Berlinale
8 de janeiro de 2009De volta de uma viagem pela Ásia e pelas Américas do Norte e do Sul, o diretor da mostra Panorama, Wieland Speck, anunciou 21 dos 50 filmes que vão compor esta seção paralela do Festival de Cinema de Berlim, que acontece em fevereiro próximo.
O primeiro dos destaques divulgados foi a inclusão de Garapa, documentário do diretor brasileiro José Padilha, centrado na questão da fome no mundo. Padilha foi o vencedor do Urso de Ouro no Festival de 2008, com o longa de ficção Tropa de Elite.
Também da mostra Panorama participa Coyote, dirigido por Chema Rodríguez, sobre uma família de refugiados que pretende de qualquer forma deixar o México para cruzar a fronteira norte-americana.
Documentário para crianças
Outra novidade da Berlinale – como o festival é conhecido dentro da Alemanha – deste ano é a inclusão do gênero documentário na seção infantil Kplus, com o mexicano Los herederos, de Eugenio Polgovsky, sobre as formas de sobrevivência encontradas por uma família para enfrentar o dia-a-dia no país.
Na vertente da seção voltada para adolescentes (14plus), o destaque fica para os asiáticos. "A cada ano que passa, cresce o número de cineastas que observam os acontecimentos no mundo através dos olhos dos jovens, seja ao tematizar a busca pelo pai no interior da China, ao acompanhar as mudanças na vida de um adolescente que quer se suicidar na frente de uma câmera ligada à internet ou na viagem de descoberta do amor em Taipé", comenta Maryanne Redpath, coordenadora da seção no festival.
Independentes em tempos de crise
A tradição de dar espaço ao cinema alemão continua em 2009, com a exibição de vários longas e médias de diretores iniciantes, que apresentam seus filmes de conclusão de curso nas Academias de Cinema de Baden-Württemberg, Colônia ou Berlim.
Na seção voltada para profissionais – Mercado do Cinema Europeu – será ativada mais uma vez a "linha direta" entre Berlim e o Festival de Sundance, que acontece poucos dias antes do festival na capital alemã. O programa especial Straight from Sundance vai mostrar, em seções reservadas a profissionais de cinema, 51 filmes previamente exibidos na cidade norte-americana.
Já a mostra paralela Fórum dedica em 2009 boa parte de sua programação a filmes independentes. "Depois de um ano de crises globais, instabilidade política e conflitos militares, surge uma safra de filmes que surpreendem com uma percepção aguçada, a relação com a própria experiência e uma confiança admirável na própria linguagem cinematográfica", observam os organizadores. Três longas independentes norte-americanos terão suas estréias no festival, além de um coreano e de uma co-produção romeno-holandesa.
70mm e Muro
Uma seção especial intitulada Winter Adé irá lembrar em 15 filmes os 20 anos da queda do Muro de Berlim, que serão comemorados em 2009. Da mostra fazem parte longas de ficção, documentários, filmes de animação e experimentais de uma série de diretores – conhecidos ou não – da ex-Alemanha Oriental e do Leste Europeu.
Todos os filmes a serem exibidos foram produzidos durante a Guerra Fria e alguns deles poderão ser vistos pela primeira vez na Alemanha reunificada. Entre os destaques estão longas do diretor polonês Krzysztof Kieślowski e da cineasta tcheca Věra Chytilová.
Para a retrospectiva que se repete a cada edição do festival, a organização optou este ano por uma mostra dedicada a filmes rodados em 70mm, acompanhada de uma série de discussões sobre as peculiaridades do formato. Debates com fotógrafos e cineastas e as dificuldades de distribuição dos filmes serão alguns dos temas a serem tratados pelo ciclo 70mm – Bigger than Life. (sv)