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Dois anos depois, Ano Brasil-Alemanha da Ciência continua rendendo frutos

Roberto Crescenti9 de maio de 2013

Os efeitos do Ano da Ciência na cooperação científica bilateral continuam até hoje, trazendo benefícios à instituições científicas dos dois países.

Foto: dapd

Dois anos após o encerramento do Ano Brasil-Alemanha da Ciência, Tecnologia e Inovação 2010/11, o balanço é positivo e a parceria continua dando frutos. A iniciativa realizada pelo Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha e os ministérios brasileiros da Ciência e Tecnologia e das Relações Exteriores abrangeu um grande número de instituições científicas e acadêmicas e trouxe um novo impulso à cooperação científica entre dois países.

Brasileiros e alemães já haviam iniciado, há mais de 40 anos, uma sólida parceria em diversas áreas da ciência e inovação. A Universidade de Münster (WWU), apontada como a instituição acadêmica alemã mais ativa no Brasil, já vinha há muito tempo servindo como plataforma para o intercâmbio científico entre brasileiros e alemães através de seu Escritório de Transferência Tecnológica (AFO).

Graças aos longos anos de experiência na cooperação com instituições brasileiras, as iniciativas do AFO possibilitaram a criação de um Centro Brasileiro na Universidade de Münster.

Desde junho de 2010, as atividades da WWU no Brasil são concentradas em seu Centro Brasileiro, que acabou se tornando uma referência para cientistas alemães e brasileiros. O Centro Brasileiro apoia também outras universidades alemãs que se dedicam a parcerias com instituições e organizações brasileiras.

O diretor do Centro Brasileiro da WWU, o brasileiro Ricardo Schuch, observou um "aumento significativo" nas cooperações bilaterais com o Brasil, realizadas por sua instituição durante o Ano Brasil-Alemanha da Ciência. Segundo ele, uma delas foi a criação de uma rede de contatos bastante atuante, e que tem como tema "princípios ativos naturais contra doenças negligenciadas".

Ano da Ciência ainda dá frutos

Em conversa com a DW Brasil, Schuch destacou projetos realizados em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), como a Master Class sobre Biônica – a criação de ideias a partir da natureza – realizada no Brasil. Ele observa também que houve um aumento no fluxo de estudantes de doutorado da USFC para universidades alemãs.

Contatos realizados através de iniciativas como essa serviram como base para a realização de outras atividades acadêmicas binacionais. Neste mês de maio, a WWS e seu Centro Brasileiro irão inaugurar um ciclo de eventos para resgatar a memória dos irmãos Fritz e Hermann Müller, contemporâneos de Charles Darwin e entusiastas da Teoria da Evolução. Ao defender a teoria evolucionista, Fritz e Hermann foram contra o consenso da época em torno da Teoria do Criacionismo, de orientação religiosa, e encontraram forte oposição.

Em razão disso, boa parte do seu legado acabou se perdendo. Para resgatar essa história, a WWU e seus parceiros desenvolvem exposições sobre os dois irmãos, na Alemanha e no Brasil, além de seminários e da criação de uma biblioteca virtual com todo o material ainda disponível sobre Fritz e Hermann Müller.

Foto: CC-BY-SA/Madeleine Price Ball

Intensificação de contatos

Também o centro brasileiro da Universidade de Tübingen foi muito ativo durante o Ano Brasil-Alemanha da Ciência, Tecnologia e Inovação 2010/11. Sabine Heinle, coordenadora do centro, analisa que a participação "resultou em uma rede bem mais intensificada de contatos", pela qual é possível promover o desenvolvimento através da eficiência e da sustentabilidade.

"Nossa instituição forneceu material gráfico e textos sobre o tema da biodiversidade a diversos eventos, em particular ao encerramento do Ano da Ciência", lembra Heinle. O Centro Brasileiro da Universidade de Tübingen também esteve representado no Road Show das instituições alemãs no Brasil em novembro de 2010.

O Road Show foi uma turnê de instituições acadêmicas da Alemanha por algumas das principais cidades do Brasil, onde universidades e organizações de pesquisa científica puderam expor seus potenciais de pesquisa.

Iniciativa de grande sucesso

Outro grande parceiro do Ano Brasil-Alemanha da Ciência, Tecnologia e Inovação 2010/11 foi o Centro Universitário da Baviera para a América Latina (Baylat), que informa sobre bolsas de estudo e possibilidades de obtenção de recursos externos para projetos e coordena contatos entre instituições de ensino superior da Baviera e da América Latina.

Irma de Melo-Reiners, diretora executiva do órgão, lembra o Ano da Ciência como uma iniciativa de grande sucesso. Sua instituição participou de vários dos cerca de 100 eventos realizados na Alemanha e no Brasil. Um deles foi a visita de reitores de universidades brasileiras a instituições acadêmicas alemãs.

Irma de Melo-Reiners, diretora executiva do Baylat em MuniqueFoto: BAYLAT

Por outro lado, reitores alemães visitaram o Brasil, em especial as instituições do sistema Acafe, que congrega as universidades particulares do estado de Santa Catarina. Graças a esse intercâmbio "inúmeros contatos foram estabelecidos, possibilitando o início de novas cooperações bilaterais", afirmou Melo-Reiners.

Parcerias internacionais

O encerramento oficial do Ano Brasil-Alemanha da Ciência, Tecnologia e Inovação ocorreu na Feira Industrial de Hannover de 2011.

Na ocasião, os dois países firmaram um acordo para criar um fundo conjunto de incentivo à pesquisa, disponibilizado pelo Ministério alemão da Educação e Pesquisa e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil.

O Ano Brasil-Alemanha de Ciência, Tecnologia e Inovação foi elaborado com base em iniciativas semelhantes com outros países parceiros, como China e Israel. Ele é parte da estratégia do governo alemão com parceiros internacionais estratégicos, visando à cooperação em pesquisas avançadas e excelência científica de ambos os países envolvidos. Em 2012 e 2013, o parceiro da Alemanha no Ano da Ciência é a Rússia.

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