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Biden vence, mas disputa pelo Senado continua

8 de novembro de 2020

Olhos dos EUA se voltam para eleição de duas cadeiras do estado da Geórgia no Senado. Disputa crucial para determinar qual partido vai controlar a Casa ocorre em janeiro, pouco antes da posse de Biden.

USA U.S. Capitol in Washington
Foto: Reuters/J. Roberts

Joe Biden pode ter vencido as eleições neste sábado (07/11), mas seu partido ainda tem um pleito crucial pela frente: a disputa pelo controle do Senado dos EUA, determinante para o futuro do novo governo. Por enquanto, os resultados e projeções dos últimos dias apontam 50 cadeiras para os republicanos e 48 para os democratas. Mas ainda há ainda duas disputas pela frente: os dois assentos no Senado do estado da Geórgia, que podem equilibrar a balança.

Pelas regras da Geórgia, se nenhum candidato ao Senado conseguir mais de 50% dos votos, há uma espécie de segundo turno, em eleições parciais. E foi isso que aconteceu com as duas cadeiras em disputa no estado nesta semana.

Em uma das corridas que ocorreu nesta semana, o senador republicano David Perdue e seu desafiante democrata Jon Ossoff obtiveram cada um menos de 50% dos votos.

Perdue, um republicano que está no Senado desde 2015, viu sua reputação erodir neste ano quando a imprensa revelou que ele havia despejado parte do seu portfólio de ações após ter acesso a um relatório parlamentar em fevereiro que apontava que a crise do coronavírus atingiria os EUA com força. Ainda assim, ele se saiu relativamente bem na disputa. Ossoff, por sua vez, é um jornalista investigativo que estreou na política em 2017. Na contagem final, Perdue ficou com 49,8% dos votos. Ossof, 47,8%.

A segunda disputa foi mais embolada, com três candidatos expressivos. Com 97% das urnas apuradas, o democrata Raphael Warnock obteve 32,9% dos votos. A republicana, Kelly Loeffler, 25,9%. Um segundo republicano, Doug Collins, recebeu 25,9%. Pelas regras, Warnock e Loeffler vão disputar a nova eleição parcial. Loeffler ocupa a cadeira no momento, tendo assumido após a aposentadoria do senador Johnny Isakson, por indicação do governador do estado.

O pleito para as duas cadeiras da Geórgia está marcado para 5 de janeiro, duas semanas antes da posse de Joe Biden. Na legislatura atual, os republicanos tem 53 senadores. Os democratas, 47. No pleito desta semana, os democratas já conquistaram um assento extra, acumulando 48 senadores.

Os democratas asseguraram ainda a continuidade do controle da Câmara dos Representantes, embora tenham perdido alguns assentos. Uma eventual conquista das duas cadeiras da Geórgia no Senado pode colocar os democratas em uma paridade de 50 a 50 com os republicanos. Neste caso, o voto de minerva será do presidente do Senado, o ocupante da vice-presidência do país - no caso, a democrata Kamala Harris, parceira de chapa de Joe Biden.

A eleição é vista como crucial porque o Senado tem a palavra final sobre a legislação no país, a indicação de juízes da Suprema Corte e muitos outros cargos. Durante a era Obama, os democratas controlaram o Senado durante boa parte do governo Obama, mas perderam a maioria em 2014. Em 2010, os democratas já haviam perdido o controle da Câmara. Projetos ambiciosos do governo Obama, como o Obamacare, foram aprovados antes que os republicanos tomassem controle das duas Casas.

Em 2016, Trump e os republicanos obtiveram um vitória dupla na Casa Branca e Congresso. Foi graças ao controle nas duas Casas do Congresso que Trump conseguiu aprovar projetos como o enorme corte de impostos para cidadãos e empresas no final do seu primeiro ano de governo. No entanto, em 2018, os democratas voltaram a ganhar o controle da Câmara. A hegemonia democrata nesta Casa propiciou a abertura de um processo de impeachment - barrado no Senado dominado pelos republicanos - e travou projetos de Trump.

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