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Documenta 12 promete uma arte "política"

as11 de dezembro de 2003

A escolha de Roger-Martin Buergel para a curadoria da Documenta 12 surpreendeu o meio artístico. Em entrevista à DW-WORLD, Buergel falou sobre seus planos para a maior exposição de arte moderna do mundo.

Buergel: "Número de artistas se reduzirá"Foto: presse

No início do mês a comissão de seleção da Documenta anunciou o nome do curador da próxima exposição, a 12ª: o professor universitário e autor especializado em arte Roger-Martin Buergel, 41 anos. A escolha provocou surpresa no meio artístico – o trabalho de Buergel como curador é pequeno e ele não tem no currículo experiências com grandes projetos. Agora pesa sobre ele a responsabilidade de dar um novo ânimo à exposição de Kassel, depois da relativa decepção causada pelas duas últimas edições. Os curadores Catherine David e Okwui Enwezor foram criticados por dar à Documenta um caráter de projeto de documentação global, no qual a arte muitas vezes servia de mera ilustração a teorias.

Buergel diz que pretende dar à Documenta um enfoque mais “específico”. “Eu não vejo a Documenta como universal, mundialmente abrangente, enciclopédica. Também por esse motivo eu deverei reduzir extremamente a exposição. O número de artistas se reduzirá drasticamente. A Documenta não terá a pretensão de apresentar tudo.”

Exposição política

Nas suas primeiras entrevistas após ser escolhido curador, Buergel enfatizou a relação entre arte e política. “Eu gostaria de ligar a Documenta com maior ênfase a contextos sociais e políticos”, afirmou em entrevista ao diário Süddeutsche Zeitung. Para a DW-WORLD, Buergel afirmou que “a Documenta, aliás, já tem a fama de ser uma exposição política, pelo simples fato de ela ser paradigmática e sem dúvida a mais importante exposição de arte moderna. Político significa para mim também que os visitantes se sintam ligados à atividade de composição, ou seja, que eles não apenas sejam guiados através da exposição, mas que de fato se compreendam como 'agentes do mundo' ”.

Sobre a seleção dos artistas, o curador evitou demonstar preferências a determinadas regiões. “E eu também não tenho interesse em obrigar os artistas a representar sua identidade geopolítica. Hoje em dia se espera de um artista libanês, por exemplo, que ele trabalhe com carros-bomba. Mas também há artistas europeus que se ocupam de temas africanos. Por um lado, tenho uma grande vontade de trabalhar com regionalismos que ainda não foram assimilados pelo mercado. Por outro lado, quero apresentar outras linhas tradicionais da modernidade que não são conhecidas no Ocidente.”

Morador de Viena

O berlinense Buergel estudou cultura, filosofia e ciências econômicas na sua cidade natal, Berlim, e em Viena. Desde 1983 ele mora na capital austríaca. Buergel já foi secretário particular do polêmico artista Hermann Nitsch, um dos mais importantes representantes do movimento vienense conhecido como Aktionismus, que chamava a atenção pela utilização de materiais como sangue e cadáveres de animais.

A comissão de seleção da Documenta justificou sua escolha afirmando que Buergel é uma “personalidade extraordinária”, de quem se espera uma “nova definição” do trabalho de curador. Com ele, a comissão se compromete a “trazer a dignidade de volta numa época em que domina o espetáculo”. A Documenta 12 ocorrerá de 16 de junho a 23 de setembro de 2007 em Kassel.

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