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"E o vento levou" é retirado da HBO após atos antirracismo

Elliot Douglas | Carlos Albuquerque
10 de junho de 2020

Filme foi removido da plataforma de streaming por perpetuar estereótipos racistas. HBO Max diz que clássico voltará em breve ao catálogo, mas junto a uma discussão sobre os preconceitos raciais expostos na película.

Hattie McDaniel, aqui vista ao lado de Clark Gable, em "E o vento levou"
Hattie McDaniel, aqui vista ao lado de Clark Gable, em "E o vento levou"Foto: picture-alliance/United Archives/IFTN

A plataforma de streaming HBO Max retirou nesta quarta-feira (10/06) o filme E o vento levou do seu catálogo nos Estados Unidos, após a película de 1939 ser criticada durante anos por transmitir uma visão idílica da escravidão e perpetuar estereótipos racistas.

Vencedor de vários Oscars, o épico da Guerra Civil dos EUA, rodado em 1939, é o filme de maior bilheteria de todos os tempos, quando ajustado pela inflação. No entanto, desde o seu lançamento, ele tem sido motivo de controvérsia por retratar escravos leais e simplórios junto a seus heroicos proprietários.

"E o vento levou é um produto de seu tempo e retrata alguns dos preconceitos étnicos e raciais que, infelizmente, têm sido comuns na sociedade americana", disse um porta-voz da HBO Max. "Essas representações racistas estavam erradas no passado e estão erradas hoje, e sentimos que seria desnecessário manter esse título sem explicação e sem uma denúncia dessas representações", acrescentou.

O filme, baseado no livro homônimo de Magaret Mitchell, voltará em breve à plataforma de streaming "como foi originalmente criado", junto a uma discussão sobre os preconceitos raciais que aparecem na película. "Se quisermos fazer um futuro mais justo, igualitário e inclusivo, precisamos primeiro reconhecer e entender nossa história", disse a HBO Max.

A retirada de E o vento Levou por parte da HBO Max vem um dia após o jornal Los Angeles Times publicar um artigo editorial no qual o escritor e diretor americano John Ridley ‒ roteirista de 12 anos de escravidão, vencedor do Oscar de 2014 ‒ pediu a medida, alegando que a história "glorifica" a escravidão durante a Guerra de Secessão dos EUA. "Ignora os seus horrores e perpetua os estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor", escreveu.

Hattie McDaniel ganhou Oscar de melhor atriz coadjuvante, mas teve que se sentar separada dos colegas brancos em cerimônia de premiaçãoFoto: picture-alliance/United Archives/IFTN

E o vento levou já foi criticado na época de sua estreia por ativistas, como o roteirista afro-americano Carlton Moss, que protestou contra as estereotipadas caracterizações das personagens negras como "preguiçosas, simplórias e irresponsáveis" e também pelo fato de mostrar "uma exultante aceitação da escravidão".

Quando a atriz afro-americana Hattie McDaniel ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante pela interpretação da escrava Mammy, ela teve de se sentar separada dos companheiros no fundo na sala, devido às leis de segregação racial.

A decisão da HBO Max coincide com a decisão de outras empresas, como a Disney, que evitou incluir no seu novo serviço de streaming A canção do Sul, um filme polêmico desde que estreou, em 1946, sob acusações de ridicularizar a população negra e justificar a escravidão. Ou o canal de TV Paramount Network, que cancelou o programa de reality Cops, estreado em 1989 como um formato que mostrava policiais em operações reais.

Manifestações tomaram conta dos Estados Unidos desde que o afro-americano George Floyd morreu durante uma ação policial, em 25 de maio último, em Minneapolis, com crescentes pedidos de reforma policial e remoção mais abrangente de símbolos de um legado racista, incluindo monumentos relacionados com os estados americanos que apoiavam a escravidão.

No Reino Unido, o programa de comédia Little Britain, que incluem cenas do cocriador David Walliams em blackface, foi removido dos serviços de streaming online, incluindo a Netflix, nesta semana.

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