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Economia alemã pode encolher até 5,4% em 2020

30 de março de 2020

Conselho de Consultores Econômicos aponta que pandemia de coronavírus vai, inevitavelmente, levar a Alemanha a uma recessão ainda no primeiro semestre deste ano.

Berlin in Zeiten der Corona Pandemie
Shopping esvaziado em Berlim por causa da pandemiaFoto: DW/A. Stach

A pandemia do novo coronavírus vai, inevitavelmente, levar a Alemanha a uma recessão ainda no primeiro semestre deste ano, e pode provocar uma contração de até 5,4% no PIB em 2020, afirmou o Conselho de Consultores Econômicos do país (SVR, na sigla em alemão) nesta segunda-feira.

Como outros economistas em todo o mundo, o grupo esboçou diferentes cenários para o impacto do vírus, considerando uma queda acentuada seguida por uma rápida recuperação - um gráfico em formato de "V” -  ou um cenário em que a recuperação leve mais tempo para se materializar - um desenho em formato de "U".

Em sua perspectiva com a atividade econômica voltando ao normal no verão europeu, o Conselho prevê uma queda de 2,8% do PIB em 2020, seguida por uma expansão de 3,7% no próximo ano. Mas um "V" mais profundo devido a paradas generalizadas na produção ou a um período mais longo de isolamento pode causar um recuo de 5,4%, seguido de um crescimento de 4,9% em 2021. No cenário "U" ainda mais pessimista, com restrições de contato que durem além do verão e recuperação econômica apenas no próximo ano, o PIB poderia cair 4,5% em 2020, mas com crescimento de apenas 1% no próximo ano, sugeriram os especialistas.

Atualmente, os 83 milhões de alemães estão sob condições de bloqueio um pouco menos rigorosas do que em outros países europeus, como França, Espanha e Itália. No entanto, escolas permanecem fechadas, assim como a maior parte do comércio. Muitas empresas reduziram suas atividades com a demanda menor, caso da Lufthansa e da Volkswagen. O país tem hoje 57 mil infectados pelo covid-19 e conta  455 vítimas fatais. No final de semana, a chanceler Angela Merkel se mostrou contrária a um afrouxamento rápido das restrições.

O  consultor do SVR Achim Truger pediu a Berlim que coordene ações com outros governos europeus em relação à saúde e à economia, de forma a estabelecer as bases para a recuperação da economia altamente interconectada da Alemanha. "Não é muito bom se um país, supostamente a Alemanha, passa pela crise relativamente bem, mas ao nosso redor a crise continua, então não seremos capazes de aumentar a produção", disse Truger.

Os conselheiros saudaram como "bem-vindo" o pacote econômico de Berlim, incluindo acesso mais fácil a benefícios para trabalhadores em horários mais curtos, garantias para empréstimos a empresas e apoio direto às empresas mais atingidas pela crise - até e incluindo o estado comprando participação em empresas mais atingidas.

O Parlamento alemão suspendeu, na semana passada, a regra que impede o governo federal de se endividar, e aprovou um pacote de estímulo no valor de mais de 750 bilhões de euros para ajudar a lidar com as consequências econômicas do novo coronavírus.

Uma em cada cinco empresas vê risco de insolvência

Dados publicados na semana passada mostram um quadro sombrio para a economia alemã, com as atividades comerciais do setor privado caindo para os níveis mais baixos desde a crise financeira global de 2008. Quase uma em cada cinco empresas alemãs se vê em risco agudo de insolvência.

O SVR disse que os governos da zona do euro podem estabilizar as expectativas nos mercados financeiros enviando um sinal claro de que recursos fiscais extras serão disponibilizados imediatamente por meio de instrumentos como o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês) se necessário.

O ESM é uma agência da União Europeia que presta assistência financeira na forma de empréstimos a países da zona do euro - como aconteceu quando emprestou dinheiro à Grécia em crise - ou como novo capital para bancos em dificuldade.

Os estados-membros da zona do euro estão debatendo quando e como usar o fundo de socorro econômico na luta contra as consequências do novo coronavírus. Opções têm sido examinadas, incluindo a ideia de oferecer linhas de crédito para vários países ao mesmo tempo. Seria diferente das ações anteriores da agência, quando visou países individuais.

Segundo o jornal Financial Times, Alemanha e Holanda estão entre os países que temem que a tentativa de colocar usar o fundo em breve possa enviar a mensagem errada e minar a confiança do investidor.

LL/rts/afp

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