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Egito condena 230 ativistas anti-Mubarak à prisão perpétua

4 de fevereiro de 2015

Manifestantes são declarados culpados por terem participado de confrontos com forças de segurança em 2011. Juiz do veredicto é o mesmo que condenou à morte 183 apoiadores da Irmandade Muçulmana.

Ativista Ahmed Douma (centro)Foto: picture-alliance/AA

O Tribunal Penal de Cairo condenou à prisão perpétua 230 pessoas, incluindo um dos principais ativistas por trás da revolução de 2011. A corte os declarou culpados por terem participado de confrontos entre manifestantes e forças de segurança em dezembro daquele ano, meses depois da queda do ditador Hosni Mubarak.

Entre os condenados está Ahmed Douma, ativista que desempenhou um papel fundamental na revolução contra Mubarak e nos protestos contra o presidente islamista Mohammed Morsi, deposto pelos militares em 2013.

Douma, que já está cumprindo três anos de prisão por violar uma proibição a protestos, também foi multado em 17 milhões de libras egípcias (cerca de 6 milhões de reais) por danos causados à sede do gabinete e outras propriedades do Estado durante os protestos de 2011.

Depois de ouvir o veredicto, Douma bateu palmas e recebeu uma resposta azeda do juiz Mohammed Nagi Shehata. "Estamos na Praça Tahir, ou o quê? Você está batendo palmas para mim? Mostre respeito nesta sessão... Não diga mais nada ou eu vou te dar mais três anos", disse ele. "Eu respeito a mim mesmo", retrucou Douma.

"A dureza do veredicto não é uma surpresa para nós, já que o juiz é impulsionado por motivos pessoais e políticos, que mostram o grau de imparcialidade do sistema judiciário egípcio", disse o advogado de Douma, Mohammed Abdel-Aziz. "Todas as conversas sobre a independência do Judiciário não têm fundamento." A decisão desta quarta-feira pode ser apelada.

O juiz Shehata já havia ganhado destaque nas manchetes internacionais no ano passado, quando sentenciou três jornalistas da emissora árabe Al Jazeera à prisão sob a acusação de terem apoiado a banida Irmandade Muçulmana, partido ao qual Morsi pertence. Um desses jornalistas, o australiano Peter Greste, foi deportado neste domingo, sob decreto presidencial.

Nesta segunda-feira, Shehata condenou 183 apoiadores da Irmandade Muçulmana à morte, acusados de terem matado ao menos 13 policiais, em agosto de 2013.

PV/ap/afp/rtr/dpa

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