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Economia em queda livre

Agências (as)13 de fevereiro de 2009

Zona do euro registra maior queda do PIB desde a introdução da moeda única europeia. Economia desacelera em vários países europeus, incluindo Alemanha, França, Itália e Espanha. Bundestag aprova segundo pacote anticrise.

Alemanha enfrenta pior recessão do pós-GuerraFoto: picture-alliance / chromorange

A crise econômica atinge a União Europeia (UE) num ritmo mais acentuado do que o previsto por analistas, conforme mostram vários números relativos ao desempenho da economia divulgados nesta sexta-feira (13/02) na Europa.

Segundo dados parciais do Eurostat, o órgão de estatísticas da UE, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro caiu 1,5% no último trimestre de 2008 em comparação com o período anterior. É a terceira queda consecutiva e a maior desde a introdução da moeda. Analistas esperavam um recuo entre 1,2% e 1,3%.

Na comparação anual, a queda no quarto trimestre do ano foi de 1,2%, ante uma expectativa de 1%. Para todo o ano de 2008, o crescimento da economia na zona do euro ficou em 0,7%, de acordo com o Eurostat.

Na União Europeia como um todo, o PIB também caiu 1,5% no último trimestre de 2008 em relação ao trimestre anterior. Apesar da queda, no ano o PIB cresceu 0,9%.

Também as principais economias da zona do euro – Alemanha, França, Itália e Espanha – divulgaram nesta sexta-feira quedas nos respectivos PIBs. "Os números não são realmente surpreendentes", comentou o comissário europeu de Economia, Joaquín Almunia, por meio de um porta-voz. "Estamos em meio a uma crise mundial, e ela vai durar." A expectativa da Comissão Europeia é que a situação melhore no segundo semestre do ano.

Alemanha

Na Alemanha, o Produto Interno Bruto teve no quarto trimestre de 2008 a maior queda do período pós-reunificação. Segundo números divulgados pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis), o PIB caiu 2,1% na comparação com o trimestre anterior. É a terceira queda trimestral consecutiva.

Porto de Hamburgo: exportações em quedaFoto: picture-alliance/ dpa

O recorde negativo desde a reunificação era de 1,2% e foi registrado no início de 1993. A queda também superou as expectativas do mercado. Analistas ouvidos pela agência de notícias Reuters esperavam um recuo de 1,8%. Segundo o Destatis, exportações e investimentos tiveram forte queda no último trimestre de 2008.

O Destatis também confirmou que a economia alemã cresceu 1,3% no ano de 2008, confirmando o número preliminar divulgado em janeiro. É praticamente a metade dos 2,5% registrados no ano anterior. Em 2006, o crescimento da economia fora de 3%.

França

Também a França anunciou nesta sexta-feira uma forte desaceleração do PIB no último trimestre do ano. O órgão de estatísticas INSEE divulgou recuo de 1,2% no período, reduzindo para 0,7% o crescimento da economia francesa em todo o ano de 2008.

Foi o maior recuo trimestral desde a primeira crise do petróleo, em 1974. As exportações caíram 3,7% e os investimentos, 1,5%. A ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, prevê uma queda de 1% no PIB do país em 2009.

Seu ministério divulgou nesta sexta que o déficit público francês foi de 3,41% do PIB em 2008, o equivalente a 56,15 bilhões de euros. Com esses números, a França não está cumprindo o pacto de estabilidade do euro, que prevê um teto de 3% do PIB para o deficit público.

Também nesta sexta-feira, vários outros países europeus anunciaram quedas bruscas do PIB no quarto trimestre de 2008. Entre eles estão a Itália (recuo de 1,8%), a Espanha (1%), Portugal (2%), a Estônia (9,4%), a Holanda (0,9%) e a Hungria (2,1%).

Recessão vai continuar

Especialistas preveem que a recessão vai durar. O instituto econômico DIW espera uma queda anual de até 3,5% do Produto Interno Bruto da Alemanha para o presente ano.

Bundestag aprova segundo pacote conjunturalFoto: picture-alliance / dpa

Para o presidente do Conselho Alemão de Especialistas Econômicos, Bert Rürup, trata-se da maior recessão na Alemanha desde o final da Segunda Guerra Mundial. Ele disse esperar recuo de 2,5% do PIB em 2009.

"Quem diz que a situação vai melhorar no meio do ano está falando bobagem", avaliou o presidente do instituto econômico Ifo, Hans-Werner Sinn. Até setembro, mês das eleições na Alemanha, o número de desempregados no país deverá ter aumentado em 500 mil ou até 700 mil, avalia Sinn.

O presidente do Citigroup, Jürgen Michels, também se mostrou pessimista. "No primeiro e no segundo semestre de 2009, deverá haver novas quedas." Para o especialista do grupo Allianz Rolf Schneider, o pior da crise já deve ter sido atingido, "mesmo que o PIB alemão provavelmente volte a cair no primeiro trimestre de 2009".

Para ele, o recuo verificado na Alemanha no último trimestre de 2008, acima da média dos países industrializados, se deveu ao mau desempenho das exportações. Em novembro passado, a queda nas vendas externas alemãs foi de 11,8% e, em dezembro, de 7,7% na comparação anual.

Parlamento alemão aprova pacote

Na Alemanha, o Bundestag (câmara baixa do Parlamento) aprovou o segundo pacote de combate à crise. Os investimentos, as renúncias fiscais e os incentivos para investimentos privados previstos no plano somam 50 bilhões de euros.

O novo ministro alemão da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg, afirmou que nunca houve uma reação tão rápida, coerente e decidida diante de uma situação de crise na Alemanha. Ele disse que a recessão não põe em xeque o modelo alemão de economia social de mercado.

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