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Dortmund rumo ao título, mas Bayern confia na virada

15 de janeiro de 2019

Borussia ostenta atualmente uma vantagem de seis pontos sobre os bávaros, que estão em segundo na tabela da Bundesliga. Mas se história de virada no campeonato se repetir, Bayern ainda pode dar a volta por cima.

Marco Reus e Jadon Sancho comemoram gol do Dortmund em partida contra o Bayer Leverkusen, em setembro de 2018
Marco Reus e Jadon Sancho comemoram gol do Dortmund em partida contra o Bayer Leverkusen, em setembro de 2018Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd

De 1963 a 2017, dos 54 campeões de outono da Bundesliga, 37 acabaram se tornando campeões da temporada, o que representa um percentual considerável de 69%. E quando o assunto é Borussia Dortmund, a estatística é ainda mais contundente. Todas as três vezes em que os aurinegros levantaram o título simbólico do primeiro turno (2010, 1995 e 1994), terminaram o campeonato com a conquista da Salva de Prata, símbolo máximo do título de campeão alemão.

Em 2010, o Dortmund terminou o primeiro turno com ampla vantagem de dez pontos sobre os seus mais diretos perseguidores, Leverkusen e Mainz, encaminhando a fatura do título praticamente na primeira metade do campeonato.

Na temporada 95/96 a disputa foi mais acirrada. Ao término do primeiro turno, os aurinegros contabilizavam apenas dois pontos de vantagem sobre o Bayern. No segundo, porém, os bávaros caíram de produção, não se recuperaram mais e tiveram que se contentar com o vice-campeonato. A tabela final apontava o Dortmund como campeão, seis pontos à frente do seu arquirrival da Baviera.

Já na campanha de 94/95, a disputa foi cabeça à cabeça do começo ao fim do campeonato, literalmente. O título foi decidido somente na última rodada. Quando o Borussia Dortmund entrou em campo no Westfalenstadion para encarar o Hamburgo, estava um ponto atrás do líder Werder Bremen. Precisava vencer de qualquer forma, além de torcer por um tropeço do seu rival do norte, que, ao mesmo tempo, jogava contra o Bayern no Estádio Olímpico de Munique. Dito e feito. Os aurinegros fizeram sua lição de casa ao derrotar os hamburgueses por 2 a 0, e os alviverdes sucumbiram diante dos bávaros (1 a 3). 

Mas não são apenas as estatísticas que trabalham a favor do Dortmund. Vale dizer ainda que, além de o Borussia ostentar atualmente uma vantagem de seis pontos sobre o seu mais direto perseguidor, Lucien Favre conseguiu montar uma equipe altamente competitiva.

O time está coeso e com padrão de jogo definido, trabalha com variações táticas de acordo com o adversário e a situação de momento do confronto, redescobriu o seu talento de surpreender o adversário com contra-ataques letais através de uma transição veloz da defesa/meio campo para o ataque, e acima de tudo, tem jogadores chave de excepcional talento, como Hakimi, Witsel, Sancho, Reus e Alcácer para traduzir em campo a estratégia de jogo planejada pelo técnico.     

Como nem tudo é perfeito, há uma pedra no sapato, ou na chuteira, do Dortmund. Acontece que no segundo turno, a equipe aurinegra vai enfrentar todos os seus principais perseguidores fora de casa. Estão na lista Bayern, Borussia M'Gladbach, Eintracht Frankfurt e Leipzig.

É justamente aí que mora o perigo para o BVB e reside a esperança do maior campeão alemão da história de ainda conseguir uma virada. Fora dos seus domínios, os bávaros têm um caminho bem mais fácil do que os aurinegros: do atual G4 pegam apenas o Gladbach (2.3.) e Leipzig (11.5.) De resto, é mamão com açúcar.

Portanto, no frigir dos ovos, pode-se considerar que a campanha do Bayern, no segundo turno, deverá ser mais fácil do que para o BVB.

Conversando com torcedores da gema do atual hexacampeão, fui lembrado da maior virada da história da Bundesliga do primeiro para o segundo turno. Desafiado a dizer qual foi, de bate-pronto não consegui responder. Um torcedor amigo veio me socorrer e contou como foi.

Era a temporada 2008/2009. O primeiro turno terminou com o Wolfsburg nove pontos atrás dos líderes Bayern e Hoffenheim, amargando um medíocre nono lugar na tabela de classificação. Na época, um colega de trabalho bem que me avisou: "Fique de olho no Wolfsburg – está subindo de produção." Os lobos eram dirigidos por Felix Magath, um técnico fanático por exercícios físicos com bola medicinal e tudo mais a que se tem direito.

No segundo turno, o time fez uma campanha excepcional e desbancou todo mundo. A cereja do bolo foi uma goleada inesquecível em cima dos bávaros por 5 a 1, com dois gols do brasileiro Grafite – que inclusive se tornou o maior artilheiro da temporada, com 28 gols.

Foi nessa partida inesquecível que o Wolfsburg assumiu a liderança na classificação geral e não a largou mais.

No fim, os lobos viraram a tabela de cabeça para baixo, conquistaram seu primeiro e único título de campeão alemão, deixando o Bayern para trás comendo poeira e tendo que se contentar com o vice.

Depois de contar a história desse jogo e daquela temporada que entrou para os anais da Bundesliga, meu amigo me perguntou: "Se o Wolfsburg foi capaz de uma virada desse porte, anulando uma vantagem de nove pontos, por que o meu Bayern não seria capaz de fazer o mesmo desta vez? São apenas seis pontos!"

Ainda tentei contra-argumentar, mas meu amigo torcedor bávaro saiu de fininho, convicto da virada do time da sua paixão.  

Sem dúvida, é uma bela história. Será mesmo que vai se repetir agora com os bávaros dando a volta por cima dos aurinegros? 

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no Twitter, Facebook e no site Bundesliga.com.br

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