FMI piora previsões da maior economia da Europa. Afetada por recessão, Alemanha deve ter a pior performance econômica entre as nações do G7 em 2023.
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Projeções divulgadas nesta terça-feira (10/10) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam que a economia da Alemanha deve fechar 2023 com retração de 0,5%, o que representa uma queda ainda maior do que a prevista em julho deste ano, quando o fundo apontou resultado negativo de 0,3%.
A estimativa, se confirmada, deve fazer com que Alemanha seja a única nação do G7 (grupo formado pelas democracias liberais mais industrializadas do mundo) a ter contração.
Os motivos apontados para a provável queda são uma maior fraqueza nos setores ligados à taxa de juros, uma menor demanda dos parceiros comerciais e, por consequência, diminuição na produção industrial.
Em contraste, o FMI melhorou as previsões em relação à economia do Brasil. A estimativa de crescimento brasileiro subiu para 3,1% em 2023 - um ponto percentual acima dos 2,1% antecipados em julho.
Nesta quarta, Berlim divulgará suas próprias estimativas. Mas, no início de outubro, o governo alemão já havia declarado que espera que a economia encolha 0,4% este ano, culpando os altos preços de energia e o enfraquecimento da economia global.
Além disso, há a inflação, ainda que em setembro a taxa tenha atingido seu menor patamar – em comparação ao mesmo período no ano passado – desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022: 4,5%.
O número diminuiu em relação aos 6,1% registrados em agosto, e é a primeira vez que ficou abaixo de 5% desde o início da guerra – em fevereiro do ano passado, a inflação foi de 4,3%.
Em 2022, a Alemanha cresceu 1,8%. Por isso, o FMI aponta alguns fatores ainda presentes na economia mundial como responsáveis pelo declínio em 2023, além da inflação alta, a política monetária restritiva, guerra na Ucrânia e eventos climáticos extremos.
Crescimento e desafios em 2024
Para 2024, o FMI projeta crescimento de 0,9% para a Alemanha, número menor do que o 1,3% previsto em julho. Ao mesmo tempo, a maior economia da Europa deve continuar enfrentando uma série de desafios.
Além dos altos preços de energia devido à guerra na Ucrânia, os custos de empréstimos em meio a aumentos da taxa de juros do Banco Central Europeu para frear a inflação e a menor demanda da China têm afetado a Alemanha, que é uma potência exportadora.
O fim das importações baratas de gás russo abalou especialmente os setores alemães que fazem uso intensivo de energia, provocando muita preocupação com uma possível desindustrialização, já que algumas empresas pensam em transferir a produção para o exterior.
Ao mesmo tempo, a nação mais populosa da União Europeia enfrenta problemas estruturais, como o envelhecimento da população e a escassez de trabalhadores qualificados.
"Doente da Europa"
A inquietação é tão grande que alguns veículos de comunicação especularam sobre o ressurgimento da Alemanha como "o homem doente da Europa", um rótulo do final da década de 1990, quando o país enfrentou os altos custos sociais e econômicos da reunificação.
O ministro da Economia, Robert Habeck, defende medidas urgentes para buscar uma recuperação: "Precisamos remover obstáculos para os investimentos, acabar com a forte burocracia e facilitar as coisas para os empresários", disse, no final do mês passado.
O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, também anunciou um pacto que inclui medidas para acelerar a digitalização e os processos de aprovação de projetos.
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Zona do euro cresce pouco
Os problemas enfrentados pela Alemanha em termos econômicos deverão refletir também na zona do euro em 2023, com o FMI reduzindo a previsão de crescimento para 0,7%.
Notícias um pouco melhores recebeu a França, que, com maior demanda externa e consequente recuperação industrial, tem previsão de 1% de crescimento, pouco acima do 0,8% projetado anteriormente.
A Itália, que normalmente enfrenta inflação acima da média da zona do euro, teve a previsão de crescimento reduzida em 0,4 ponto percentual, para 0,7%.
gb (dpa, AFP)
Empresas alemãs de história secular
Mais de 90% de todas as companhias na Alemanha são de propriedade familiar e geram mais da metade da receita da economia alemã. Algumas delas estão em atividade desde o século 16.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Reichel
Coatinc Company
Só no início de 2019 ficou-se sabendo que a Coatinc Company é a empresa familiar mais antiga da Alemanha. Historiadores da economia examinaram documentos da companhia e confirmaram 1502 como o ano de sua fundação. No princípio ela era apenas uma fundição em Siegen. O grupo se internacionalizou, mas até hoje a sede manteve-se fiel ao aprimoramento de superfícies metálicas.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg
William Prym
Até então a Prym, fundada em 1530, era considerada a empresa familiar mais antiga da Alemanha – agora ela tem que se contentar com o 2° lugar. Em seus primórdios, priorizou-se a produção de laminados e arames, a partir de 1903 prevaleceu a fabricação de utensílios de costura e botões de pressão. A companhia emprega 3.300 funcionários. Em 2018, sua receita girou em torno de 382 milhões de euros.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg
Wiegand Glas
A vidraçaria Wiegand foi criada em 1570 a partir de uma modesta oficina na região de Rhön. Embora a fabricação de vidro sempre tenha sido seu foco, em 1997, ela decidiu expandir a produção para embalagens PET. Hoje, a Wiegand Glas, com seus 1.800 funcionários e um faturamento anual de 486 milhões de euros em 2018, é uma das três principais fabricantes de recipientes de vidro na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Reichel
Berenberg
Desde o século 16, empresas atuam no setor bancário na Alemanha. O Berenberg Bank, fundado em Hamburgo em 1590, é o segundo banco mais antigo do mundo, depois do italiano Monte dei Paschi di Siena. Em 2018, seus 1.640 funcionários geraram um volume de negócios de 4,7 bilhões de euros nas áreas de gestão de ativos, investimento e banco corporativo.
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Friedr. Schwarze
Já em 1664 a Schwarze era mencionada oficialmente como uma destilaria. Vendendo seus produtos sob o nome Schwarze und Schlichte, ela possui em seu sortimento uma gama diversificada de destilados, afirmando-se com sucesso no setor. A Schwarze und Schlichte emprega 100 pessoas e realizou, em 2018, cerca de 47 milhões de euros em vendas.
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Merck
Fundada em 1668 como uma farmácia em Darmstadt, a Merck é a mais antiga empresa químico-farmacêutica do mundo. Ás vezes é confundida com a americana Merck & Co., que fazia parte da empresa alemã até 1917. Embora a firma dos EUA seja maior, a companhia alemã faturou em 2018 quase 15 bilhões de euros, e mantém 51.700 funcionários em todo o mundo.
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Lukas Meindl
A empresa Meindl foi fundada em 1683, quando Peter Meindl abriu uma das primeiras fábricas de sapatos em Kirchanschöring (Alta Baviera). Desde então, as gerações seguintes continuaram com sucesso o negócio. Com 200 funcionários e uma unidade de produção na cidade natal, a empresa familiar vende botas e roupas de couro em toda a Alemanha.
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Harry Brot
Uma simples padaria perto de Hamburgo foi a origem da panificadora atacadista Harry em 1688, cuja gama de produtos pode ser encontrada no leste, oeste e norte da Alemanha. Durante anos, investiu-se diligentemente na modernização da panificadora. Hoje, ela produz em nove unidades, emprega 4.375 pessoas e, em 2018, alcançou um faturamento de cerca de 1 bilhão de euros.
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Villeroy & Boch
A fábrica de cerâmica Villeroy & Boch foi fundada em 1748 pelo fundidor François Boch, num vilarejo da Lorena. De uma empresa que inicialmente produzia apenas porcelana, ela tornou-se ao longo de 270 anos em líder nos setores de louças sanitárias e utensílios de mesa. Hoje, emprega 7.500 funcionários em todo o mundo e alcançou em 2018 um faturamento de 835 milhões de euros.
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Siedle
A empresa familiar Siedle, hoje conhecida por sua tecnologia de comunicação predial, ainda era uma fundição ao ser fundada em 1750. Em 1887, voltou-se para a telefonia, de onde partiu para especializar-se em sistemas de comunicação em edifícios, a partir do início do século 20. Com 550 funcionários, a antiga fundição gerou um volume de negócios de 88 milhões de euros em 2018.