Grupo extremista afirma que Abu Muhammad al-Adnani morreu enquanto supervisionava operações do EI em província síria. Porta-voz foi quem anunciou, em mensagem de áudio em 2014, a criação de califado na Síria e Iraque.
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O grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) confirmou nesta terça-feira (30/08) a morte de seu porta-voz oficial, Abu Mohammed al-Adnani, durante operação em Aleppo, no norte da Síria.
Por meio das redes sociais, o EI afirmou que o "lutador" e "mártir" morreu "após uma longa jornada de sacrifícios e de resistência contra a falta de fé". Na mensagem, o grupo ainda prometeu vingar a morte do porta-voz e ameaçou os "covardes apóstatas".
Mais cedo, a agência de notícias Amaq, filiada aos jihadistas, reportou que al-Adnani morreu enquanto supervisionava operações dos combatentes do EI em Aleppo.
Na província, o grupo luta contra o regime sírio, contra milícias curdas e contra rebeldes, além de enfrentar ataques aéreos comandados pela Rússia e pelos Estados Unidos.
Al-Adnani, nascido em 1977 ou 1978 na região de Idlib, na Síria, e cujo nome verdadeiro é Taha Sobhi Falaha, era há anos o porta-voz oficial do grupo e costumava emitir mensagens de áudio através da internet, mas poucas vezes foi visto em imagens.
Em junho de 2014, foi ele quem gravou um áudio anunciando a redução do antigo nome do grupo, Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), para apenas "Estado Islâmico". Na mesma mensagem, o porta-voz declarava a fundação de um califado e proclamava Abu Bakr al-Bagdadi seu califa.
Mais tarde, numa mensagem de vídeo, al-Adnani revelou brutalidade extrema ao lembrar os candidatos a jihadistas das possibilidades de usar os meios mais primitivos para cometer homicídios.
"Se vocês não encontrarem explosivos nem munição, então isolem um infiel americano, francês ou qualquer aliado deles. Espatifem-lhes o crânio com uma pedra, sangrem-nos com uma faca, atropelem com seus carros; atirem de qualquer lugar bem alto, estrangulem-nos ou os envenenem", disse.
Em maio deste ano, o porta-voz voltou a virar notícia ao encorajar ataques do tipo "lobo solitário", conclamando os simpatizantes do grupo na Europa e nos EUA a perpetrarem atentados contra civis nesses locais, caso não tivessem meios de viajar para o autodeclarado califado, na Síria e Iraque.
Os Estados Unidos chegaram a oferecer uma recompensa de cinco milhões de dólares por al-Adnani, que se tornou uma das vozes mais conhecidas do grupo extremista.
O EI tem perdido vários de seus líderes nos últimos meses. Em março último, o secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, anunciou que as forças americanas haviam matado o "número 2" do grupo, Abdul Rahman Mustafá al-Qaduli, também responsável pelas operações financeiras.
EK/dw/dpa/efe/ap
"Estado Islâmico": de militância sunita a califado
Origens do grupo jihadista remontam à invasão do Iraque, em 2003. Nascido como oposição ao domínio xiita e inicialmente um braço da Al Qaeda, EI passou por mudanças e virou uma ameaça internacional.
Foto: picture-alliance/AP Photo
A origem do "Estado Islâmico"
A trajetória do "Estado Islâmico" (EI) começou em 2003, com a derrubada do ditador iraquiano Saddam Hussein pelos EUA. O grupo sunita surgiu a partir da união de diversas organizações extremistas, leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra a ascensão dos xiitas ao governo iraquiano.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Braço da Al Qaeda
A insurreição se tornou cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, fundador da Al Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se voltaram contra eles e se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como "Despertar Sunita".
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Aparente contenção
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea e ele foi sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Bagdadi. A AQI mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). No ano seguinte, Washington intensificou sua presença militar no país. Masri e Bagdadi foram mortos em 2010.
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Volta dos jihadistas
Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a se reagrupar, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
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Ruptura com Al Qaeda
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o EIIL atravessou a fronteira para participar da luta contra o presidente Bashar al-Assad. Os jihadistas tentaram se fundir com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EIIL e a central da Al Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
Foto: dapd
Ascensão do "Estado Islâmico"
Apesar do racha com a Al Qaeda, o EIIL fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando sua segunda maior cidade, Mossul, em 10 de junho de 2014. Nesse momento o grupo já havia sido novamente rebatizado, desta vez como "Estado Islâmico".
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Importância de Mossul
A tomada da metrópole iraquiana Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico. Ela é uma importante rota de exportação de petróleo e ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Mas a conquista da cidade é vista como apenas uma etapa para os extremistas, que pretenderiam avançar a partir dela.
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Atual abrangência do EI
Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho, a organização declarou um "Estado Islâmico" que atravessa a fronteira sírio-iraquiana e tem Abu Bakr al-Bagdadi como "califa".
Foto: Reuters
As leis do "califado"
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da charia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do "califado" após serem colocados diante da opção: converter-se ao islã sunita, pagar um imposto ou serem executados. Os xiitas também eram alvo de perseguição.
Foto: Reuters
Guerra contra o patrimônio histórico
O EI destruiu tesouros arqueológicos milenares em cidades como Palmira (foto), na Síria, ou Mossul, Hatra e Nínive, no Iraque. Eles diziam que esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do Islã. Especialistas afirmam, porém, que o grupo faturou alto no mercado internacional com a venda ilegal de estátuas menores, enquanto as maiores eram destruídas.
Foto: Fotolia/bbbar
Ameaça terrorista
Durante suas ofensivas armadas, o "Estado Islâmico" saqueou centenas de milhões de dólares em dinheiro e ocupou diversos campos petrolíferos no Iraque e na Síria. Seus militantes também se apossaram do armamento militar de fabricação americana das forças governamentais iraquianas, obtendo, assim, poder de fogo adicional.