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Economia grega começa a dar sinais de recuperação

30 de janeiro de 2013

Pequenas melhoras nos indicadores econômicos elevam otimismo dos gregos, mas especialistas são cautelosos e dizem que 2013 será decisivo para o futuro do país.

Foto: dapd

Já em meados de 2012 a Grécia conseguiu, apesar de anos de recessão, registrar um leve crescimento em sua produção. O ano passado, por sinal, foi fechado com um número recorde nas exportações, que superaram 24 bilhões de euros – o equivalente a 12% do Produto Interno Bruto (PIB). E em dezembro último, segundo o instituto de economia IOBE, baseado em Atenas, a confiança entre os empresários registrou uma inesperada alta, atingindo o nível mais elevado dos últimos dois anos.

Com o pior da crise aparentemente ficando para trás, empresários gregos já começam a olhar confiantes para o futuro. Mas especialistas como Angelos Tsakanikas, economista-chefe do IOBE, ao mesmo tempo em que reconhecem que os sinais vindos desses indicadores são positivos, optam pela cautela.

"Um recorde de dois anos significa que 20% dos empresários entrevistados acreditam numa melhora da situação. Isso não é exatamente o que se pode chamar de otimismo, mas ainda assim, a título de comparação, há dois anos os otimistas eram menos de 10%", diz o especialista. Segundo ele, a diferença hoje é que o risco de uma saída da Grécia da zona do euro praticamente não existe mais, e nada era mais temido pelos homens de negócio do país que uma troca de moeda.

Aumento nos depósitos bancários

A agência de classificação de risco Standard & Poors também acredita que a Grécia vá ficar na zona do euro e decidiu elevar a nota do país, após três anos de rebaixamentos consecutivos, para o nível B-, com perspectiva estável. O otimismo contagia também, ainda que com cautela, os cidadãos gregos, que começam a trazer seu dinheiro – ou pelo menos parte dele – de volta para os bancos do país.

Só em dezembro passado, os depósitos bancários cresceram 4 bilhões de euros, e a expectativa é de que, ao longo deste ano, outros 20 bilhões aportem. Por esses e outros motivos, afirma Tsakanikas, é possível esperar um ano diferente – e decisivo – para a Grécia em 2013.

Setor bancário da Grécia recebe bilhões em ajudaFoto: dapd

"O ano fiscal passado já foi melhor que o esperado, e, para 2013, calculamos que a Grécia vai gerar um saldo orçamentário positivo pela primeira vez – sem incluir no cálculo o serviço da dívida. Seria uma virada para o país", afirma o economista. Mas, para alcançar isso, será preciso levar essa evolução adiante sem tropeços, o que não será fácil.

As medidas de austeridade fixadas no ano passado vão mostrar plenamente seus efeitos na primeira metade de 2013. Entre elas estão a redução de salários e aposentadorias, além de um significativo aumento nos impostos. Isso pode afetar brutalmente o consumo interno, hoje responsável por 75% do PIB grego, lembra o economista.

O analista econômico Makis Andronopoulos é categórico: se for para analisar o panorama de forma otimista, os indicadores econômicos das últimas semanas são mais do que suficientes. Mas esse é apenas um lado da moeda, afirma, pois a consolidação orçamentária e a melhora da competitividade devem pesar sobre a classe média e os mais pobres. Para ele, a perda de coesão social representa um risco ainda maior do que não atingir determinadas metas de austeridade.

"No ano passado, os salários caíram 11% e os gastos sociais do governo tiveram redução de mais 10%, mas, ao mesmo tempo, a carga tributária subiu quase 18%", diz Andronopoulos. Segundo o economista, o que representa um êxito em termos orçamentários tem consequências dramáticas para a população, e um plano de austeridade só poderá ter sucesso se levar esse aspecto em conta.

Governo opta pela prudência

Em dezembro, os ministros das Finanças da zona do euro decidiram liberar a parcela de 34 bilhões de ajuda à Grécia, após a aplicação bem-sucedida pelos gregos do plano para a recompra da dívida pública. Grande parte desse dinheiro deve ser usada para recapitalizar bancos debilitados, o que fortalece os argumentos da oposição esquerdista, que critica o fato de a população ter de sofrer em prol do resgate do setor bancário.

Neste ano, espera-se que muito dependa da força do atual governo de coalizão para confrontar tal visão. Por enquanto, diz Andronopoulos, os sinais não são muito encorajadores.

Homem cata lixo em Atenas: analistas alertam para riscos sociais das medidas de austeridadeFoto: DW/D.Grathwohl

"Os políticos anunciaram de forma errada a recapitalização dos bancos e, com isso, geraram uma grande expectativa: a população acredita que esses bilhões serão repassados diretamente para os correntistas, para melhorar a conjuntura econômica", explica. Isso não vai acontecer, já que o dinheiro servirá para estabilizar os bancos.

Em seu último relatório sobre a Grécia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez uma avaliação minuciosa da situação do país e deixou a impressão de que o pior já ficou para trás. O ministro das Finanças Jannis Stournaras, no entanto, prefere a cautela. "Nós reduzimos a velocidade com que nosso barco seguia em direção aos rochedos. Mas ainda não fomos capazes de mudar o curso", declarou Stournaras diante do Parlamento.

Autor: Jannis Papadimitriou (rpr)
Revisão: Francis França

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