País entra em recessão técnica após registrar contração trimestral mais acentuada desde a crise financeira de 2008. Devido à crise provocada pela covid-19, economistas preveem queda do PIB ainda maior nos próximos meses.
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Em meio à pandemia do novo coronavírus, a economia alemã recuou 2,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao período anterior – a maior contração trimestral registrada desde a crise financeira de 2008/2009 e a segunda maior desde a Reunificação do país, em 1990, segundo dados preliminares divulgados pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) nesta sexta-feira (15/05).
A agência também revisou os dados do PIB para o último trimestre de 2019, de crescimento zero para uma contração de 0,1%, o que significa que o país já sofreu contrações em dois trimestres consecutivos – o que configura uma recessão técnica.
Segundo analistas, a queda registrada é apenas um prelúdio do que ainda está por vir em consequência da crise provocada pela pandemia, que, em meado de março, levou ao fechamento do comércio e de fábricas na Alemanha.
Economistas esperam um recuou ainda maior no segundo trimestre, uma vez que o país manteve as medidas de isolamento social durante todo o mês de abril e no início de maio. Apesar da reabertura de boa parte da economia, setores como o do turismo continuam paralisados.
Ainda assim, as perspectivas para a Alemanha parecem ser um pouco melhores do que as da França e da Itália, cujas economias recuaram 5,8% e 4,7% no primeiro trimestre, respectivamente.
Isso se deve em parte ao fato de a Alemanha ter permitido a reabertura de fábricas e locais de construção, além do pacote de ajuda anunciado pelo governo da chanceler federal Angela Merkel, que inclui medidas de resgate para os estados e a permissão às empresas para reduzir a jornada de trabalho dos funcionários, de modo a evitar demissões em massa.
Em relação ao primeiro trimestre de 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu 2,3% nos primeiros três meses deste ano, após uma expansão de 0,4% no último trimestre do ano anterior, seguindo dados do Destatis sazonalmente ajustados.
Medo da covid-19 dominou mercado financeiro. Mas nem toda empresa sofreu com o coronavírus: para algumas, os negócios nunca foram tão lucrativos.
Foto: picture-alliance/B. Kammerer
Quarentena diante da TV
Quando as ações caíram em todo o mundo na última semana de fevereiro de 2020, os títulos do serviço de streaming de vídeos resistiram com sucesso à queda. O cálculo dos corretores é simples: quanto mais os cidadãos precisarem ficar em casa devido ao vírus, mais assistem a séries e filmes na Netflix e outras plataformas.
Foto: picture-alliance/AA/M.E. Yildirim
Pedalando juntos – sem contato
A startup do setor de fitness Peloton Interactive, que oferece bicicletas ergométricas e aulas de ginástica online, não pode reclamar da cotação de suas ações: como cada vez mais adeptos do fitness evitam a academia por medo do vírus, muitos usam a bicicleta de última geração da Peloton, que permite conectar-se em rede para pedalar em conjunto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Lennihan
Bilionários do vírus
O chefe da companhia farmacêutica Moderna, Stephane Bancel (dir.), tornou-se bilionário da noite para o dia, quando sua empresa anunciou uma nova vacina contra o coronavírus para testes clínicos em humanos, fazendo disparar o valor de suas ações na Bolsa. Lim Wee-Chai, da Malásia, proprietário majoritário do fabricante de luvas médicas Top Glove, também entrou para o clube de bilionários.
Ferramentas para escritório em casa
As ações da startup Zoom Video Communications, que oferece software de comunicação para videoconferências e reuniões online, aumentaram quase 50% desde fevereiro. Quanto mais gente trabalha em casa, melhor para os negócios da empresa californiana: com 2,2 milhões de novos clientes, a Zoom já conquistou mais usuários nos primeiros dois meses de 2020 do que em todo o ano anterior.
Foto: zoom.us
Estocando para a grande crise
As compras por precaução em grandes redes de supermercados da Europa, como Rewe ou Carrefour, esvaziaram as prateleiras de massas e enlatados em alguns locais. A corrida aos supermercados fez com que investidores aplicassem em ações de fabricantes de alimentos embalados. Devido ao medo de sair de casa, também prosperam varejistas online, como Amazon ou a chinesa Alibaba.
Os fabricantes de máscaras de proteção, desinfetantes e lenços higiênicos vivenciam grande aumento da demanda, pois os consumidores procuram formas de se proteger do vírus que se dissemina. A companhia americana 3M, que fabrica máscaras anticontágio, entre outros artigos, é uma das mais beneficiadas.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/Yichuan Cao
Cooperação a distância segura
Na empresa alemã TeamViewer, que disponibiliza software para manutenção remota de compartilhamento de tela, videoconferência, transferência de arquivos e VPN, o número de usuários vem aumentando desde o surto de covid-19, especialmente na China, o epicentro da epidemia. O valor das ações subiu mais de 20% em poucos dias.