Eleição pode definir destino econômico da Grécia
24 de janeiro de 2015Nas pesquisas de opinião antes das eleições parlamentares na Grécia, a ser realizadas neste domingo (25/01), o partido esquerdista Syriza está na frente. O apoio da população é muito grande, pois muitos gregos estão cansados de tantos anos de austeridade econômica.
Theodoros Paraskevopolos, cofundador do Syriza, é hoje assessor de economia do presidente e principal candidato do partido, Alexis Tsipras. Ele diz entender a ira de seus conterrâneos: "As pessoas foram privadas de sua renda – sem perspectiva de dias melhores. Não se pode tirar um país da crise através de um rigoroso programa de austeridade econômica, isso pode ser confirmado por qualquer escola de economia!"
O economista mostrou-se confiante. Ele diz que haverá uma reestruturação radical na Grécia. "Precisamos de uma pausa. De qualquer maneira, as dívidas não podem ser pagas, simplesmente porque são altas demais."
Atualmente, a montanha de dívidas da Grécia gira em torno de 180% de seu rendimento econômico anual. Assim, Paraskevopolos exige "um programa rápido de reaquecimento da economia." De acordo com o Syriza, o salário mínimo deve ser elevado de 560 para 700 euros, um prazo maior para o pagamento de suas obrigações deve ser concedido a pequenas empresas e os bancos devem ser estatizados.
Críticas do empresariado
Mas até que ponto tais promessas são realistas? O programa de crescimento econômico do Syriza deve, sobretudo, ser financiado com o aumento de impostos. Muitos empresários gregos, no entanto, estão céticos diante dos planos dos esquerdistas.
Um deles é Constantino Diplaris, proprietário de uma gráfica fundada há quase 50 anos por seu pai que produz embalagens, por exemplo, para padarias, lanchonetes e restaurantes. Ele assumiu a chefia da empresa em 1998 e, desde então, diz já ter vivenciado muita coisa. Pouco antes da crise econômica, ele investiu em novas máquinas, mas logo o número de encomendas despencou.
Antes, explica Diplaris, os clientes encomendavam desenhos custosos e personalizados – agora eles só encomendam os produtos mais baratos. Até agora, ele não teve que demitir nenhum de seus 50 funcionários, mas um aumento de impostos é tudo o que ele não precisa no momento. "O que queremos é, principalmente, estabilidade. Depois de seis anos de recessão, as empresas chegaram ao seu limite. Houve aumentos regulares de impostos. O que precisamos é de liquidez."
Baixa produção
E é a produção no próprio país que precisa urgentemente ser reconstruída. Essa é a única forma de se conseguir um verdadeiro crescimento econômico. A empresa de Petros Petropolos é um caso típico do desenvolvimento de muitas firmas gregas. A empresa familiar já existe há mais de um século em Atenas. Sua sede se localiza nos arredores da cidade – um enorme areal de 16 mil metros quadrados.
No entanto, já há tempos nada mais é produzido nos galpões da empresas. Em vez disso, veem-se marcas estrangeiras por todos os lados, como caminhões da sueca Scania ou carros da japonesa Isuzu.
Anteriormente, ali eram montados motores, tratores e geradores elétricos – mas, gradualmente, a produção desapareceu. Os gregos não conseguiram suportar a concorrência externa. Hoje, o país importa máquinas da Europa e Ásia.
Petropolos executa apenas pequenos ajustes e oferece ainda serviço de reparo. Para a economia grega, falta a base para uma indústria própria. A criação de valor não ocorre no próprio país. Para o empresário, esse é o grande problema. "O fato de não sermos competitivos tem de mudar. Nossa competitividade é muito baixa e está caindo cada vez mais", reclama.
Coragem, apesar da crise
"É difícil ser otimista. Mas, por outro lado, estamos acostumados a nos adaptar a circunstâncias difíceis", afirmam Erietta Tosidou e Melina Pispa. Elas desenham toalhas de luxo e as vendem em sua loja online Sun of a Beach para toda a Europa e também para o Japão e os Estados Unidos.
A marca tem como proposta personificar o verão grego sem fim. Com o objetivo de apoiar os produtores locais, as duas jovens empresárias, de 35 e 28 anos, contratam costureiras em Atenas para produzir suas toalhas. Depois das eleições, elas dizem que esperam, principalmente, estabilidade para poder levar a ainda pequena empresa à frente. "Nossa geração pode mudar algo. Queremos agir em vez de continuar somente observando o que acontece."