Atentados a duas igrejas coptas no Delta do Nilo levam presidente Al-Sisi a impor estado de exceção no país, para combate ao terrorismo. "Estado Islâmico" reivindica atos, que deixaram mais de 40 mortos e 100 feridos.
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Em reação aos dois atentados terroristas ocorridos neste domingo (09/04) no norte do país, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, decretou três meses de estado de emergência, "depois de serem tomadas as devidas medidas legais e constitucionais". Num discurso desafiador, ele adiantou que a guerra contra os jihadistas será "longa e dolorosa".
As explosões em duas igrejas cristãs coptas deixaram um total de pelo menos 44 mortos e mais de 100 feridos. Primeiro, a detonação de uma bomba na cidade de Tanta, a 120 quilômetros da capital, Cairo, surpreendeu os fiéis no templo de Mar Guergues (São Jorge, em árabe), durante as comemorações do Domingo de Ramos, que marcam o início da Semana Santa.
Horas depois ocorreu uma explosão diante da catedral cristã copta de São Marcos, em Alexandria. Segundo o jornal estatal Ah Ahram, a explosão foi provocada por um suicida que tivera a entrada negada no templo. Ambas as cidades se situam no Delta do Nilo.
Às vésperas da visita papal
Em declarações à emissora privada On TV, o premiê egípcio, Sherif Ismael, condenou os crimes e reafirmou a determinação do governo em combater os terroristas no país: "Trata-se de um ato impiedoso, mas erradicaremos o terrorismo do Egito."
Através de sua agência de informações Amaq, o "Estado Islâmico" (EI) reivindicou a autoria dos dois atentados, que teriam sido cometidos por um "grupo de segurança" pertencente à organização fundamentalista. O breve comunicado, cuja veracidade não pôde ser comprovada, foi difundido nas redes sociais.
Os atentados ocorrem às vésperas da visita do papa Francisco ao Egito, marcada para 28 e 29 de abril. Esta será a primeira viagem do pontífice ao Oriente Médio.
Os cristãos coptas representam 10% da população no Egito. Em 11 de dezembro, 29 fiéis da minoria morreram num atentado suicida, também reivindicado pelo EI, contra uma igreja próxima da catedral do Cairo, no bairro de Abbassiya.
AV/afp,efe,ap,dpa
Contos do Nilo
O rio é fonte essencial de água no Egito, na Etiópia e no Sudão. O Instituto Goethe de Dessau, na Alemanha, apresenta o trabalho de três jovens fotógrafos que registraram o cotidiano à beira do rio nos três países.
Foto: Brook Zerai Mengistu
Unidade e eternidade
O Nilo Azul, na Etiópia, simboliza maior unidade e eternidade divina. Longe das cidades, o rio oferece espaço e paz. Os impressionantes trabalhos da exposição "River Tales" ("Contos do Rio") são exibidos pela primeira vez no Escritório Alemão do Meio Ambiente, em Dessau, até 27 de maio de 2015.
Foto: Brook Zerai Mengistu
Além da crise
Em vez de mostrar os conflitos políticos que afetam os países banhados pelo Nilo, uma exposição fotográfica promovida pelo Instituto Goethe foca nas pessoas que moram próximas ao rio e em seu cotidiano ante as adversidades. O fotógrafo Mahmoud Yakut capturou imagens de Rosetta, no Egito. Graças ao solo fértil, a agricultura é uma importante fonte de renda para muitas famílias no delta do Nilo.
Foto: Mahmoud Yakut
Fazendas de peixes
Perto de Rosetta, o rio mais longo do mundo encontra o Mar Mediterrâneo. Muitas pessoas vivem da pesca na região. Sobre a água, há as chamadas “fazendas de pesca”. Feitas de madeira, elas têm uma pequena cabana no meio, onde cabe apenas uma cama e alguns utensílios para cozinhar e fazer chá. Familiares se revezam para tomar conta de suas fazendas durante todo o dia.
Foto: Mahmoud Yakut
Vida na cidade
Em Rosetta, o passado encontra o presente. Desde a Idade Média, o porto tem sido um importante centro de comércio. A história e o movimento intenso caminham juntos. Ainda que a vida seja simples, a população de Rosetta é conhecida por ser cordial e generosa.
Foto: Mahmoud Yakut
O papel das mulheres
A maioria das mulheres de Rosetta fica em casa, cuidando das crianças e dos afazeres domésticos. Elas fazem pão nos tradicionais fogões de cerâmica. Algumas participam da vida econômica vendendo legumes e queijo feito em casa no mercado. Apesar da pobreza, o povo é bastante hospitaleiro: compartilhar faz parte da filosofia local.
Foto: Mahmoud Yakut
Inspiração criativa
Os três jovens fotógrafos autores da exposição fizeram parte de um workshop organizado pelo Instituto Goethe, no Sudão, em 2013. O projeto permitiu que eles viajassem aos seus respectivos países, muitos abalados por conflitos. Al-Sadig Mohamed, do Sudão, inspirou-se no tradicional artesanato em cerâmica produzido ao longo do Nilo.
Foto: Elsadig Mohamed Ahmed
Sustento no deserto
Ao longo do Nilo, as pessoas produzem cerâmica há séculos. Antes da represa de Assuã ter sido construída, as enchentes anuais deixavam fértil a terra próxima ao rio, no Egito. O rio garante o sustento em vários países africanos. As pessoas sempre dependeram dele para água, transporte, energia, agricultura e habitat. Ele também é um símbolo de mudança constante.
Foto: Elsadig Mohamed Ahmed
Tradições ancestrais
Cerâmica combina utilidade e estética. Ao longo dos séculos, o mais antigo dos artesanatos assumiu as mais diversas formas. Muitos exemplos da cerâmica da Núbia – região entre o sul do Egito e o norte do Sudão – são exibidos em museus e servem de testemunho da cultura e da história local.
Foto: Elsadig Mohamed Ahmed
Lições de humildade
O fotógrafo Brook Zerai Mengistu nos leva até o Nilo Azul, na Etiópia. Ele fotografou um grupo de estudantes da Bíblia que tentam viver como os primeiros cristãos: isolados da sociedade, esperando ganhar acesso ao mundo espiritual e que, por isso, se tornam curandeiros. O treinamento dos alunos nesse estado de solidão dura 14 anos.
Foto: Brook Zerai Mengistu
Mendicância como aprendizado
De tempos em tempos, os estudantes da Bíblia deixam a comunidade isolada para pedir comida na cidade. Eles acreditam que mendigar é uma forma de apreender humildade. Para eles, ser humilde é uma maneira de adquirir poder espiritual.