O fundador e presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, anunciou nesta terça-feira (07/08) sua intenção de fechar o capital da montadora de carros elétricos, fazendo a cotação das ações da companhia disparar quase 11% na Bolsa de Nova York.

"Estou pensando em fechar o capital da Tesla em 420 dólares [por ação]. Financiamento garantido", escreveu Musk no Twitter, sacudindo Wall Street.

Com as ações a esse preço, a montadora valeria cerca de 72 bilhões de dólares. A empresa, que entrou na bolsa em 2010, tem hoje valor de mercado de 58,07 bilhões de dólares.

Numa carta aos funcionários da Tesla publicada mais de uma hora depois do tuíte, no blog da empresa, Musk afirmou que fechar o capital seria "o melhor caminho para seguir adiante". A manobra faria com que a Tesla "operasse livre de distração e pensamento de curto prazo".

"Como empresa na bolsa, estamos sujeitos às mudanças selvagens no preço das nossas ações, que podem ser uma distração importante para todos os trabalhadores da Tesla, que são todos acionistas", afirmou Musk no documento.

Ao longo do dia, a ação da Tesla valorizou 37,57 dólares, fechando cotada a 379,56 dólares – pouco abaixo do valor máximo que já atingiu, de 389,61 dólares, em setembro do ano passado.

Analistas de mercado disseram que tirar a Tesla da bolsa livraria a companhia de algumas pressões, como a de divulgar a cada trimestre seus resultados. Recentemente, investidores mostraram preocupação com a quantidade de despesas da montadora endividada e dúvidas sobre se seria capaz de reunir financiamento suficiente para bancar seus projetos.

A companhia baseada no Vale do Silício vive um momento decisivo em seus oito anos de história como empresa de capital aberto, já que a concorrência com montadora europeias deve se intensificar com o lançamento de novos modelos elétricos da Audi e da Jaguar. Mais rivais devem chegar ao mercado no ano que vem.

Sob pressão para aumentar a produção do sedan Model 3, a Tesla anunciou planos de construir uma fábrica em Xangai, na China, e outra na Europa, mas detalhes ainda não foram revelados, e não se sabe quem financiaria os projetos.

Fechar o capital é uma forma de evitar uma análise minuciosa por parte do mercado nesse momento desafiador. Musk tem trocado farpas publicamente com reguladores, críticos, revendedores e repórteres, e alguns analistas sugerem que menos transparência seria bem-vinda para o executivo.

Musk, que detém quase 20% das ações da Tesla, afirmou em sua carta aos funcionários que não pretende ampliar sua parcela. Ele não explicou de onde viria o financiamento para seus planos de fechar o capital da companhia.

Se seus planos se concretizarem, esta seria a maior aquisição alavancada de todos os tempos, superando o recorde de 45 bilhões de dólares pagos pela concessionária de energia do Texas Energy Future Holdings, que acabou falindo em 2014.

LPF/efe/rtr/afp

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