Eleição em Berlim é dominada pelo campo progressista
26 de setembro de 2021
Partido Social-Democrata e verdes travam eleição acirrada pela chefia do governo da capital alemã com duas mulheres candidatas. Cidade não tem uma mulher no comando desde 1948. Ultradireita encolhe na capital.
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Projeções do resultado das eleições estaduais em Berlim mostraram uma disputa acirrada entre o Partido Social-Democrata (SPD), que hoje lidera o governo da capital alemã, e os Verdes, que registaram crescimento significativo na cidade.
Segundo resultado oficial preliminar, o SPD recebeu 21,4% dos votos e os Verdes, 18,9%. Já a União Democrata Cristã (CDU), o partido de Angela Merkel apareceu com 18,1%.
Na última eleição estadual em Berlim, em 2016, o SPD recebeu 21,6% dos votos e os Verdes, 15,2%.
O atual prefeito da capital alemã é Michael Müller, do SPD, à frente de uma coalizão que inclui os Verdes e o partido A Esquerda como parceiros minoritários.
Müller não concorre a mais um mandato como prefeito, pois planeja migrar para a política nacional.
A imprensa local aponta que é certo que Franziska Giffey, uma ex-ministra do governo federal, deve liderar o próximo governo. A dúvida é com quais parceiros.
Os verdes já manifestaram que querem continuar com a atual coalizão que também inclui o SPD e o partido A Esquerda.
Mas há especulações sobre Giffey tentar fazer algum acerto com os membros da CDU e o Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão), que conquistou 7,2% dos votos, de acordo com o resultado preliminar. "Essa seria uma coalizão contra a vontade dos berlinenses", disse a verde Jarasch sobre o risco de seu partido ficar de fora do governo com a entrada de conservadores e liberais. Giffey não quis comentar neste domingo sobre suas opções.
Com o resultado, Berlim voltará a ser comandada por uma mulher após um intervalo de mais de sete décadas. A última mulher a ocupar a liderança do governo local foi a social-democrata Louise Schroeder, que foi prefeita interina por cerca de um ano e meio entre 1947 e 1948.
Esquerda, CDU e AfD perdem espaço
Já o partido A Esquerda deve perder votos se comparado ao seu desempenho de 2016, quando pontuou 15,6%. Segundo o resultado preliminar, o partido tem 14% dos votos.
A queda mais drástica, porém, deve ser experimentada pelo partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), que em 2016 recebeu 14,2% dos votos na eleição estadual em Berlim. De acordo com o resultado preliminar, a legenda recebeu 8%.
bl/jps (ots)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.