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El Salvador expulsa diplomatas da Venezuela

3 de novembro de 2019

Presidente salvadorenho diz reconhecer legitimidade de Juan Guiadó e ordena que corpo diplomático nomeado por Nicolás Maduro deixe o país dentro de 48 horas. Em resposta, Caracas expulsa diplomatas de El Salvador.

Presidente de El Salvador, Nayib Bukele
"El Salvador sempre estará a favor da democracia e defende os direitos humanos", diz Nayib Bukele em notaFoto: AFP/Getty Images/N. Kamm

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ordenou a retirada de todos os diplomatas da Venezuela de seu país dentro de dois dias, argumentando que a decisão está em linha com a posição do atual governo salvadorenho, que não reconhece a legitimidade do presidente Nicolás Maduro.

"O governo de El Salvador outorga 48 horas para que todo o corpo diplomático do regime de Maduro abandone o território nacional", diz uma nota da presidência salvadorenha publicada neste domingo (03/11) na conta oficial de Bukele no Twitter.

Segundo o texto, a decisão segue ainda uma resolução aprovada por El Salvador e outros 20 países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 28 de agosto, condenando "as graves e sistemáticas violações dos direitos humanos na Venezuela".

A nota afirma que o governo de Bukele reconhece a legitimidade do autoproclamado presidente interino da Venezuela, o líder oposicionista Juan Guaidó, "até que sejam realizadas eleições livres, em concordância com a Constituição venezuelana".

"Em um futuro próximo, o governo salvadorenho espera o recebimento das credenciais da nova representação diplomática da Venezuela", conclui o comunicado, frisando que o país "sempre estará a favor da democracia e defende os direitos humanos".

Em reciprocidade, o governo da Venezuela ordenou algumas horas depois a expulsão do corpo diplomático de El Salvador de seu território.

"No âmbito da reciprocidade, a Venezuela expulsa o corpo diplomático de El Salvador em Caracas. Bukele está assumindo oficialmente o triste papel de peão da política externa dos EUA ao injetar oxigênio na estratégia falha dos EUA de intervenção e bloqueio contra o povo da Venezuela", afirmou o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, no Twitter.

Arreaza compartilhou ainda na sua conta do Twitter um comunicado no qual são declarados "'personas non gratas' os membros do corpo diplomático" de El Salvador em Caracas, a quem é dado um prazo de 48 horas para abandonar a Venezuela.

Relacionamento "distante" com Caracas

Bukele tomou posse em junho deste ano, após ser eleito presidente do país pela Grande Aliança pela Unidade Nacional, um partido que se define como conservador e de direita. Mesmo antes de assumir o cargo, ele disse que pretendia manter um relacionamento "distante" com Caracas e estreitar os laços com os Estados Unidos, que vêm exigindo a saída de Maduro do poder.

O embaixador americano em San Salvador, Ronald Johnson, foi rápido em saudar a decisão do governo salvadorenho. "Aplaudimos o governo do presidente Nayib Bukele por garantir que El Salvador esteja do lado certo da história, reconhecendo Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela", escreveu o diplomata em mensagem no Twitter.

Johnson afirmou ainda que "o povo venezuelano tem o direito de eleger um presidente e um governo que trabalhem para o bem-estar de seu povo, em vez de servir a interesses pessoais".

Desde a chegada de Bukele ao poder, as relações entre San Salvador e Washington se estreitaram, tendo os dois países assinado um acordo migratório. Na semana passada, o governo americano anunciou ainda a extensão, por mais um ano, de proteções temporárias para milhares de cidadãos salvadorenhos que vivem no país.

Por outro lado, Bukele tem sido fortemente criticado por sua posição em relação à Venezuela pelo partido de esquerda Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), que governou o país entre 2009 e 2019 e manteve uma relação próxima com Maduro, em particular sob o governo do ex-presidente Salvador Sánchez Cerén (2014-2019).

Mais de 50 países, entre eles Estados Unidos e Brasil, se afastaram de Maduro e reconheceram Guaidó, que é chefe do parlamento da Venezuela, como presidente interino do país.

EK/afp/lusa/rtr/ots

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