Edição crítica do livro de Hitler é best-seller na Alemanha
3 de março de 2016
Duas primeiras impressões de "Minha luta" se esgotam em apenas dois meses, e editora envia terceira para as livrarias. Compradores são sobretudo pessoas interessadas em história e política.
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A nova edição comentada do livro Minha Luta, de Adolf Hitler, já vendeu cerca de 24 mil exemplares em apenas dois meses e entrou na lista dos mais vendidos da revista Spiegel, na qual chegou a figurar na segunda posição entre os livros de não ficção.
O Instituto de História Contemporânea (IfZ) de Munique anunciou que já está enviando uma terceira reimpressão para as livrarias, depois de as duas primeiras terem se esgotado. A versão comentada, com milhares de notas explicativas, foi lançada no início de 2016, depois de os direitos autorais da obra caírem em domínio público. Ela tem cerca de duas mil páginas e custa 59 euros.
"A demanda existe", afirmou uma porta-voz do IfZ. Segundo ela, os livreiros relataram que a obra está sendo comprada principalmente por pessoas interessadas em história e política e não há sinais de que o livro esteja sendo adquirido por neonazistas.
"Na verdade um neonazista não teria muita satisfação em lê-lo. Por isso não há nenhum problema se o livro for lido por um deles", comentou a porta-voz. Segundo ela, antes mesmo de o livro chegar às livrarias já havia 15 mil pedidos.
Segundo os organizadores, a edição crítica da polêmica obra vai ajudar o público a perceber que se trata "em grande parte de um discurso ordinário e agressivo" e que foi "o centro de uma ideologia assassina e que menospreza a dignidade humana".
AS/dpa/ots
"Minha Luta" pelo mundo
Manifesto de ódio de Adolf Hitler cairá em domínio público apenas em 2016. Apesar de banido na Alemanha há 70 anos, o livro pode ser encontrado em vários países.
Foto: Arben Muka
Com a assinatura de Hitler
Edições autografadas pelo ditador nazista costumavam ser oferecidas a executivos ou como presente de casamento. Para ter esses exemplares, colecionadores de todo o mundo desembolsam somas astronômicas.
Foto: picture-alliance/dpa
Edição árabe
Esta versão em árabe foi publicada em 1950. No verso do livro, há várias reproduções da suástica.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
'Mon Combat'
À esquerda, a edição francesa de 1939 contém a frase: "Todo francês precisa ler este livro." A recomendação – ou aviso – foi escrita pelo major francês Hubert Lyautey, ministro da Guerra durante a Primeira Guerra e mais tarde administrador colonial do país. Lyautey morreu bem antes de Hitler iniciar a Segunda Guerra. A imagem à direita mostra uma versão posterior do livro do ditador nazista.
Foto: picture alliance/Gusman/Leemage /Roby le 14 février 2005.
"Uma obra do mundo moderno"
Durante um longo período, Hitler tentou conquistar o Reino Unido – em vão, pois o espírito lutador dos britânicos não deixou isso acontecer. Mesmo odiando o ditador nazista, eles não tiveram problemas em publicar o livro após a guerra. Este anúncio trata a obra como uma das mais significativas do mundo moderno.
Foto: picture-alliance/dpa/photoshot
Com capa vermelha
Artigos de guerra são populares entre os colecionadores americanos. Em nenhum país do mundo, a demanda por "Minha Luta" é maior que nos Estados Unidos. Leilões para edições especiais costumam ter o preço inicial de 35 mil dólares.
Foto: F. J. Brown/AFP/Getty Images
No Afeganistão
Em Cabul, comerciantes de rua vendem "Minha Luta" – legalmente. Pôsteres de propaganda nazista também estão entre as mercadorias.
Foto: picture-alliance/dpa
Adolfa Hitlera em Sarajevo
"Minha Luta" foi exibido em uma feira de livros na capital da Bósnia em 2013. Porém, em edição comentada.
Foto: DW/N. Velickovic
Hitler na vitrine
Pelas ruas de Tirana, capital da Albânia, é possível se deparar com a foto do ditador nazista. Na cidade, é bastante comum que o livro seja exibido em vitrines de livrarias.