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Editora

Felipe Tadeu17 de junho de 2007

Série "Web Design" tem o editor brasileiro Julius Wiedemann como principal responsável.

Livro sobre sites é um dos seis da série da Taschen

Um dos temas mais polêmicos que vem tirando o sono da comunidade artística internacional nos últimos anos é a expansão da internet versus direitos autorais. A frenética troca de arquivos de MP3 que se popularizou junto às massas em escala planetária – câmbio considerado ilegal pela indústria fonográfica –, afeta a sobrevivência de todos os que estão envolvidos com a cultura, num embate que está sempre em destaque na mídia mundial.

Pouco no entanto se discute sobre a excelência da produção de homepages disponíveis no chamado ciberespaço, seara cada vez mais ocupada por artistas gráficos, programadores visuais, músicos, escritores, uma gente que com toda sua criatividade faz da internet o mais badalado veículo de informação e entretenimento contemporâneo.

Foi pensando nisso que uma das mais prestigiadas editoras da Alemanha, a Taschen, de Colônia, lançou recentemente o livro Web Design: Sites Musicais, que ganha as livrarias em duas versões, uma nos idiomas alemão, francês e inglês, e a outra em português, espanhol e italiano.

O fascinante mundo da música

O novo livro da série Web Design que saiu pelo selo Icons, da Taschen, tem tudo para se tornar um dos best-sellers da linha por enfocar o universo musical, de forte apelo popular. As 192 páginas do guia sugerem ao internauta uma viagem sensorial deslumbrante, reunindo algumas das homepages mais atraentes de países como a África do Sul, Canadá, Holanda, Nova Zelândia, Inglaterra e Brasil.

A primeira a ganhar destaque no livro é a da cantora norte-americana Madonna, cujo site é comentado por Jon Sulkow, da PROD4ever, agência criadora. "Madonna é conhecida como uma pessoa inovadora, que se reinventa sonora e estilisticamente a cada disco. Foi ótimo pensar que nós iríamos ajudá-la, criando uma web que pudesse influenciar sua carreira com inovação", afirma Sulkow num dos quatro textos introdutórios do livro.

O editor Julius Wiedemann: do Rio de Janeiro para o mundoFoto: Taschen

Em seu depoimento, ele ressalta o engajamento de sua equipe de seis membros que se enfurnou por três meses nos estúdios, trabalhando como possessos, para formatar o site da estrela pop. O resultado da extenuante missão encheu os olhos do editor Julius Wiedemann: "No site dela, você pode assistir a todos os videoclipes dela antigos, ele é realmente fantástico".

O livro abre espaço para que profissionais do setor relatem um pouco sobre suas atividades. Além do integrante da PROD4ever, depõem também Craig Swann, da Crash!Media, Daniel Ayers, da gravadora Sony-BMG e o músico brasileiro Ed Motta, que também entende do riscado virtual.

Os sites brasileiros

O Brasil não poderia ficar de fora do guia da Taschen quando o assunto é música, e o fato de o editor Julius Wiedemann ter nascido e crescido no Rio de Janeiro reforçou ainda mais a presença brasileira nas páginas do guia. As homepages do Brasil selecionadas por Julius são as de Marcelo D2, a do Monobloco (grupo carnavalesco encabeçado por Pedro Luís e a Parede), o site Vitrola, o da banda mineira Jota Quest, além do admirável portal de Ed Motta, com design assinado por Edna Lopes. "Eu posso através do meu site espalhar minha arte pelo mundo inteiro, assim como a da quadrinhista Edna, uma artista fantástica. Isso é fascinante", comenta o sobrinho de Tim Maia.

A homepage do cantor e compositor carioca – das mais bonitas do livro da Taschen – oferece versões em português, espanhol, francês e inglês com ilustrações personalizadas, vídeos, programa de rádio produzido por Ed, além de artigos e entrevistas com o músico, e custou 800 horas para ser finalizada.

Livros de arte a preços acessíveis

"O Brasil tem times fantásticos de web design. Há no país agências que estão se internacionalizando e que exportam profissionais do setor. Fora isso, nós ainda temos uma cultura musical muito forte, e que também está sendo exportada. Eu não diria que fui deliberadamente condescendente com os sites brasileiros. Talvez eu tenha sido positivamente tendencioso", declarou o editor, que acabou de se mudar para a Inglaterra, depois de ter vivido seis anos na Alemanha.

Mas Julius nota também alguns entraves para que o setor cumpra todo seu potencial no Brasil: "O músico que ainda não estourou no mercado geralmente não tem um bom site. São poucos os que têm a visão de que deve ser exatamente o contrário, que quando o artista estourasse, que ele já tivesse um ótimo site há algum tempo", ensina o brasileiro que também tem a nacionalidade alemã. "Se é um artista como a Marisa Monte, ou os Titãs, a gravadora deles diz que eles têm que ter um super site, porque o network hoje é feito na internet."

O trabalho com a Taschen

Antes de vir morar na Alemanha, Julius Wiedemann foi aos 23 anos trabalhar no Japão, onde exerceu as funções de designer e de editor de arte. Foi lá que ele teve contato com a Taschen, e acabou sendo contratado pela empresa. Julius, que passou pelos bancos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde estudou Programação Visual, e pela Faculdade da Cidade, onde cursou Marketing, ambos não finalizados, conta que sua admiração pela editora alemã já vem dos tempos universitários.

Benedict Taschen, o fundador da editoraFoto: dpa

"Eu comprava livros da Taschen e, apesar de sempre ter querido voltar à terra de meus avós, nunca planejei isso de forma sistemática. Jamais poderia imaginar que ainda iria trabalhar na editora."

Ele não poupa elogios ao fundador da Taschen, que é a maior editora de livros de arte do mundo: "É incrível o que Benedict Taschen conseguiu fazer pela difusão da cultura no mundo. Se uma pessoa hoje entrar numa livraria do México ou do Vietnã, vai encontrar os livros da editora. E são livros de arte ainda por cima. Não é qualquer um que consegue isso", elogia Julius Wiedemann.

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