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Grécia e França colocam zona do euro em xeque

10 de maio de 2012

Os eurocéticos se recusam a pagar a dívida grega. François Hollande contraria a Alemanha e quer eurobonds e mais dívidas. Mudanças em Atenas e Paris podem representar séria ameaça à estabilidade da zona do euro.

Foto: dapd

Na Grécia, os eleitores deram vazão à sua frustração com as duras medidas de contenção e a recessão. Os dois grandes partidos populares conseguiram pouco mais de 30% dos votos nas eleições parlamentares. Nas últimas décadas, ambos vinham se alternando no poder, e no pleito de 2009 detiveram quase 80% dos votos.

A maioria dos novos parlamentares é contra o curso de contenção imposto pelos países credores. "A maioria é, antes, radicalmente contra pagar dívidas", comenta o especialista Hans-Peter Burghof, da Universidade de Hohenheim. "Eles partem do princípio de que as dívidas são injustas e que não é preciso honrá-las. E é com essa atitude básica – eleita e desejada pelos gregos – que eles se apresentam diante dos mercados de capital."

Hollande em confronto com Berlim

Até agora, o país assolado pelo endividamento tem sido mantido graças à ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. Mas isso pode mudar, antecipa o economista-chefe do banco Berenberg Bank, Holger Schmieding,. É possível que a Europa feche a torneira de dinheiro, se no governo da Grécia não houver mais ninguém disposto a implementar as metas de reforma, diz ele. E aí o país poderá ser excluído da zona do euro.

Burghof vai além e diz que os políticos europeus devem considerar a manifestação dos eleitores gregos e agir em conformidade com ela. Isso significa: não arcar mais com a responsabilidade pelas dívidas da Grécia, "nem de forma direta – por mecanismos de resgate ou por ideias malucas, como os eurobonds – nem de forma indireta, através do Banco Central Europeu".

Hans-Peter Burghof , Universidade de HohenheimFoto: privat

Foi o que integrantes do governo alemão, como os ministro do Exterior, Guido Westerwelle, e das Finanças, Wolfgang Schäuble, ameaçaram fazer nesta quarta-feira (09/05). Se o futuro governo da Grécia não permanecer no rumo das reformas, a ajuda será suspensa. "Está agora nas mãos da Grécia se o país permanece ou não na zona euro", avisou Westerwelle.

É justamente uma "ideia maluca" como os eurobonds, as obrigações europeias comuns, que o novo presidente da França, François Hollande, quer introduzir. Do Banco Central Europeu, ele deseja um papel ainda mais ativo no combate à crise, e quer promover o crescimento através de ainda mais dívidas.

No fundo, o novo líder francês é a favor de tudo que a Alemanha execra. Acima de tudo, como enfatizou repetidamente em sua campanha eleitoral, ele quer renegociar o pacto fiscal. E, no entanto, esse foi o único resultado palpável do trabalho de gestão da crise pelos políticos.

Mas o que agora sugere conflito com a Alemanha, não precisa necessariamente terminar em confronto. Hollande agirá de forma pragmática, opinou à DW a especialista Ansgar Belke, da Universidade de Duisburg-Essen. "Pois também ele sabe que a Alemanha é o parceiro comercial mais importante e que a França está encurralada."

Estabilidade indesejada

Nos últimos anos, a França vem perdendo cada vez mais terreno na competição com a Alemanha. Enquanto em 2011 o deficit orçamentário de Paris foi de 5,2% do PIB, o de Berlim foi de apenas 1%. A taxa de desemprego da França é quase duas vezes maior do que a alemã. Enquanto na Alemanha a exportação prospera, a parcela francesa nos índices de exportação da UE encolhe. Por isso, a segunda maior economia da zona do euro é observada de perto pelos mercados de finanças. E Hollande sabe disso.

"Os mercados de finanças o punirão, assim que ele quiser pôr em prática qualquer uma das coisas que pretende", afirma Belke. A confiança dos investidores na União Monetária Europeia está abalada, desde as eleições. As cotações das ações afundam em todo o mundo, o euro cai abaixo da marca de 1,30 dólar, fato que não deixa de alegrar muita gente na zona do euro.

Ansgar Belke, Universidade de Duisburg-EssenFoto: DW-TV

"No fundo, a maioria aqui é de gente que não está mais interessada em estabilidade", diagnostica o economista Burghof. Eles querem uma moeda flexível, "que permita governar com maior facilidade e que, acima de tudo, permita explorar melhor os parceiros mais abastados".

Por esse motivo, Burghof não crê que a Alemanha conseguirá manter por muito tempo seu bom rating de crédito. No entanto, se esse país – sua mais forte garantia de estabilidade – fraquejar, então os dias da zona do euro também estarão contados.

Autora: Zhang Danhong (av)
Revisão: Alexandre Schossler

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