Advogados cogitam abrir processo caso serviço de streaming siga à frente com projeto, em parceria com canal americano, de realizar série sobre a vida do traficante mexicano.
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Os advogados de Joaquín "El Chapo" Guzmán ameaçaram abrir um processo contra o serviço de streaming Netflix e a emissora de TV americana Univisión se ambas seguirem adiante com os planos de fazer uma série sobre a vida do traficante mexicano.
"O senhor Guzmán não está morto. Ele não é um personagem de domínio público. Está vivo e deve ter garantidos os direitos [sobre sua biografia]. Nós poderíamos processá-los porque eles não têm autorização para produzir uma série ou filme", afirmou o advogado Andres Granados, na quinta-feira (26/05).
O anúncio da produção da série foi feito no começo de maio. O plano é que a Netflix e a Univisión produzam juntas um drama inspirado na vida de "El Chapo", e que os episódios sejam exibidos exclusivamente no serviço de streaming em 2017.
"Ele [Guzmán] nos disse que, como o projeto já existe, poderia negociar. Dessa forma, a ideia não iria para o lixo, e nós não nos desgastaríamos com um processo judicial. Mas até agora não nos procuraram", comentou o advogado.
Guzmán, líder do cartel de drogas Sinaloa, escapou de uma prisão de segurança máxima em julho de 2015 por um túnel que saía do chuveiro de sua cela, e só voltou a ser preso em janeiro deste ano.
Sua captura foi atribuída a um encontro entre "El Chapo", a atriz mexicana Kate del Castillo e o ator americano Sean Penn. As pistas deixadas pelos artistas teriam levado a polícia ao esconderijo do traficante. A reunião clandestina, no início de outubro, foi marcada para discutir um artigo para a revista Rolling Stones.
Na semana passada, o governo mexicano aprovou a extradição de "El Chapo" para os Estados Unidos, onde ele é acusado por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro em diversas cidades, como Miami e Nova York.
Drogas com passado alemão
Muitos entorpecentes produzidos hoje em laboratórios clandestinos espalhados pelo mundo são criações de cientistas, militares e empresas da Alemanha.
Na Segunda Guerra
Nas campanhas na Polônia, em 1939, e na França, em 1940, Hitler enviou soldados drogados para o front. Na ocupação da França, teriam sido dados às tropas 35 milhões de comprimidos de Pervitin, que tinha o apelido de "chocolate de tanque" ou "pílula de Hermann Göring". A substância ativa, metanfetamina, é um estimulante do sistema nervoso central. Mas também os Aliados dopavam seus soldados.
Foto: picture-alliance/dpa-Bildarchiv
Alerta, destemido e sem fome
A droga foi produzida por um japonês, inicialmente em forma líquida. Químicos da fábrica berlinense Temmler aperfeiçoaram o produto e o patentearam em 1937. Um ano mais tarde o medicamento era lançado no mercado. Ele era usado contra cansaço, sensação de fome e sede e medo. Hoje em dia, o Pervitin é comercializado ilegalmente sob novo nome: Crystal Meth.
High Hitler?
Historiadores divergem se Adolf Hitler era dependente de Pervitin. Nas anotações de seu médico pessoal, Theodor Morell, aparece um "X" com frequência. Nunca foi esclarecido o que ele significa. Sabe-se, no entanto, que Hitler recebia medicamentos fortes, a maioria provavelmente muito aquém das atuais leis de combate às drogas.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
"Milagrosa" heroína
A criatividade dos produtores de drogas na Alemanha já havia começado muito mais cedo. "Fim à tosse graças à heroína", era o slogan da fabricante alemã Bayer no final do século 19 para o seu sucesso de vendas. Em pouco tempo, a heroína passou a ser prescrita contra epilepsia, asma, esquizofrenia e doenças cardíacas, mesmo em crianças. Como efeito colateral, a Bayer apontava prisão de ventre.
Pai da aspirina e da heroína
O químico e farmacêutico Felix Hoffmann é celebrado especialmente como o inventor da aspirina. Sua segunda grande descoberta aconteceu quase por acaso, enquanto experimentava com ácido acético. Ele resolveu combinar este ácido com morfina, obtido do suco da papoula usada para produzir ópio, criando assim a heroína. O produto só se tornaria ilegal na Alemanha em 1971.
Cocaína para oftalmologistas
Já desde 1862, a alemã Merck fabricava cocaína, usada na época pelos oftalmologistas como anestésico local. Ao pesquisar folhas de coca da América do Sul, o químico Albert Niemann havia isolado um alcaloide, que chamou de cocaína. Niemann morreu pouco depois de sua descoberta, vítima de um problema pulmonar.
Foto: Merck Corporate History
Freud e cocaína
Sigmund Freud consumia cocaína para fins científicos. Em seus "Escritos sobre a cocaína", o pai da psicanálise escreveu que ela não traz inconvenientes. Segundo ele, a substância transmite euforia, energia para viver, e motiva a trabalhar. Seu entusiasmo, no entanto, acabou com a morte de um amigo por causa da droga. Naquele tempo, a cocaína era prescrita contra dor de cabeça e dor no estômago.
Foto: Hans Casparius/Hulton Archive/Getty Images
O barato do Ecstasy
Embora o americano Alexander Shulgin seja considerado o inventor da pílula Ecstasy, a receita para sua produção estava em mãos da fabricante alemã Merck. Em 1912, foi dada entrada para a patente de uma substância oleosa sem cor chamada metilenodioximetanfetamina (MDMA ). Na época, os químicos consideraram que ela não teria valor comercial.
Foto: picture-alliance/epa/Barbara Walton
Efeitos de longo prazo
Os efeitos destas descobertas são implacáveis. As Nações Unidas calculam que em 2013 morreram 190 mil pessoas no mundo devido ao consumo de drogas ilegais. Em relação a bebidas alcoólicas, que não são proibidas, os números são mais impressionantes: a Organização Mundial da Saúde estima que em 2012 5,9% de todos os casos de morte no mundo (3,3 milhões) foram uma consequência do consumo de álcool.