Partido de Merz consegue manter nível de votos na Renânia do Norte-Vestfália, mas vê a ultradireita quase triplicar sua votação e ir ao segundo turno em cidades do Vale do Ruhr.
Cerca de 13,7 milhões de pessoas foram convocadas para votar no estado mais populoso da AlemanhaFoto: Christoph Hardt/Panama Pictures/picture alliance
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A conservadora União Democrata Cristã (CDU), do chanceler federal Friedrich Merz, foi o partido mais votado nas eleições municipais da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste da Alemanha. Neste domingo (14/09), cerca de 13,7 milhões de pessoas foram convocadas para votar no estado mais populoso do país.
De acordo com a contagem final, a CDU recebeu 33,3% (queda de 1 ponto percentual em comparação com as eleições municipais de 2020). Em segundo lugar ficou o Partido Social-Democrata (SPD), com 22,1% dos votos (queda de 2,2 pontos percentuais).
Tanto para a CDU quanto para o SPD, esse foi o pior resultado eleitoral em eleições municipais desde a criação da Renânia do Norte-Vestfália, em 1946. O desempenho de ambos, porém, foi significativamente melhor do que indicam pesquisas em âmbito nacional.
10 anos depois da crise que mudou a Alemanha
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De acordo com a contagem final, o Partido Verde teve perdas significativas, caindo para 13,5% (queda de 6,5 pontos percentuais), apesar do bom desempenho em grandes cidades, como Colônia e Düsseldorf, onde candidatos dos verdes à prefeitura vão disputar o segundo turno.
AfD quase triplica votação
A Alternativa para a Alemanha (AfD), que as autoridades de vigilância da Constituição consideram ser, em parte, de extrema direita, foi o partido que mais cresceu, atingindo 14,5% (alta de 9,4 pontos percentuais), quase triplicando seu resultado de 2020.
O partido liberal FDP, que vem alcançando resultados ruins desde a sua saída da antiga coalizão de governo do ex-chanceler Olaf Scholz, obteve apenas 3,7% (queda de 1,9 ponto percentual). A Esquerda confirmou a boa fase eleitoral e teve um ligeiro aumento, chegando a 5,6% (alta de 1,8 ponto percentual).
Em disputa estavam cerca de 20 mil assentos nas câmaras legislativas e as prefeituras de quase 400 cidades ou distritos, incluindo algumas das maiores cidades alemãs, como Colônia e Düsseldorf.
A participação eleitoral aumentou para 56,8% na comparação com as eleições de 2020, quando havia sido de 51,9%, e foi a maior em eleições municipais na Renânia do Norte-Vestfália desde 1994, quando eleições federais ocorreram simultaneamente.
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Lideranças nacionais alertam
As eleições locais não têm consequências diretas para o governo federal em Berlim, mas foram vistas como o primeiro teste de popularidade da coalizão entre conservadores e social-democratas liderada por Merz, que é natural da Renânia do Norte-Vestfália.
Lideranças da CDU, como o chanceler Friedrich Merz e o governador Henrik Wüst, festejaram o resultado, mas expressaram preocupação com crescimento da AfDFoto: Bonn.digital/IMAGO
O secretário-geral da CDU, Carsten Linnemann, expressou satisfação com os resultados do seu partido. "Somos o partido número um em nível municipal", disse à televisão alemã. Em relação ao forte desempenho da AfD, ele enfatizou que a CDU continua tendo mais do que o dobro de votos, mas ressalvou que o governo deve agir para resolver os problemas da população. "O Estado deve cumprir a expectativa de oferecer segurança", declarou.
O governador da Renânia do Norte-Vestfália e presidente estadual da CDU, Hendrik Wüst, adotou a mesma linha. Ele também festejou a vitória de seu partido, mas, de olho na votação da AfD, observou que "esse resultado deve nos fazer pensar e não nos permite dormir tranquilos".
A copresidente do SPD Bärbel Bas expressou decepção. "É verdade que não conseguimos travar a tendência de queda", admitiu em entrevista à emissora WDR. Ela disse que o resultado não a deixa satisfeita, mas ponderou que também não foi o desastre que alguns haviam prognosticado. "É claro que devemos nos perguntar como vamos sair dessa crise", disse Bas, que cresceu na região do Ruhr.
AfD no segundo turno
Para fora dos limites do estado, o que chamou a atenção foi a ida de candidatos a prefeito da AfD para o segundo turno em cidades importantes do Vale do Ruhr, um bastião dos social-democratas. Em Gelsenkirchen e Duisburg, duas cidades onde os social-democratas estão no poder, candidatos da AfD disputarão a eleição com candidatos do SPD.
Em Gelsenkirchen, Norbert Emmerich, da AfD, obteve 29,8% dos votos para prefeito no primeiro turno e disputará o segundo turno com Andrea Henze, que somou 37%. A cidade no coração da região do Ruhr é um tradicional reduto do SPD e sofre com a infraestrutura precária e o alto desemprego.
Em Hagen, outra cidade do Vale do Ruhr, a AfD também está no segundo turno da eleição para prefeito, mas contra um candidato da CDU. Lideranças nacionais da CDU e do SPD já indicaram que vão apoiar candidatos do outro partido onde houver disputa com a AfD no próximo dia 28 de setembro.
O mês de setembro em imagens
Veja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Sergio Lima/AFP
Comissão da ONU acusa Israel de genocídio em Gaza
Uma comissão independente de inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU acusou Israel de estar cometendo genocídio na Faixa de Gaza, atingindo quatro dos cinco critérios da Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. O Ministério do Exterior de Israel afirmou que "rejeita categoricamente esse relatório distorcido e falso". (16/09)
Foto: Ali Jadallah/Anadolu/picture alliance
Netanyahu admite isolamento de Israel em meio à guerra em Gaza
Em um raro reconhecimento do isolamento decorrente das críticas internacionais a Israel devido à guerra em Gaza, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, culpou as minorias na Europa que promovem "ideologia antissemita e islâmica extremista" e defendeu ataques de seu país além de suas fronteiras, como o realizado no Catar, para "proteger seus cidadãos". (15/09)
Foto: Nathan Howard/AFP/Getty Images
Ato pró-palestinos interrompe Volta da Espanha em Madri
Protestos pró-palestinos interromperam a etapa final da Volta da Espanha, em Madri, uma das três maiores competições anuais do ciclismo mundial. Os ativistas protestavam contra a participação de uma equipe israelense na prova. O grupo derrubou barreiras de metal e ocupou diversos pontos do trajeto da corrida. Duas pessoas foram presas e 22 policiais ficaram feridos. (14/09)
Foto: Manu Fernandez/AP Photo/picture alliance
Ultradireita britânica reúne 110 mil em manifestação anti-imigração
Milhares de pessoas tomaram as ruas de Londres em uma das maiores manifestações da ultradireita britânica dos últimos anos. Os participantes carregavam bandeiras da Inglaterra, do Reino Unido e cartazes com mensagens anti-imigração. Nove pessoas foram presas após confrontos com policiais. (13/09)
Foto: Alex Day/Avalon/Photoshot/picture alliance
Suspeito de matar Charlie Kirk é preso nos EUA
Autoridades americanas capturaram o suspeito de assinar o ativista de ultradireita Charlie Kirk. Em uma coletiva de imprensa, o governador de Utah, Spencer Cox, indicou que o assassinato teve motivação política. Cox também disse que os investigadores encontraram um fuzil envolto em uma toalha e que a arma tinha uma mira telescópica acoplada. (12/09)
Foto: FBI/ZUMA/picture alliance
Bolsonaro é condenado a 27 anos de prisão por cinco crimes
Primeira Turma do STF condenou de forma inédita um ex-presidente brasileiro pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Bolsonaro foi tomado como líder da organização criminosa. Outros sete réus do "núcleo crucial" também receberam penas de reclusão. (11/09)
Foto: Sergio Lima/AFP
Influenciador aliado de Trump morre baleado nos EUA
O ativista e influenciador de ultradireita Charlie Kirk, 31 anos, importante aliado do presidente Donald Trump, foi baleado em uma universidade dos EUA. Kirk foi levado a um hospital, mas sua morte foi anunciada pouco depois por Trump. Ele respondia a perguntas em um evento ao ar livre, em Utah, quando o ataque aconteceu. (10/09)
STF tem 2 votos para condenar Bolsonaro e mais 7 réus por golpe
Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Assim, o julgamento na Primeira Turma do STF tem placar de 2 a 0 pela condenação, faltando três votos. (09/09)
Foto: Eraldo Peres/AP Photo/picture alliance
Em crise política, França perde mais um primeiro-ministro
Quarto premiê francês em dois anos, centrista François Bayrou perdeu moção de confiança na Assembleia Nacional da França e deixa o governo após menos de 10 meses. País vive crise fiscal e enfrenta disparada da dívida pública. Políticas orçamentárias do primeiro-ministro desagradaram o parlamento e agora pressionam o mandato de Emmanual Macron. (08/09)
Foto: Bertrand Guay/AFP
Primeiro santo millenial
O Papa Leão 14 celebrou a canonização de Carlo Acutis, o primeiro santo da geração millennial, durante uma missa solene na Praça de São Pedro. O adolescente italiano nascido em Londres em 1991, conhecido por criar um site dedicado a catalogar milagres eucarísticos e apelidado de "influenciador de Deus", foi reconhecido pelos fiéis por unir tecnologia e devoção na promoção da fé católica. (07/09)
Foto: Andrew Medichini/AP Photo/dpa/picture alliance
Japão celebra maioridade do sucessor imperial
O príncipe Hisahito de Akishino, segundo na linha de sucessão ao Trono do Crisântemo, completou 19 anos neste sábado, em um dia marcado pela sua cerimônia de maioridade. Os rituais protocolares permitirão ao príncipe começar a participar da agenda oficial da família imperial do Japão e lhe abrem caminho para um futuro reinado. (06/09)
Foto: Japan Pool/Jiji Press/AFP
Novo vídeo mostra reféns israelenses
O grupo radical palestino Hamas divulgou um novo vídeo marcando os 700 dias do início da ofensiva israelense contra Gaza, no qual mostra os reféns israelenses Guy Gilboa-Dalal e Evyatar David. Na foto, manifestantes homenageiam as vítimas do Hamas e os reféns sequestrados durante os ataques a Israel em 7 de outubro de 2025. (05/09)
Foto: Israel Hadari/ZUMA/picture alliance
Macron afirma que 26 países apoiam força de garantia para a Ucrânia
Uma cúpula em Paris com o presidente francês, Emmanuel Macron, seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, e líderes europeus, alguns por videoconferência, discutiu como aliados ajudariam Kiev a se proteger de investidas russas caso haja acordo para encerrar a guerra. "No dia em que o conflito acabar, as garantias de segurança serão mobilizadas", afirmou Macron. (04/09)
Foto: Ludovic Marin/AFP
Acidente com bondinho em Lisboa deixa ao menos 15 mortos
Pelo menos 15 pessoas morreram e 18 ficaram feridas nesta quarta-feira após o Elevador da Glória, uma popular atração turística de Lisboa, descarrilar. Imagens mostram que o bondinho tombou em um local onde o trilho faz uma curva e se chocou contra um prédio. Uma investigação sobre as causas do acidente foi iniciada. (03/09)
Acadêmicos acusam Israel de cometer genocídio em Gaza
A Associação Internacional de Acadêmicos de Genocídio – a maior organização profissional de acadêmicos que estudam os extermínios em massa – afirmou que Israel está cometendo genocídio em sua ofensiva na Faixa de Gaza e acusou o país de cometer crimes contra a humanidade e de guerra. Opinião se soma a coro cada vez maior de entidades que usam o termo para descrever as ações de Israel. (01/09)
Foto: Mohammed Ali/Xinhua/picture alliance
Começa julgamento de Bolsonaro e demais acusados por trama golpista
Teve início no STF o julgamento do ex-presidente e de outros sete réus acusados de formar o núcleo central do grupo acusado de tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022. Entre os réus estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, os ex-ministros da defesa Braga Netto, da Justiça, Anderson Torres e ex-chefe do GSI, Augusto Heleno. (02/09)