Descoberto corredor oculto na Grande Pirâmide de Gizé
3 de março de 2023
Por meio de tecnologia moderna, pesquisadores localizaram no Egito estrutura que poderia ajudar a desvendar mistério sobre a câmara mortuária do faraó Quéops.
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Autoridades do Egito anunciaram nesta quinta-feira (02/03) a descoberta de um corredor oculto localizada dentro da Grande Pirâmide de Gizé, construída há 4,5 mil anos, que poderia levar à câmara mortuária do faraó Quéops – até agora um mistério, pois sua múmia e tesouro ainda não foram encontrados.
O corredor, cujo teto é triangular, tem 2,10 metros de largura e 9 metros de comprimento. Ele não é acessível pelo lado de fora da estrutura e só foi descoberto graças ao projeto internacional ScanPyramids, que usa instrumentos de alta tecnologia, como ultrassom e radiografia de raios cósmico, para estudar o interior de pirâmides.
Após a localização do corredor na Grande Pirâmide de Gizé, os cientistas usaram um minúsculo endoscópio passado por meio de uma fenda entre as pedras para obter as imagens do espaço. Iniciado em 2015, o projeto ScanPyramids conta com a participação de pesquisadores da Alemanha, França, Japão, Canadá e Egito.
Para o secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, Mostafa Waziri, o corredor descoberto na entrada norte da pirâmide teria sido construído para aliviar a peso de outro corredor ainda não descoberto.
"Desejamos descobrir o tesouro do faraó Quéops, pois os tesouros de todos os outros faraós egípcios já foram descobertos, com exceção do de Quéops. E este é o mistério", destacou.
A câmara funerária de Tutancâmon
Há 100 anos, o arqueólogo Howard Carter descobriu o túmulo de Tutancâmon. Até hoje, a múmia do faraó descansa no Vale dos Reis, mas bens valiosos de sua câmara funerária poderão ser vistos no novo Grande Museu do Egito.
Foto: Hannes Magerstaedt/Getty Images
Réplicas folheadas a ouro
Magníficos caixões e grandes quantidades de ouro foram encontrados na câmara funerária de Tutancâmon. Os caixões da foto são cópias fiéis dos originais, assim como outros mais de mil objetos que foram reproduzidos.
Foto: Semmel Concerts GmbH
O original no Cairo
Os achados originais foram mostrados em muitas turnês pelo mundo no século 20. Eles foram exibidos nos EUA, Japão, Rússia e na então Alemanha Ocidental, entre outros lugares. Hoje, as réplicas preservam os originais. Para ver o sarcófago e a máscara mortuária originais de Tutancâmon, é preciso viajar até o Cairo e visitar o Museu Egípcio.
Foto: Bildarchiv Steffens/akg/picture-alliance
A câmara com o faraó
A múmia de Tutancâmon, por seu lado, ainda está no lugar onde foi colocada por seus súditos e onde Carter a descobriu: no Vale dos Reis, perto da cidade de Luxor. Durante os trabalhos de restauração, em 2019, uma nova plataforma foi instalada na câmara funerária, da qual os visitantes têm uma excelente vista do sarcófago e das pinturas murais.
Foto: Getty Images/AFP/M. El-Sahed
Exposição sem proteção
Por algum tempo, o corpo mumificado de Tutancâmon foi exposto sem sarcófago, apenas embrulhado em linho. Agora, está em uma sala subterrânea, com ar condicionado. O objetivo das restaurações foi também proteger melhor a múmia das oscilações de umidade e poeira trazidas pelos visitantes.
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
Acomodado para a eternidade
A múmia de Tutancâmon é a única dos antigos reis egípcios que ainda se encontra no Vale dos Reis. A designação científica para sua tumba é KV62, onde KV significa King's Valley (Vale dos Reis).
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Companhia feminina
Nas paredes da câmara funerária, pinturas magníficas ilustram a vida e a morte de Tutancâmon. Estas mulheres acompanham o jovem rei em sua câmara funerária por milhares de anos. As pinturas murais também foram meticulosamente limpas durante os trabalhos de restauração, em 2019.
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Exemplo para o aprendizado
Este desenho também voltou a brilhar após os trabalhos de restauração. O babuíno era um animal sagrado no antigo Egito. Era considerado muito inteligente e servia como exemplo aos estudantes. Será que era para o jovem faraó continuar aprendendo em sua vida na eternidade?
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Profundezas subterrâneas
Os antigos egípcios cavaram as câmaras funerárias de seus faraós no subsolo para protegê-los de ladrões de túmulos. No caso de Tutancâmon, a estratégia deu certo por longo tempo. Ele descansou em paz por mais de 3 mil anos. Mas agora multidões de turistas lotam as passagens subterrâneas.
Foto: Getty Images/AFP/M. El-Sahed
O descobridor
Foi o egiptólogo Howard Carter quem descobriu a tumba de Tutancâmon em 4 de novembro de 1922 no Vale dos Reis. Mas, antes de abri-la, ele telegrafou ao seu financiador, Lorde Carnarvon: "Finalmente fiz uma descoberta maravilhosa no vale. Tumba magnífica com selos intactos. Fechada até você chegar. Parabéns."
Foto: piemags/IMAGO
Muito turistas
Zahi Hawass, ex-secretário-geral da Administração de Antiguidades do Egito e iniciador do trabalho de restauração da câmara de Tutancâmon, defende o fechamento do túmulo e a apresentação de uma cópia aos visitantes. "Se continuarmos permitindo o turismo em massa, o túmulo não durará mais 500 anos", advertiu.
Foto: Getty Images/AFP/M. El-Sahed
Um novo palácio para os bens de Tutancâmon
Em 2002, foi lançada a pedra fundamental do maior museu arqueológico do mundo, o Grande Museu Egípcio. Ele deveria estar pronto há muito tempo, mas a obra atrasou. Por isso, a inauguração e as grandes celebrações planejadas para este 4 de novembro de 2022 pelos 100 anos da descoberta de Tutancâmon foram suspensas. No futuro, todos os bens funerários do faraó serão exibidos aqui, menos sua múmia.
Foto: Balkis Press/ABACA/picture alliance
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Para onde leva o corredor?
Os arqueólogos ainda não sabem ao certo qual era o propósito do corredor. Um dos principais integrantes do ScanPyramids, Christoph Grosse, da Universidade Técnica de Munique, espera descobrir mais segredos ocultos.
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"Há dois grandes blocos de calcário no final da câmara, e agora a questão é o que está por trás dessas pedras e abaixo da câmara", ressaltou.
O chefe do comitê científico do ScanPyramids, o famoso egiptólogo Zahi Hawas, destacou que se trata de um grande descobrimento, pois Queóps seria a única pirâmide que possui três níveis. Para ele, a estrutura estudada estaria escondendo ou protegendo algo.
"Até agora, a verdadeira câmara mortuária de Quéops nunca foi descoberta. Portanto, a hipótese é que o corredor estaria escondendo ou protegendo a câmara mortuária", acrescentou Hawas.
Localizada nos arredores do Cairo, a Grande Pirâmide de Gizé, também conhecida comoPirâmide de Quéops, em referência ao faraó da Quarta Dinastia, é uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.
Originalmente com uma altura de 146 metros, e agora com 139 metros, a Grande Pirâmide era a estrutura mais ata do mundo até 1889, quando foi concluída a construção da Torre Eiffel.
cn/lf (Efe, AFP, DW)
Os 400 novos tesouros arqueológicos do Egito
Arqueólogos encontraram 250 sarcófagos e 150 estátuas de bronze, em escavações na necrópole de Saqqara, na margem ocidental do rio Nilo. Uma sensação para a ciência e a arte.
Foto: Nariman El-Mofty/dpa/AP/picture alliance
Rebuliço midiático em Gizé
Durante apresentação na cidade de Gizé, visitantes admiram os espetaculares achados de uma equipe de arqueólogos egípcios na necrópole de Saqqara. Entre os tesouros trazidos à luz estão 250 sarcófagos com múmias bem conservadas. O sítio de escavações fica na margem ocidental do rio Nilo e integra o Patrimônio Mundial da Unesco.
Foto: Amr Nabil/AP Photo/picture alliance
Descobridor orgulhoso
Mostafa Waziri, secretário-geral do Supremo Conselho de Antiguidades do Egito, relata que entre os artefatos encontrados também está uma estátua do arquiteto Imhotep. Considerado o primeiro grande construtor do Antigo Império, ele revolucionou a arquitetura da Antiguidade. Encontrar seu túmulo é uma das principais metas da missão arqueológica em Saqqara, revela Waziri.
Foto: Ziad Ahmed/NurPhoto/picture alliance
Tesouros dentro de tesouros
Em um dos 250 sarcófagos, os arqueólogos descobriram um papiro intocado e selado. Eles supõem que o rolo escrito, estimado em nove metros de comprimento, contenha um capítulo do "Livro dos Mortos", a milenar coleção de fórmulas mágicas e evocações que indicava aos falecidos o caminho para o outro mundo.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Rumo ao Grande Museu
Os sarcófagos, estátuas de bronze e adereços rituais serão levados para o Grande Museu Egípcio. Após numerosos adiamentos, a monumental instituição cultural foi inaugurada em 2022, na proximidade das pirâmides de Gizé.
Foto: Amr Nabil/AP Photo/picture alliance
Muito a fazer
O novo achado integra uma série de descobertas arqueológicas espetaculares: em fevereiro de 2021 encontraram-se 16 câmaras fúnebres nos limites da cidade de Alexandria; no mesmo mês revelou-se em Sohag uma cervejaria datando de mais de 5 mil anos; em abril, a Cidade Dourada Perdida, perto de Luxor. E em março de 2022 escavaram-se em Saqqara cinco câmaras fúnebres ricamente decoradas (foto).
Foto: Sui Xiankai/Xinhua/picture alliance
Aposta no turismo
O governo no Cairo deposita grandes esperanças de que as descobertas recentes e o novo museu monumental ajudem a reanimar o turismo no país. Esse setor, tão vital para o Egito foi fortemente abalado pela pandemia de covid-19, e agora pela guerra russa contra a Ucrânia.