Eleições na França: Macron e esquerda em disputa acirrada
12 de junho de 2022
Primeiro turno das eleições parlamentares colocou a aliança centrista liderada pelo presidente francês ligeiramente atrás da coalização de partidos de esquerda. Resultado será decidido no próximo domingo.
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A aliança centrista do presidente francês, Emmanuel Macron, e a coalizão de partidos de oposição de esquerda travaram uma disputa acirrada neste domingo (12/06), primeiro turno das eleições parlamentares do país.
A coalizão Juntos, que apoia Macron, recebeu 25,75% dos votos, somente 21.442 votos a mais que a coalizão Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes), liderada pelo esquerdista Jean-Luc Mélenchon, que recebeu 25,66%, segundo resultados oficiais.
Segundo a mídia francesa, 52,3% dos eleitores franceses não compareceram às urnas, um recorde.
As eleições parlamentares representam um grande teste para Macron, que foi reeleito em abril para mais um mandato de cinco anos, derrotando a candidata de extrema direita Marine Le Pen.
Macron corre risco de perder sua maioria no Parlamento, o que tornaria difícil implementar algumas de suas propostas de campanha, como aumentar gradualmente a idade mínima de aposentadoria de 62 para 65 anos.
Mélenchon, por sua vez, tenta convencer os eleitores a votarem pela chamada "coabitação" com a Nupes. Na política francesa, isso significa que a maioria parlamentar seria de um partido diferente do presidente, que se veria obrigado a nomear um primeiro-ministro de esquerda.
O ex-presidente de centro-direita Jacques Chirac já teve que fazer isso com os socialistas de 1997 a 2002, nomeando Lionel Jospin como seu primeiro-ministro.
O resultado final da eleição parlamentar francesa será conhecido somente no próximo domingo, quando será realizado o segundo turno do pleito.
Mélenchon: Macron foi "derrotado"
O líder da coalizão de esquerda reagiu às projeções do resultado do primeiro turno afirmando que Macron havia sido "derrotado".
"Dado este resultado e a extraordinária oportunidade que representa para nossas vidas pessoais e o futuro de nossa pátria, convido nosso povo a ir às urnas no próximo domingo para rejeitar, de uma vez por todas, os projetos desastrosos da maioria do sr. Macron", afirmou Mélenchon.
Já a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, saudou os resultados, dizendo que Juntos era "a única força política capaz de obter uma maioria na Assembleia Nacional".
Ela exortou os eleitores a não apoiarem a esquerda no próximo domingo, dizendo que a França não poderia "correr o risco de instabilidade". "Nossa primeira tarefa comum é convencer as pessoas a voltarem às urnas", disse Borne, instando aqueles que se abstiveram neste domingo a votarem no segundo turno.
Le Pen também pediu a seus apoiadores que impeçam Macron de alcançar a maioria absoluta, e disse a seus partidários para não votarem em candidatos da Juntos ou da Nupes em disputas no segundo turno entre os dois.
Como funciona a eleição legislativa
Desde 2002, quando os franceses reduziram o mandato do presidente de sete para cinco anos, as eleições legislativas são realizadas nas semanas seguintes à eleição presidencial.
As eleições legislativas ocorrem em nível nacional, mas são as autoridades locais que a organizam. Os candidatos não são escolhidos a partir de uma lista, mas sim diretamente por seus distritos eleitorais, como nas eleições americanas.
Há 577 assentos disponíveis, incluindo 11 para cidadãos franceses no exterior. O partido de Macron, junto com seus aliados da coalizão, detém atualmente uma maioria absoluta de 345 assentos.
No primeiro turno da votação, um distrito eleitoral é considerado ganho se um candidato receber a maioria absoluta dos votos dados e ao mesmo tempo o apoio de pelo menos 25% dos eleitores aptos a votar. A história mostra que isso ocorre em apenas alguns dos 577 distritos eleitorais.
A maioria das disputas deve ser definida em um segundo turno entre os dois melhores em cada área de votação, onde o único requisito é ganhar mais votos do que seu oponente.
Projeções iniciais indicam que a coalizão de Macron poderia conquistar de 255 a 310 assentos do Parlamento após o segundo turno – são necessário pelo menos 289 assentos para obter a maioria absoluta.
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Aliança de esquerda é a principal ameaça a Macron
Ao contrário das eleições presidenciais, na qual Macron só precisou se defender no segundo turno da extrema direita de Marine Le Pen, o maior desafio para o presidente agora vem da esquerda.
Isso porque Mélenchon, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais, conseguiu reunir em uma mesma coalizão diferentes partidos de esquerda.
O Partido Socialista, que chegou a ser uma das duas potências políticas tradicionais da França, mas foi dizimado nos últimos anos por Macron, agora está aliado à plataforma mais populista de Mélenchon. Os partidos verde e comunista da França também se uniram à Nupes.
Caso Macron não consiga obter a maioria, ele poderá também tentar formar uma aliança com partidos à direita. Uma nova coalizão poderia levar à saída de alguns membros de seu gabinete, apesar de uma recente remodelação após as eleições presidenciais.
Economia e reformas são temas-chave
A Nupes está tentando aproveitar a insatisfação do público com os programas de Macron para questões econômicas e domésticas.
O presidente francês chegou ao poder em 2017, propondo o que ele considera uma reforma tardia no estado de bem-estar social da França, sendo sua proposta principal aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos, alinhando-a à idade mínima de muitas economias comparáveis.
Macron argumenta que o sistema previdenciário atual é insustentável, especialmente diante do envelhecimento da população. Mas ele teve que recuar desse plano em seu primeiro mandato, devido a grandes protestos e greves. Uma promessa central de sua campanha à reeleição neste ano era implementar a mudança na idade mínima de aposentadoria. A Nupes, por sua vez, está propondo reduzir a idade da aposentadoria para 60 anos.
As pressões inflacionárias dos últimos meses também deram um novo impulso à plataforma de Mélenchon, que tem 70 anos e saiu do Partido Socialista em 2008 para formar um partido de perfil populista de esquerda.
Embora a postura de Mélenchon tenha sido suavizada por seus novos parceiros mais centristas, ele há muito tempo se opõe à participação da França na Otan e na União Europeia. A Nupes ainda faz referência às ambições do partido de Mélenchon de reverter partes das normas da União Europeia e de deixar a Otan em algum momento.
bl (AFP, dpa, Reuters)
O mês de junho em imagens
O mês de junho em imagens
Foto: Johanna Geron/REUTERS
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Os dias da temida Securitate acabaram na Romênia, mas os serviços secretos continuam de olho nos cidadãos. E eles devem poder contar com o apoio deles no futuro. Isso está previsto em uma controversa reforma das leis de segurança do país, contra a qual estão ocorrendo protestos. Os opositores da reforma certamente chamaram a atenção com esta intervenção. (23/06)
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Foto: Ishara S. Kodikara/AFP/Getty Images
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Foto: Miguel Oses/AP Photo/picture alliance
Boxeadores mexicanos no Guinness
Quinze boxeadores mexicanos deram a maior aula de boxe do mundo para 14.299 participantes na Praça Zócalo, na capital do país, e entraram para o Guinness – o livro dos recordes. Eles quebraram o recorde de maior aula de boxe do mundo que havia sido batido pela Rússia em 2019, num evento na Praça Vermelha que teve 3.250 participantes. (19/06)
Foto: Quetzalli Nicte-Ha/REUTERS
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Foto: Abdul Goni/REUTERS
Um pouco de refresco
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Foto: Michel Euler/AP Photo/picture alliance
Scholz, Macron e Draghi fazem visita inédita à Ucrânia
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Foto: Filippo Attili/ANSA/picture alliance
PF encontra "remanescentes humanos" em local de buscas no AM
A Polícia Federal encontrou "remanescentes humanos" na região amazônica onde desapareceram o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira. O material será submetido à perícia em Brasília. Os "remanescentes humanos" foram encontrados no local indicado por um dos suspeitos presos pelos desaparecimentos. O pescador Amarildo da Costa Oliveira confessou o crime.
Foto: Bruno Kelly/REUTERS
Café nas alturas
Após quase três anos de obras, uma ponte de vidro de 240 metros de extensão sobre o cânion Dashbashi foi inaugurada na cidade de Tsalka, no sul da Geórgia. Com um investimento de 120 milhões de euros e uma cafeteria instalada em uma estrutura em forma de diamante a 200 metros de altitude, o local espera atrair milhares de turistas. (14/06)
Foto: Irakli Gedenidze/REUTERS
"Suécia está mais segura", diz chefe da Otan
Ao visitar a residência de verão da primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que os países aliados, especialmente os Estados Unidos e o Reino Unido, forneceram garantias de proteção à Suécia até o país se tornar um membro efetivo da Otan. Ambos aproveitaram a ocasião para um passeio de barco. (13/06)
Foto: Henrik Montgomery/TT/AFP via Getty Images
Ato no Rio cobra resposta a desaparecimentos na Amazônia
Dezenas de pessoas reuniram-se em um protesto na Praia de Copacabana para cobrar respostas ao desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Uma das pessoas mais emocionadas era Maria Lúcia Sampaio, de 78 anos, sogra de Phillips. Visivelmente abatida, ela disse não ter mais esperanças de que seu genro e Pereira sejam encontrados com vida. (12/06)
Foto: João Pedro Soares/DW
Von der Leyen reúne-se com Zelenski em Kiev
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reuniu-se com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em Kiev, e disse que dará um sinal claro na próxima semana sobre o pedido do país para ser aceito como candidato a integrar o bloco. Zelenski tem feito pressão pela rápida admissão da Ucrânia à União Europeia, mas o processo de adesão pode levar anos ou décadas. (11/06)
Foto: Natacha Pisarenko/AP Photo/picture alliance
Inflação nos EUA atinge maior patamar em 40 anos
A taxa de inflação nos Estados Unidos aumentou em 8,6% no mês de maio, atingindo o maior patamar em quatro décadas no país. A alta foi impulsionada pelos preços do setor de energia e alimentação. Os novos números aprofundam a crise no governo do presidente americano, Joe Biden, enquanto a população sofre para cobrir os gastos essenciais, com alimentos, moradia e combustíveis. (10/06)
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Bolsonaro e Biden se encontram pela primeira vez
Líderes do Brasil e dos Estados Unidos adotam tom amigável no primeiro encontro entre ambos, na Cúpula das Américas. Biden disse que o Brasil é uma "democracia vibrante", com "instituições eleitorais sólidas". O brasileiro ressaltou a importância da parceria entre os dois países e assegurou que sempre vai optar pelas vias democráticas, mesmo se for derrotado nas próximas eleições. (09/06)
Foto: Evan Vucci/AP Photo/picture alliance
Primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil
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Foto: Brian W.J. Mahy/CDC/REUTERS
Merkel concede primeira entrevista após deixar o governo
A ex-chanceler federal alemã Angela Merkel lançou fortes críticas ao presidente russo, Vladimir Putin, e o acusou de desprezar as leis internacionais, no âmbito da invasão russa à Ucrânia. Ela disse que o líder do Kremlin rejeita o modelo ocidental de democracia e tem a intenção de dividir a Europa. A ex-chefe de governo declarou “confiança total” em seu sucessor, Olaf Scholz. (07/06)
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A secretária de Estado da Cultura da Alemanha, Claudia Roth, visitou a cidade portuária de Odessa, na Ucrânia. Ela viajou a convite de seu colega de pasta ucraniano, Olexander Tkatchenko. "Queremos mostrar que estamos lá. Queremos mostrar que a cultura está sendo atacada", disse Roth antes de embarcar. (06/06)
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Três astronautas para a estação espacial chinesa
Pequim se dedica com afinco a completar sua estação espacial em órbita permanente Tiangong. Astronautas Cai Xuzhe e Liu Yang ladeiam o comandante Chen Dong, antes da partida da missão Shenzhou-14 do Centro de Lançamentos de Satélites Jiuquan, no deserto de Gobi, noroeste da China. Sete horas mais tarde, a tripulação já chegava ao módulo nuclear da estação, onde vai morar e trabalhar. (05/06)
Foto: Li Gang/Xinhua via AP/picture alliance
Invasão gótica em Leipzig
Quem está em Leipzig durante os feriados de Pentecostes não tem como ignorar o festival Wave Gotik Treffen (WGT). Depois de dois anos de pausa forçada, os participantes da "cena negra" desfilam pela cidade no Leste alemão em opulentos trajes vitorianos e fantasias bem mais macabras. Do programa constam desde piqueniques no Parque Clara Zetkin a concertos e passeios pelo cemitério. (04/06)
Foto: Jens Schluete/Getty Images
Acidente de trem mata ao menos quatro na Alemanha
Pelo menos quatro pessoas morreram e 30 ficaram feridas quando um trem regional de passageiros descarrilou no estado da Baviera, no sul da Alemanha. O veículo partiu de Garmisch-Partenkirchen, localidade turística de montanha famosa internacionalmente, e seguia em direção a Munique, capital da Baviera. Vários vagões viraram e alguns chegaram a cair do leito dos trilhos. (03/06)
Foto: Sven Hoppe/dpa/picture alliance
Elizabeth 2ª celebra 70 anos de reinado
A rainha Elizabeth 2ª, de 96 anos, apareceu na varanda do Palácio de Buckingham, em Londres, no primeiro dia das celebrações dos seus 70 anos de reinado, sendo longamente aplaudida por dezenas de milhares de pessoas. Ela assistiu a um espetáculo da Royal Air Force, com a participação de mais de 70 aeronaves, acompanhada por membros da família real. (02/06)
Foto: Daniel Leal/AFP
Bilhete único mensal de 9 euros entra em vigor na Alemanha
Entrou em vigor na Alemanha o bilhete único mensal que permite o uso do transporte público em todo o país por apenas 9 euros (R$ 47) mensais. O plano faz parte de um pacote de medidas de alívio financeiro devido ao aumento dos preços de energia causado pela invasão da Ucrânia pela Rússia. O desconto é válido para os meses de junho, julho e agosto. (01/06)