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Caminhos da Reforma

(as)4 de novembro de 2006

Eisenach é famosa por abrigar o castelo de Wartburg, onde o reformador traduziu o Novo Testamento para o alemão. Em Wittenberg, está a igreja em cuja porta teriam sido pregadas as famosas 95 teses.

O castelo de Wartburg, onde, em 1521, Lutero começou a tradução da Bíblia para o alemãoFoto: AP

Eisenach foi uma das cidades mais importantes na vida de Lutero. O primeiro contato do reformador com a cidade foi por intermédio da escola local, que ele freqüentou de 1498 a 1501. Lutero era famoso entre os alunos e professores por ser um estudante dedicado e talentoso, reconhecido também por seu talento musical.

A casa na qual ele morou durante os seus primeiros anos em Eisenach é mais uma das "Lutherhaus" da Turíngia. Ela está preservada e é possível visitar a exposição de objetos relacionados ao seu mais ilustre morador. Eisenach também não poderia deixar de ter um monumento em homenagem a Lutero, erigido na Karlplatz e no qual o teólogo aparece com a Bíblia nas mãos.

Castelo de Wartburg

Vista do pátio do castelo de WartburgFoto: dpa

Mas o ponto de visitação mais importante de Eisenach – e motivo pelo qual a cidade é conhecida – é o castelo de Wartburg. Usando o pseudônimo de Junker Jörg e com o cabelo e a barba crescidos, Lutero se refugiou no castelo na noite de 4 de maio de 1521 e por lá permaneceu cerca de dez meses.

Excomungado pelo papa e declarado herege pelo imperador Carlos 5º, Lutero foi protegido pelo príncipe eleitor da Saxônia Frederico, o Sábio, que o enviou ao castelo.

Mas o castelo de Wartburg não é famoso apenas por ter abrigado Lutero. Mais do que isso, foi lá que o reformador iniciou a tradução da Bíblia para o alemão – a lenda sustenta que Lutero verteu o Novo Testamento a partir do grego em apenas 11 semanas.

Conhecer o quarto no qual Lutero trabalhou durante a tradução que mudou o curso da história ocidental é o ponto alto da visita ao castelo. Bem preservado, o quarto oferece ao visitante a instantânea sensação de estar num local onde a história foi – literalmente – escrita.

Em Wittenberg

Vista interna da igreja em cuja porta foram fixadas as 95 tesesFoto: AP

Lutero deixou Wartburg e retornou secretamente a Wittenberg em março de 1522. Os mais de 35 anos que o reformador passou na cidade fazem dela a mais importante na sua vida.

O então monge augustiniano se tornou professor da Universidade de Wittenberg – uma das mais antigas da Alemanha – em 1508. Quatro anos depois, ele concluiu seu doutorado. Pelo restante de sua vida, Lutero se manteve ligado à universidade, como professor.

A cidade abriga o maior museu sobre a Reforma do mundo. Ele está na casa na qual Lutero viveu por mais de 30 anos, seja como monge, seja como teólogo e marido de Catarina von Bora.

A "Lutherhaus" de Wittenberg reúne inúmeros objetos relacionados a Lutero, como uma cópia do anel de noivado de sua esposa, o hábito de monge do reformador e dezenas de pinturas de Lucas Cranach, o Velho, principal artista da Reforma e um de seus grandes propagandistas.

A dependência que desperta o maior interesse é o quarto no qual Lutero trabalhava e onde ele escreveu vários dos seus então famosos sermões.

As 95 teses

Foi em Wittenberg, durante os anos de 1510 e 1520, que Lutero extraiu de seus estudos da Bíblia a frase sobre a qual fundamentaria sua teologia (Romanos 1:17: "O justo viverá por fé").

Foi também em Wittenberg que Lutero se envolveu na controvérsia da venda de indulgências, com as quais o papa pretendia financiar a reforma da Basílica de São Pedro, em Roma. A compra de uma indulgência significava a remissão (parcial ou total) dos pecados do comprador ou da pessoa em nome das quais ela era comprada.

A revolta de Lutero com a venda de indulgências resultou nas famosas 95 teses, enviadas a Roma e, de acordo com a tradição, afixadas na porta da igreja do castelo de Wittenberg no dia 31 de outubro de 1517. Para os luteranos, a data é hoje conhecida como o Dia da Reforma.

Se a exposição das teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg é controversa, o fato é que a porta original, de madeira, foi destruída em 1760, durante a Guerra dos Sete Anos. Em seu lugar há hoje uma porta de bronze, na qual estão reproduzidas as famosas teses. A igreja é, também, o local onde Lutero está enterrado, e uma visita a esse ponto-chave na história da Reforma Protestante é obrigatória para quem for a Wittenberg.