analisar os mecanismos da moderna sociedade em seu país, Puiu situa uma cerimônia fúnebre de família nos dias seguintes ao ataque terrorista à redação do "Charlie Hebdo" em Paris. Um estudo social e crítico profundo, com elementos de comédia.
Foto: Festival de Cannes
Toni Erdmann (Alemanha)
A boa recepção ao filme alemão "Toni Erdmann", exibido nos primeiros dias da mostra competitiva, surpreendeu a muitos. Sobretudo pelo fato de a diretora Maren Ade, de 39 anos, também apostar em elementos de comédia para contar um inconvencional drama entre pai e filha. Afinal, humor não é a primeira coisa que vem à mente quando se considera o clichê do alemão típico...