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Futebol

DW (jv/as)19 de novembro de 2008

Pênaltis inesquecíveis, heróis trágicos e um dos gols mais famosos da história do futebol: em cem anos de rivalidade, o clássico entre Alemanha e Inglaterra foi marcado por muitos dramas.

Gerd Müller marca o terceiro gol da Alemanha contra a Inglaterra, na Copa 1970Foto: picture-alliance/ dpa

Assim que a bola rolar em Berlim, nesta quarta-feira (19/11), ingleses e alemães se enfrentarão pela 31ª vez num dos principais clássicos do futebol europeu. Oficialmente a partida é um amistoso, o último da seleção alemã neste ano, mas o confronto contra a Inglaterra é sempre antecedido por uma certa tensão entre os dois lados. "A Inglaterra é um adversário especial", resumiu o técnico alemão, Joachim Löw.

Andreas Brehme, Thomas Berthold e Jürgen Klinsmann celebram o título de 1990Foto: picture-alliance/dpa

Desde 1908, as duas seleções se enfrentaram 30 vezes, das quais a Inglaterra saiu vitoriosa em 14 e a Alemanha, em 12. O primeiro jogo também foi em Berlim, em 20 de abril de 1908, e a seleção alemã foi goleada por 5 a 1. Um ano depois, nova derrota: 9 a 0 em Oxford. É, até hoje, a maior goleada já sofrida por uma seleção alemã.

Mas a base para a atual rivalidade foi estabelecida em 1966, quando a Inglaterra ganhou a controversa final da Copa do Mundo contra a Alemanha. O jogo estava empatado em 2 a 2 quando, já na prorrogação, Geoff Hurst marcou um dos gols mais controversos da história do futebol. Para os ingleses, foi gol. Para os alemães, não. O juiz concordou com os ingleses, e Hurst ainda teve tempo de marcar mais um gol, fechando o placar em 4 a 2.

A primeira vitória da Alemanha aconteceu apenas em junho de 1968, em Hannover. O gol foi marcado por Franz Beckenbauer. Na Copa de 1970, no México, Uwe Seller, Gerd Müller e companhia se vingaram da derrota de 1966 e eliminaram a Inglaterra nas quartas-de-final por 3 a 2.

Outra lembrança amarga para os ingleses é a derrota nos pênaltis na semifinal da Copa do Mundo de 1990 e o troféu de campeão sendo erguido por Lothar Matthäus e Jürgen Klinsmann.

Em outubro de 2000, os alemães voltaram a vencer em jogo válido pelas Eliminatórias da Copa 2002. A partida disputada em Wembley foi a última no legendário estádio – e o último gol foi marcado por um alemão, Dietmar Hamann.

Em setembro de 2001, uma goleada de 5 a 1 nas Eliminatórias da Copa de 2002, em Munique, reacendeu o espírito fanático inglês. Mas os alemães imporiam nova derrota aos seus tradicionais rivais em 2007, na reinaguração de Wembley, pelo placar de 2 a 1.

Inveja toma os ingleses

"Para a Inglaterra, a principal razão da rivalidade vem da combinação do sucesso da Alemanha em Mundiais e a sucessão de derrotas inglesas para os alemães a partir de 1970", disse Jeff Hill, do Centro Internacional de História do Esporte, da Universidade De Montfort. "Não havia muita rivalidade até 1966 e nem durante a Copa do Mundo daquele ano, até a grande final."

O duvidoso gol de Geoff Hurst em 1966: a bola entrou?Foto: AP

As derrotas contra os alemães na semifinal da Copa de 1990 e na semifinal da Eurocopa seis anos mais tarde são os fatos que mais abalaram os ingleses. Então é a revanche que move a Inglaterra em campo sempre que o adversário é a Alemanha?

"Há sim uma certa dose de inveja", disse Hill. "Os ingleses parecem pensar que o que está em jogo é o orgulho nacional e que os alemães têm que ser derrotados a qualquer custo. A tradicional rivalidade contra a Escócia perdeu força, e os alemães substituíram os escoceses na cabeça dos ingleses."

Rivalidade só de um lado

E a revanche alemã? Será que os alemães ainda guardam rancor do polêmico gol de Geoff Hurst em Wembley, que levou a Inglaterra a ganhar o título mundial em 1966?

Joe Cole (c) e Piotr Trochowski disputam a bola na reinauguração de WembleyFoto: AP

"Acho que a rivalidade vem só de um lado", disse Raphael Honigstein, correspondente de futebol europeu do Süddeutsche Zeitung. "Para a Alemanha, é um grande jogo e sempre uma chance de ganhar. A pedra no sapato dos alemães são os holandeses."

Honigstein acredita que, para a Alemanha, a final de 1966 é passado. "Os alemães sabem que os ingleses nutrem uma grande rivalidade em relação a eles, mas respeitam a Inglaterra e se preparam da mesma maneira que para uma partida contra a Itália", explicou Honigstein.

Entretanto, há um toque nostálgico do lado alemão quando o adversário é a Inglaterra. "Os alemães sempre usaram os jogos contra os ingleses para testar suas habilidades para conquistas maiores", disse Honigstein. "Quando a então Alemanha Ocidental veio a Wembley em 1972 e venceu por 3 a 1, os alemães ganharam a Eurocopa do mesmo ano e a Copa do Mundo de 1974."

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