Donald Trump anuncia apoio à reeleição de Bolsonaro
9 de setembro de 2022
Em sua plataforma de mídia social, republicano chama brasileiro de "homem maravilhoso". No mesmo dia, comparação entre os dois estampa capa da "Economist", que vê Bolsonaro como ameaça à democracia.
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O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump declarou nesta quinta-feira (08/09) apoio "completo e total" à reeleição do presidente Jair Bolsonaro, dizendo considerar o brasileiro "um cara formidável".
"O presidente Jair Bolsonaro do Brasil, 'o Trump Tropical' como é carinhosamente chamado, fez um GRANDE trabalho para o povo maravilhoso do Brasil", escreveu Trump em sua plataforma de mídia social, Truth Social. "Ele é um homem maravilhoso e tem meu completo e total apoio!", acrescenta.
Bolsonaro é um admirador de Trump. E o americano é, assim como o ex-capitão, conhecido por contestar a validade de resultados eleitorais.
O governante brasileiro costuma alegar, sem provas, que o sistema eleitoral brasileiro é propenso a fraudes, assim como Trump denunciou supostas irregularidades na última eleição presidencial em seu país, na qual perdeu para o democrata e atual presidente dos EUA, Joe Biden.
As críticas de Bolsonaro às urnas eletrônicas que o Brasil utiliza desde 1996 geraram rumores de que o chamado "Trump tropical" seguirá os passos do ex-presidente americano ao não reconhecer resultados se a votação não sair como ele deseja.
Em 2021, apoiadores de Trump invadiram o Capitólio em Washington em uma tentativa fracassada para impedir que o Congresso confirmasse a derrota eleitoral do magnata republicano para Biden.
A similaridade entre as ações chegou a ser objeto de comparação do The New York Times, um dos jornais mais importantes dos EUA, que afirmou que Bolsonaro estaria usando o mesmo método de Trump para quando for derrotado.
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Capa da "Economist"
O apoio de Trump foi divulgado no mesmo dia em que a prestigiada revista britânica The Economist estampa em sua capa Bolsonaro junto com Donald Trump. O americano aparece atrás da imagem do perfil do brasileiro, como se fosse sua sombra, projetada sobre a bandeira do Brasil. O título da publicação: "O homem que queria ser Trump". Abaixo da manchete vem a frase: "Bolsonaro prepara sua Grande Mentira no Brasil”.
A reportagem de capa tem como título a frase: "Ganhe ou perca, Jair Bolsonaro representa uma ameaça à democracia no Brasil". Em seguida, o texto diz: "Todos os sinais são de que ele vai perder a eleição e vai dizer que não".
O texto ressalta que o presidente está em segundo lugar nas pesquisas e afirma ser provável que ele perca a votação. A reportagem frisa que Bolsonaro tem repetido que aceitará o resultado, contanto que a eleição seja "limpa e transparente". A publicação diz, entretanto, que as alegações sobre eventuais irregularidades não têm fundamento e que ele não apresentou provas para sustentar suas suspeitas.
"Eis o ponto: Bolsonaro continua dizendo que as pesquisas estão erradas e que ele está a caminho de vencer. Ele continua insinuando, também, que a eleição pode de alguma forma ser manipulada contra ele. Ele não oferece nenhuma evidência confiável, mas muitos de seus apoiadores acreditam nele. Ele parece estar lançando as bases retóricas para denunciar fraude eleitoral e negar o veredicto dos eleitores", afirma a reportagem.
md/lf (AFP, ots)
Vírus verbal: frases de Bolsonaro sobre a pandemia
"E daí?", "gripezinha", "não sou coveiro", "país de maricas": desde que o coronavírus chegou ao Brasil, presidente tratou publicamente com desdenho a crise. Enquanto a epidemia avança, suas falas causam ultraje.
Foto: Andre Borges/dpa/picture-alliance
"Superdimensionado"
Em 9 de março, em evento durante visita aos EUA, Bolsonaro disse que o "poder destruidor" do coronavírus estava sendo "superdimensionado". Até então, a epidemia havia matado mais de 3 mil pessoas no mundo. Após o retorno ao Brasil, mais de 20 membros de sua comitiva testaram positivo para covid-19.
Foto: Reuters/T. Brenner
"Europa vai ser mais atingida que nós"
A declaração foi dada em 15 de março. Precisamente, ele afirmou: "A população da Europa é mais velha do que a nossa. Então mais gente vai ser atingida pelo vírus do que nós." Segundo a OMS, grupos de risco, como idosos, têm a mesma chance de contrair a doença que jovens. A diferença está na gravidade dos sintomas. O Brasil é hoje o segundo país mais atingido pela pandemia.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/GDA/O Globo
"Gripezinha" e "histórico de atleta"
Ao menos duas vezes, Bolsonaro se referiu à covid-19 como "gripezinha". Na primeira, em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional, ele afirmou, que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria no máximo uma “gripezinha ou resfriadinho”. Dias depois, disse: "Para 90% da população, é gripezinha ou nada."
Foto: Youtube/TV BrasilGov
"Todos nós vamos morrer um dia"
Após visitar o comércio em Brasília, contrariando recomendações deu seu próprio Ministério da Saúde e da OMS, Bolsonaro disse, em 29 de março, que era necessário enfrentar o vírus "como homem". "O emprego é essencial, essa é a realidade. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia."
Foto: Reuters/A. Machado
"A hidroxicloroquina tá dando certo"
Repetidamente, Bolsonaro defendeu a cloroquina para o tratamento de covid-19. Em 26 de março, quando disse que o medicamento para malária "está dando certo", já não havia qualquer embasamento científico para defender a substância. Em junho, a OMS interrompeu testes com a hidroxicloroquina, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/F. Taxeira
"Vírus está indo embora"
Em 10 de abril, o Brasil ultrapassou a marca de mil mortos por coronavírus. No mundo, já eram 100 mil óbitos. Dois dias depois, Bolsonaro afirmou que "parece que está começando a ir embora essa questão do vírus". O Brasil se tornaria, meses depois, um epicentro global da pandemia, com dezenas de milhares de mortos.
Foto: Reuters/A. Machado
"Eu não sou coveiro"
Assim o presidente reagiu, em frente ao Planalto, quando um jornalista formulava uma pergunta sobre os números da covid-19 no Brasil, que já registrava mais de 2 mil mortes e 40 mil casos. “Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?”, afirmou Bolsonaro em 20 de abril.
Foto: picture-alliance/AP Images/A. Borges
"E daí?"
Foi uma das declarações do presidente que mais causaram ultraje. Com mais de 5 mil mortes, o Brasil havia acabado de passar a China em número de óbitos. Era 28 de abril, e o presidente estava sendo novamente indagado sobre os números do vírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre...”
Foto: Getty Images/A. Anholete
"Vou fazer um churrasco"
Em 7 de maio, o Brasil já contava mais de 140 mil infectados e 9 mil mortes. Metrópoles como Rio e São Paulo estavam em quarentena. O presidente, então, anunciou que faria uma festinha. "Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha...". Dias depois, voltou atrás, dizendo que a notícia era "fake".
Foto: Reuters/A. Machado
"Tem medo do quê? Enfrenta!"
Em julho, o presidente anunciou que estava com covid-19. Disse que estava "curado" 19 dias depois. Fora do isolamento, passou a viajar. Ao longo da pandemia, ele já havia visitado o comércio e participado de atos pró-governo. Em Bagé (RS), em 31 de julho, sugeriu que a disseminação do vírus é inevitável. "Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta!”
Foto: Reuters/A. Machado
"País de maricas"
Em 10 de novembro, ao celebrar como vitória política a suspensão dos estudos, pelo Instituto Butantan, da vacina do laboratório chinês Sinovac após a morte de um voluntário da vacina, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria "deixar de ser um país de maricas" por causa da pandemia. "Mais uma que Bolsonaro ganha", comentou.
Foto: Andre Borges/NurPhoto/picture alliance
"Chega de frescura, de mimimi"
Em 4 de março de 2021, após o país registrar um novo recorde na contagem diária de mortes diárias por covid-19, Bolsonaro afirmou que era preciso parar de "frescura" e "mimimi" em meio à pandemia, e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando". Ele ainda chamou de "idiotas" as pessoas que vêm pedindo que o governo seja mais ágil na compra de vacinas.