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Eleitores holandeses descartam radicais e optam pela Europa

13 de setembro de 2012

Com vitória do primeiro-ministro Mark Rutte, eleitores holandeses escolhem continuar aliados do curso tomado por Berlim na rota de austeridade financeira e descartam euroceticismo de candidato radical Geert Wilders.

Foto: picture-alliance/dpa

Os partidários do primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, festejaram até as primeiras horas da manhã em Haia. Depois de horas de tensão e expectativa, o resultado estava claro: o partido liberal VVD obtivera 41 assentos, dois a mais que os social-democratas, vencendo, assim, as eleições parlamentares na Holanda. "O VVD, em sua história, nunca foi tão grande como nesta noite. Esse é um aval incrível para mim e para meu programa", comemorou Rutte, pouco após a chegar à festa de seu partido.

O candidato do VVD deixou seus seguidores esperarem um longo tempo, e levou mais de 10 minutos para conseguir atravessar a multidão de correligionários entusiasmados e chegar ao palco. Entre uma frase e outra, era interrompido por gritos eufóricos de seus apoiadores. É a primeira vez que o partido conseguiu sair como a agremiação mais forte em duas eleições consecutivas.

Com a vitória do VVD, tudo indica que a Holanda continue na rota da austeridade e aliada, em nível europeu, do curso tomado pelo governo alemão quanto à crise do euro. "Foi uma escolha clara dos eleitores pela disciplina orçamentária e pelo respeito ao limite de 3% de deficit determinado pela UE", disse o ministro do Exterior holandês e também integrante do VVD, Uriel Rosenthal.

Embora os social-democratas, segunda força no Parlamento, reivindiquem mais investimentos e uma política "mais social", além dos programas de austeridade, seu líder, Diederik Samsom, repetidamente durante a campanha se disse a favor da UE e da ajuda aos países em crise do bloco. Por isso a chanceler federal alemã, Angela Merkel, não tem motivo algum para temer alguma oposição por parte da Holanda.

Partidários de Mark Rutte ficaram eufóricos após a confirmação da vitória do premiê holandêsFoto: dapd

Fiasco de Geert Wilders

Um fiasco, entretanto, foi o resultado do populista de direita Geert Wilders. Seu Partido da Liberdade perdeu nove assentos em relação a 2010. Os apelos de Wilders pela saída do país da União Europeia aparentemente não agradaram aos eleitores. Todos os partidos democráticos comemoraram a queda do Partido da Liberdade. A agremiação provocou as eleições antecipadas, após rejeitar apoio ao governo minoritário do VVD para aprovar os pacotes de resgate para a Grécia. "Os eleitores mostraram que fugir não é o caminho certo a ser tomado", criticou Rosenthal.

Geert Wilders admitiu sua derrota, mas exortou seus seguidores a manterem o rumo partidário. "Nos próximos anos, as pessoas vão perceber que o euro é um grande erro. A batalha ainda não está perdida. Eu luto para proteger as pessoas da Europa."

O segundo perdedor dessas eleições foi o socialista Emile Roemer. Há algumas semanas, ele ainda tinha esperanças de assumir o cargo de primeiro-ministro. Seu partido vinha à frente nas pesquisas de opinião, desde maio. Mas nas últimas semanas, Roemer caiu nas sondagens. Sobretudo suas fracas performances nos debates de TV prejudicaram seu partido.

Protesto contra Geert Wilders: partido de líder populista de direita perdeu nove cadeirasFoto: Reuters

"As pessoas gostam das ideias de Roemer. Mas não o veem como o próximo primeiro-ministro. Elas não o conseguem ver nas reuniões em Bruxelas ao lado de Angela Merkel e François Hollande", acredita André Krouwel, cientista político da Universidade Livre de Amsterdã. Ele vem analisando há anos as preferências do eleitorado holandês. "Roemer carece de experiência. Ele é um político local. A crise do euro é um algo grande demais para para ele", avalia.

O partido de Roemer conseguiu somente 15 lugares no Parlamento, se tornando, provavelmente, a terceira força na casa, juntamente com o partido de Wilders. "Estou orgulhoso do resultado, e esperamos poder sentar à mesa de negociação para formar uma coalizão de governo", afirmou o deputado socialista Renske Leijten.

Coalizão complicada

Na manhã desta quinta-feira, os líderes de partido se encontraram em Haia a convite do presidente do Parlamento holandês, para discutir possíveis coalizões. Os votos obtidos por liberais e social-democratas fazem com que uma coligação bipartidária seja suficiente para governar. No entanto, essa alternativa é pouco provável. Os candidatos de ambos os partidos já descartaram essa hipótese durante a campanha. Eles preferem poder contar com outros partidos menores no governo. As maiores chances estão com os liberais de esquerda do D66, que obtiveram 12 lugares, e com os democrata-cristãos, com 13 assentos.

O que está claro, entretanto, é que os dois maiores partidos têm que cooperar. Todas as outras combinações, incluindo aquelas com mais partidos, não chegam à necessária maioria de 75 assentos. Vários políticos já apelaram para que Rutte e Samsom formem rapidamente um gabinete de governo. Nas últimas eleições, em 2010, foram necessários quatro meses até que uma coalizão fosse formada.

Autora: Ruth Reichstein (md)
Revisão: Carlos Albuquerque

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