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Dresden torce por um Dia da Unidade Alemã pacífico

3 de outubro de 2016

Capital da Saxônia é apreensiva anfitriã da cerimônia pela reunificação da Alemanha, centenas de milhares são esperados. Mas atos xenófobos mancham sua imagem, e o medo de atentados norteia as medidas das autoridades.

Igreja Frauenkirche, símbolo de Dresden
Igreja Frauenkirche, símbolo de DresdenFoto: picture-alliance/ZB/T. Eisenhuth

Apesar do devastador bombardeio no fim da Segunda Guerra Mundial, a cidade de Dresden, no Leste da Alemanha, tem muita beleza arquitetônica a oferecer. Dois de seus mais imponentes edifícios estão em foco nesta segunda-feira (03/10), quando o país comemora o 26º aniversário de sua reunificação pacífica.

Na igreja Frauenkirche – símbolo da cidade, reconstruído com grande engajamento por parte dos cidadãos – é celebrado um culto ecumênico. Na Semperoper, uma das mais famosas casas de ópera do mundo, transcorre a cerimônia festiva central. Os convidados de mais alto escalão serão o presidente Joachim Gauck, a chanceler federal Angela Merkel e o presidente do parlamento federal, Norbert Lammert.

Seguindo a tradição, todos os 16 estados federados se apresentam no Dia da Unidade Alemã. Para os visitantes, não faltam ofertas culturais e culinárias, graças a um generoso programa paralelo e à robusta cozinha saxã.

Medo de atentados

No entanto, uma pergunta paira temerosa no ar: será que alguém vai cuspir na sopa e estragar a festa? O prefeito da capital do estado da Saxônia, Dirk Hilbert, convoca habitantes e visitantes a celebrarem com alegria, caso contrário os "instigadores e amedrontadores" ganharão mais impulso e apoio, receia o político liberal democrático.

Esse desejo soa quase ingênuo, diante da má imagem que as passeatas xenófobas conferem a Dresden: há quase dois anos, todas as segundas-feiras, os assim chamados "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente" (Pegida, na sigla em alemão) chegam a mobilizar até alguns milhares de manifestantes. E também no Dia da Unidade eles pretendem protestar.

Os ataques com explosivos da segunda-feira anterior, contra uma mesquita e um centro de congressos, mostram quão agressivo o clima é, no momento. Embora os autores e as circunstâncias ainda não sejam conhecidos, não se descartam motivações xenófobas.

Mais de 2 mil policiais foram mobilizados para garantir a segurança. Em torno da ampla área de festas, no centro da cidade, foram postados grandes blocos de concreto, a fim de impedir eventuais ataques com veículos automotivos. O atentado de Nice, no feriado nacional francês, foi uma advertência para os organizadores das festividades na Alemanha.

Mas, apesar de todas as preocupações e ressalvas, Dresden espera várias centenas de milhares de visitantes. Os hotéis estão bastante lotados, embora tenha havido um número considerável de cancelamentos.

Passeata do Pegida na praça Altmarkt: anti-islâmicos terão que ceder lugar para comemorações do Dia da UnidadeFoto: picture-alliance/dpa/A. Burgi

Contra a xenofobia no Bundestag

Também no Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), a xenofobia, tão acentuada na capital saxã, foi tema na última sexta-feira. No debate paralamentar sobre o recém divulgado relatório anual sobre o status da reunificação, a encarregada federal para assuntos do Leste alemão, Iris Gleicke, enfatizou uma constatação.

Naturalmente o fortalecimento do extremismo de direita, racismo e xenofobia é um fenômeno e problema nacional. No entanto, no Leste o número de atos criminosos com essa motivação é bem mais alto, em relação ao total da população regional. "Será que vamos fazer de conta que essa constatação não existe?", questionou a política social-democrata.

Antecipando as comemorações do Dia da Unidade, a chefe da bancada oposicionista verde, Katrin Göring-Eckardt, expressou horror diante dos incidentes mais recentes em Dresden. A ocasião deveria ser uma festa da reunificação em uma Alemanha cosmopolita, liberal e tolerante: em vez disso, os atentados a bomba é que definirão a imagem do feriado nacional.

"Se levamos a unidade alemã a sério, então estamos falando de convivência e coesão no nosso país", observou a deputada. Então, a questão também é atuar contra os xenófobos, lado a lado com os recém-imigrados, e deixar claro: "Este é o nosso país, esta é a nossa democracia – e vamos defendê-los."

Marcel Fürstenau Autor e repórter de política e história contemporânea, com foco na Alemanha.
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