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Economia brasileira recua pela primeira vez em dois anos

30 de maio de 2019

Após tendência de leve expansão, PIB contrai 0,2% nos três primeiros meses de 2019, informa IBGE. Queda revela economia estagnada no início do governo Bolsonaro e traz ameaça de recessão. Guedes defende reformas.

Fábrica da Petrobras no Rio de Janeiro
O recuo no primeiro trimestre foi puxado por uma queda de 0,7% no setor industrialFoto: picture-alliance/dpa/W. Rudhart

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro contraiu 0,2% de janeiro a março deste ano, mostrando uma economia estagnada nos três primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (30/05) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A contração de 0,2% ante o quarto trimestre de 2018 marca o primeiro recuo da economia brasileira após dois anos seguidos de recuperação, ainda que a passos lentos.

Em 2017 e 2018, o PIB crescera 1,1%, após despencar 7,6% em 2015 e 2016. Já em comparação com os trimestres mais recentes, a economia brasileira avançara 0,5% no terceiro trimestre do ano passado e 0,1% no quarto trimestre.

Por outro lado, em relação ao mesmo trimestre de 2018, o PIB registrou um crescimento de 0,5% nos três primeiros meses deste ano. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 0,9%.

Os dados mostram que, do último trimestre de 2018 para o primeiro trimestre de 2019, a baixa de 0,2% foi puxada por um recuo de 0,7% no setor industrial. As principais atividades em queda foram a indústria extrativa mineral (-6,3%), construção (-2%) e indústrias da transformação (-0,5%).

A agropecuária também apresentou leve queda, de 0,5%. Os serviços tiveram taxa positiva de 0,2% no período, evitando um declínio mais acentuado da economia.

A queda foi puxada também pela formação bruta de capital fixo, ou seja, os investimentos, que caíram 1,7% entre o último trimestre de 2018 e o primeiro trimestre deste ano. As exportações também recuaram, em 1,9%.

Ao mesmo tempo, os consumos do governo e das famílias cresceram 0,4% e 0,3% no mesmo período, respectivamente. As importações tiveram alta de 0,5%.

Os dados do IBGE, embora já esperados por analistas, geram preocupação num país que ainda carrega os efeitos da recessão de 2015 e 2016, com taxas de crescimento fracas nos anos seguintes e cerca de 13 milhões de desempregados atualmente.

Com o recuo do crescimento, a economia brasileira fica agora sob ameaça de recessão – definida no dicionário econômico como o registro de dois trimestres consecutivos de contração em relação ao período imediatamente anterior.

Analistas destacam como fator preponderante para o atual recuo a frustração causada pelos atrasos na aprovação de reformas pró-mercado – em particular a reforma da Previdência – prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

Em seus cinco primeiros meses, o governo se viu imerso em polêmicas – inclusive com seus próprios aliados – que atrasaram a tramitação das reformas no Congresso e prejudicaram a confiança dos mercados na gestão de Bolsonaro.

Nesta quinta-feira, ao comentar os dados do IBGE, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a volta do crescimento depende das reformas econômicas. "Não vamos fazer truques ou mágicas", disse ele. "Vamos fazer reformas sérias, com fundamentos econômicos."

"Esse sonho do crescimento está ao alcance das nossas mãos. É só implementar as reformas. Como demorou um pouco a implementação das reformas, as previsões foram revistas para baixo", acrescentou o economista.

Mais tarde, Guedes anunciou que o governo estuda liberar saques de contas ativas do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) a fim de impulsionar a economia brasileira.

A medida é similar à implementada pelo governo do ex-presidente Michel Temer no final de 2016, mas que liberou recursos de contas inativas. O objetivo é o mesmo: injetar recursos capazes de alavancar a volta do crescimento.

A medida, entretanto, ainda segue em estudo e só deve ser implementada após a eventual aprovação da reforma da Previdência. "Temos que começar pelas coisas mais importantes", disse Guedes.

Atualmente, o saque nas contas ativas do FGTS só é permitido em situações específicas, como no caso de o trabalhador ser demitido sem justa causa ou se a intenção for utilizar os recursos na aquisição de casa própria.

EK/abr/afp/lusa/ots

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