1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Diversidade na escola

11 de agosto de 2010

Há muito que crianças muçulmanas com véu na cabeça e também representantes de outras culturas estrangeiras fazem parte de livros didáticos holandeses. Editoras agora querem incluir realidade de casais homossexuais.

Crianças deverão aprender a respeitar a pluralidade sexualFoto: DPA

Os dois papais vão comprar um porquinho-da-índia. A pet shop oferece desconto de 20% sobre o preço de 17,95 euros. Quanto o casal precisa pagar? Problemas como este passarão a fazer parte dos livros de matemática das escolas holandesas. Mas não apenas em matemática, também em outras disciplinas como geografia e língua estrangeira, a realidade homossexual de casais e pais não será mais ignorada.

As escolas finalmente deverão abordar as relações homossexuais, destacou Eberhard van der Laan. Com 55 anos e pai de cinco filhos, ele é prefeito da cidade de Amsterdã, que por causa dos seus muitos canais não é divulgada pelo turismo mundial somente como a Veneza do Norte, mas também como uma metrópole gay. O apelo do prefeito tem agora o apoio da maior editora de livros didáticos do país.

Tolerância decrescente

Livros vão tomar como exemplo a realidade de crianças que têm pais homossexuaisFoto: AP

"Livros didáticos estão sempre ligados ao nosso cotidiano", disse Frans Grijzenhout, diretor da editora Noordhof Uitgeverij. "Quando em um livro, por exemplo, a família sai de férias, nas ilustrações estão sempre a mãe, o pai e as crianças. Existe, contudo, outra maneira de contar a história."

Futuramente os livros escolares da Noordhof vão respeitar a realidade de famílias com dois pais ou duas mães. Há muito que os livros da editora já trazem figuras de meninas muçulmanas com véu na cabeça e também representantes de outras culturas estrangeiras, diz Grijzenhout. "Da mesma forma nós tornamos reconhecível a homossexualidade para crianças."

A Associação pela Integração dos Homossexuais da Holanda (COC) reagiu com entusiasmo. Há muito tempo que era necessário colocar um fim à "normatividade heterossexual em livros escolares", declarou a associação. No entanto, integrantes da COC têm notado em muitos lugares da Holanda que a tolerância em relação aos homossexuais vem diminuindo.

Mesmo a alegria do Orgulho Gay não pode ocultar que os ataques a homossexuais tem aumentado. Até mesmo em Amsterdã, casais gays relatam que se sentem mais inseguros do que antes. Segundo eles, os agressores são geralmente jovens muçulmanos de famílias de imigrantes. Para a COC, o mais importante é que já nos livros escolares "casais homossexuais sejam representados como uma coisa normal".

Mas certamente isso não acontecerá em todos os livros. Calvinistas ortodoxos rejeitam personagens gays no material didático de seus filhos tão vigorosamente quanto os conservadores católicos. "A escola não tem direito de forçar a emancipação homossexual", reclamou o periódico Reformatorisch Dagblad, o principal jornal dos protestantes ortodoxos holandeses. E a Associação para a Educação Cristã Reformada (VGS) deixou claro que não usará os "livros homossexuais" nas escolas ligadas a ela.

Prós e contras

Publicações não utilizarão apenas contos de fadas convencionaisFoto: Illustration von Paul Maar (c) Verlag Friedrich Oetinger, Hamburg

A tentativa de preparar crianças para a realidade homossexual através de livros não é completamente nova. Dez anos atrás a autora holandesa Linda de Hann fez sucesso com o livro ilustrado Koning & Koning (Rei e Rei). A escritora contou a história de um príncipe gay que queria herdar o trono, mas não pretendia se casar com uma princesa. No fim da história acontece um casamento de contos de fadas entre dois príncipes, que juram fidelidade um ao outro e prometem ser felizes para sempre.

Nos Países Baixos o livro foi um sucesso. Nos Estados Unidos houve reclamações e processos. Os pais exigiram que fosse proibida a publicação infantil ou que pelo menos os exemplares fossem retirados das bibliotecas. Até que em 2007 um juiz federal norte-americano considerou por fim que a "pluralidade é um símbolo da nossa nação".

RBC/dpa/afp
Revisão: Carlos Albuquerque

Pular a seção Mais sobre este assunto