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Jornalistas estrangeiros são mortos por forças de segurança na Síria

22 de fevereiro de 2012

Governo afirma que ambos não tinham registro de entrada no país e pede que profissionais em situação ilegal procurem as autoridades. Organizações querem criar corredores humanitários nas áreas mais atingidas.

In this Tuesday, Feb. 21, 2012 citizen journalism image provided by the Local Coordination Committees in Syria and accessed on Wednesday, Feb. 22, 2012, houses are seen damaged by Syrian government forces shelling in Homs, Syria. A Syrian activists said two foreign journalists were killed Wednesday by Syrian government forces shelling the restive central city of Homs. The report could not be immediately confirmed. (Foto:Local Coordination Committees in Syria/AP/dapd) THE ASSOCIATED PRESS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THE AUTHENTICITY, CONTENT, LOCATION OR DATE OF THIS HANDOUT PHOTO
Kämpfe in Homs, SyrienFoto: AP

Dois jornalistas ocidentais estão entre os 57 mortos nesta quarta-feira (22/02) pelas forças militares sírias, segundo ativistas da oposição. Eles acusam o governo de terem atacado intensionalmlente o prédio onde estavam pelo menos seis jornalistas, na periferia da cidade de Homs.

O ministério nega as acusações de que teria feito os ataques intencionalmente, e afirma que não tinha registro da entrada da americana Marie Colvin – experiente correspondente de guerra do jornal Sunday Times, de Londres – e do fotógrafo freelancer francês Remi Ochlik em território sírio.

Horas depois dos ataques, o Ministério da Informação na Síria disse que jornalistas ilegais no país devem se identificar para o governo na próxima terça-feira. "O Ministério pede para que todos os jornalistas estrangeiros que entraram ilegalmente na Síria vão ao centro de imigração e passaporte mais próximo para resolver sua situação de acordo com as leis em vigor", afirmou o governo por meio de um comunicado na televisão estatal.

As autoridades permitiram recentemente que jornalistas estrangeiros trabalhem no país, mas obriga-os a viajar com inspetores do Ministério da Informação.

Repressão crescente

A ação das tropas marca uma intensificação na repressão por parte do governo, em uma ofensiva que já dura três semanas e pretende quebrar a resistência em Homs.

A vice-secretária-geral para Assuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos, pediu ao presidente sírio Bashar al-Assad na terça-feira a liberação da entrada de organizações humanitárias no país, a fim de que possam oferecer ajuda à população.

Segundo testemunhas, a situação é desoladora. No centro de resistência – e dos ataques das tropas leais ao governo – vivem 80 mil pessoas. Muitos sobreviventes dos últimos ataques não têm o que comer.

"Hospitais são frequentemente bombardeados. Os médicos os reconstroem, mas eles são novamente atingidos. Agora os feridos são levados a abrigos mais seguros. Não temos mais o que comer. Onde estão as organizações de direitos humanos, a Cruz Vermelha?", questiona um morador.

Corredor humanitário

A Cruz Vermelha Internacional é a única organização estrangeira com representantes em Damasco. Há dias vem sendo negociado com o governo sírio um cessar-fogo e a criação de um corredor humanitário, para levar ajuda a Homs e outros locais onde os resgates são urgentemente necessários, como Hama, Deraa e Zabadani. Maior centro de resistência, Homs está completamente isolada.

No entanto, a oposição desconfia que as negociações para a criação de um corredor de ajuda possam abrir espaço para que as tropas de Assad entrem na região e alcancem uma vitória definitiva sobre os rebeldes.

O fotógrafo francês Remi Ochlik foi morto em HomsFoto: picture-alliance/dpa

"Obviamente este é um tema delicado, mas é preciso entender que somos uma organização neutra, apartidária, humanitária. Nossa meta não é encontrar saídas políticas para o conflito", ressaltou o porta-voz da Cruz Vermelha. "Buscamos apenas acesso a pessoas em situação de emergência e para isso não outro caminho que não o diálogo com todos os lados".

Os moradores ressaltam que não apenas os feridos pelos ataques precisam de ajuda. Doentes e grávidas também necessitam de assistência médica.

A oposição defende uma intervenção militar no país como única saída para conter o banho de sangue, conforme afirmou Basma Kodmani, do Conselho Nacional Sírio, de oposição, nesta quarta-feira em Paris. "Temos dois males: intervenção militar ou guerra civil prolongada", disse Kodmani.

Está marcada para sexta-feira em Túnis, capital da Tunísia, uma reunião com representantes de mais de 50 países e organizações internacionais para tentar encontrar meios de encerrar o massacre na Síria.

MSB/rtr/dpa/dw
Revisão: Francis França

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