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Recuperação

5 de agosto de 2010

Pesquisas mostram o bom clima de negócios nas empresas e entre os consumidores alemães. Ainda assim, há sinais de alerta: o ritmo de recuperação deve cair até o final do ano.

Porto de Hamburgo: expectativas otimistasFoto: AP

A economia alemã parece ter superado a crise financeira: o setor divulga boas notícias e números positivos. Em julho, o Instituto de Pesquisa Econômica Ifo, que mede o clima de negócios de 7 mil empresas, elevou o índice alemão acima das expectativas. "Foi o maior crescimento desde a reunificação da Alemanha", disse o presidente do Ifo, Hans-Werner Sinn.

O Banco Central Europeu (BCE) registrou um aumento na concessão de créditos pelos bancos nos 16 países da zona do euro. Os empréstimos ao setor privado cresceram 0,3% em comparação com junho de 2009, segundo o BCE.

Enquanto o Deutsche Bank, maior banco alemão, registrou um lucro de 1,5 bilhão de euros (sem incidência de impostos), a empresa de software SAP teve um aumento de 15% em seus lucros no segundo trimestre. Já a montadora Daimler reverteu o prejuízo do segundo trimestre de 2009 em ganhos que chegaram a 1,3 bilhão euros.

Confiança entre os consumidores

O otimismo da indústria e dos analistas econômicos também é percebido no consumo. A confiança dos consumidores alemães não é tão grande desde novembro de 2009. Apesar do programa de austeridade fiscal do governo alemão e de reajustes no seguro saúde, em agosto o índice de confiança dos consumidores alcançou 3,9 pontos – em julho haviam sido 3,6.

O otimismo no consumo se deve à confiança na estabilidade no mercado de trabalho, à Copa do Mundo e aos dias ensolarados do verão europeu, segundo revelou o instituto de pesquisas de mercado GfK. E a Agência Federal do Trabalho acredita ser possível que, até o final do ano, o número de desempregados se reduza para menos de três milhões.

Influência dos EUA e da China

No entanto, há advertências contra todo esse otimismo: no momento está tudo correndo bem, mas o ritmo pode cair no segundo semestre. O instituto de economia IWH, de Halle, prevê que a recuperação desacelere até o fim do ano. Também o instituto DIW, de Berlim, calcula uma diminuição do compasso econômico nos últimos seis meses de 2010.

Os motivos seriam, principalmente, a desaceleração da conjuntura nos Estados Unidos e uma redução no crescimento da economia da China, o que poderia afetar as exportações alemãs. Também os programas rigorosos de austeridade fiscal impostos por praticamente todos os países da zona do euro podem frear esta dinâmica.

Para Michel Heise, economista chefe do grupo Allianz, ainda há razão para otimismo. Ele não acredita que os pacotes conjunturais afetem a recuperação econômica.

"Os programas de consolidação aprovados pelos países europeus não são tão rígidos a ponto de ameaçar o aquecimento da conjuntura nos próximos meses. Isso se deve, em grande parte, à desvalorização do euro, que traz consigo um impulso econômico. A longo prazo, isso pode levar a um aumento das exportações dos países da zona do euro em até 4%, o que é, naturalmente, bom para a conjuntura", pontua Heise.

Operando abaixo da capacidade

"Podemos respirar fundo, mas não superamos a crise", adverte Sinn, que revela preocupação com os baixos investimentos das empresas. Segundo previsões do Ifo, em 2010 os investimentos não chegarão a crescer 1%.

O baixo índice se deve ao fato de as empresas ainda não estarem operando com capacidade total e, nessa situação, não são adquiridas máquinas novas.

"No momento, os ânimos estão melhores do que a situação real, que é marcada pela capacidade ociosa devido à crise. Mas ao menos acontece algo por parte da demanda externa. Isso aumenta a confiança dentro da Alemanha, especialmente da indústria, e essa é uma boa notícia", finaliza Michael Grömling, do DIW.

Autor: Rolf Wenkel (np)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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